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Conheci meu pai melhor

Da edição de agosto de 2011 dO Arauto da Ciência Cristã


Quando meu pai faleceu, um amigo, cheio de compaixão me disse palavras de consolo espiritual que fizeram grande diferença para mim, entre as inúmeras condolências que recebi. Ele reconheceu meus sentimentos de perda, mas, ao mesmo tempo, assegurou-me que a oração me levaria do sofrimento à compreensão prática e muito real, de que a bondade de Deus jamais pode ser perdida. "Você vai conhecer melhor seu pai", disse ele. "Você vai conhecê-lo espiritualmente."

Parecia difícil imaginar isso! A maneira pela qual estava acostumada a conhecê-lo era muito humana, pensei. Conhecia sua personalidade, seu senso de humor, sua generosidade e inteligência, e não poderia mais ouvir sua voz ou vê-lo franzindo as sobrancelhas.

Adotei com entusiasmo a ideia de encontrar o aspecto imperecível de meu pai

Entretanto, logo compreendi que o sentido espiritual que me fora recomendado não era falho de fundamento ou poder. Por isso, adotei com entusiasmo a ideia de encontrar o aspecto imperecível do meu pai e do nosso relacionamento.

Meu amigo havia citado estas linhas de um hino:

"Para o cristão, a oração
Alento é, vital;
Da morte, é vera salvação;
Dos céus, é santo umbral"
(Hinário da Ciência Cristã, 284).

A oração persistente era realmente necessária antes que eu conseguisse compreender que, na verdade, eu já conhecia meu pai de uma maneira mais profunda do que apenas sua inteligência ou bondade. Às vezes, a tristeza me sobrevinha inesperadamente, e me sentia oprimida pelo pensamento de que a morte era a palavra final, a mudança final, do tipo "xeque-mate", de uma existência fundamentalmente mortal.

Entretanto, não se tratava apenas de mim. Eu talvez pudesse superar a perda, pensei, mas as consequências para minha filha pareciam cruéis e injustas. Embora ainda não tivesse completado dois anos de idade, ela era muito ligada ao "vovô", e ele havia se tornado parte importante de sua vida tenra. Sua reação à ausência dele, quando chegamos à casa de meus pais para ajudar minha mãe, foi correr pela casa procurando por ele. Quando ela não o encontrou, ficou desesperada e começou a chorar, batendo de porta em porta, chamando pelo seu nome. Um amigo bem intencionado sugeriu que disséssemos a ela que o avô tinha viajado. Outro disse que deveríamos lhe dizer que ele tinha ido para o céu.

Descobri-me cada vez mais esperançosa do bem

Enquanto tentava descobrir o que dizer, lembrei-me de duas declarações em Ciência e Saúde sobre crianças, nas quais Mary Baker Eddy escreveu: "As crenças e as teorias mais obstinadas dos pais muitas vezes sufocam a boa semente nas suas mentes e nas de seus descendentes. Tal como 'as aves do céu', a superstição arrebata a boa semente antes que tenha brotado" (p. 237). Também esta: "Deve-se permitir que as crianças permaneçam como tais nos seus conhecimentos e que se tornem homens e mulheres só pelo desenvolvimento na compreensão da natureza superior do homem" (Ibidem, p. 62).

Não me sentia bem tendo de contar uma mentira para minha filha ou mesmo inventar uma história convencional apaziguadora sobre o céu como um lugar maravilhoso, mas distante. Tais estratégias poderiam secar suas lágrimas momentaneamente, mas elas atrapalhariam o que minha oração havia começado a me revelar: que a inteligência e a bondade reconfortantes de Deus constituem uma presença constante, envolvendo a todos nós.

Portanto, escolhi palavras simples e lhe disse que "falecer" significava que não seríamos mais capazes de ver o vovô na forma como estávamos acostumadas a vê-lo, mas que tudo aquilo que amávamos nele ainda estava conosco e sempre estaria. Ela pareceu compreender essas palavras e aceitá-las. Durante as semanas seguintes, contudo, pareceu-me que ela continuava profundamente abalada pela perda, de um modo que não conseguimos compreender plenamente, e portanto, não éramos capazes de ajudá-la. Seu pai e eu continuamos a orar, recorrendo a Deus para uma melhor compreensão da plenitude do Seu amor. Consequentemente, descobri-me cada vez mais esperançosa do bem, mais confiante no Amor divino para satisfazer às nossas necessidades.

Ela estava começando a perceber que aquilo que ela amava e apreciava não seria perdido

Algumas semanas depois, participamos de uma festa de Natal em um museu. O proprietário de uma livraria local estava vestido de Papai Noel. Enquanto caminhávamos pelo salão e o observávamos interagindo com as crianças, minha filha pegou minha mão e me puxou para um canto para sentar e assistir. Ela estava fascinada. Após 20 minutos, ela me puxou pela manga da blusa e disse ao meu ouvido: "É o vovô"! Sua conclusão nada tinha a ver com a roupa ou com a barba do Papai Noel, mas sim com o jeito como ele ouvia, com interesse, paciência e gentileza, exatamente como seu avô fazia com ela.

Então, ao olhar para ela, percebi em sua fisionomia uma espécie de alegria tranquila, o que, para mim, era a expressão de uma verdade compreendida e de paz adquirida. Olhei novamente para o homem vestido de Papai Noel. Ele estava conversando com uma criança sentada em seu colo, e expressava claramente muitas das qualidades que minha filha amava no avô. O que eu havia dito a ela voltou à minha mente: "Nós vamos encontrar a identidade espiritual do vovô em todos os lugares, de várias formas e maneiras. Sua gentileza, sua atenção e seu bom humor eram qualidades do próprio Deus, e nenhum de nós pode estar separado delas".

Vi que ela havia compreendido isso! Ela estava começando a perceber que aquilo que amava e apreciava não seria perdido.

A atividade de Deus é imortal, não pode ser paralisada, e não conhece fim ou interrupção

Eu também comecei a perceber isso mais claramente. Não que o sentido espiritual estivesse nos ajudando a conhecer melhor uma personalidade corpórea, que não poderíamos mais ver nem abraçar. Também não se tratava nem mesmo de que pudéssemos encontrar um substituto humano para um pai e um avô. Ao contrário, uma vez que Deus é Vida e Amor divinos, todo o bem que eu considerara pertencer a uma pessoa humana, na verdade fazia parte do Espírito infinito. Compreendi que o Espírito constantemente se expressa em nossas vidas, por meio da nossa verdadeira identidade como filhos de Deus, Suas ideias.

O Apóstolo Paulo colocou isso desta forma: "Que ligação há entre o santuário de Deus e os ídolos? Porque nós somos santuário do Deus vivente, como ele próprio disse: Habitarei e andarei entre eles; serei o seu Deus, e eles serão o meu povo" (2 Coríntios 6:16). As qualidades espirituais da Vida e do Amor são vistas e ouvidas exatamente onde estamos. Essa é a atividade de Deus, e é imortal, não pode ser paralisada, e não conhece fim ou interrupção.

A compreensão que minha filha teve naquela festa de Natal continuou a consolá-la e a guiá-la durante as mudanças e os desafios da vida adulta. Houve muitos incidentes nos anos seguintes, quando encontramos aquela mesma gentileza e solicitude que associávamos ao meu pai. Quando esteve no exterior, as pessoas que ela conheceu a entreteram durante um jantar, cantarolando músicas do exército canadense que meu pai cantava para ela como canções de ninar. Um membro da igreja que nos acolheu em uma nova cidade preencheu o papel de avô com aquela sagacidade e inteligência que nos eram tão familiares.

Tudo de bom que pensamos conhecer humanamente tem uma fonte divina

Então, houve um dia em que me senti particularmente abençoada. Meu computador, comprado de segunda mão, havia quebrado durante a preparação de uma palestra. Rapidamente pensei entristecida que: "se meu pai estivesse aqui, ele teria me ajudado a conseguir uma máquina mais adequada". Imediatamente me lembrei do que aprendera sobre a natureza espiritual do nosso relacionamento e sobre Deus como a fonte de todo o bem e de toda a bondade. Exatamente naquele momento, senti um consolo tão profundo ao pensar que meu Pai, Deus, sempre cuidou de mim e dos meus.

Poucos minutos mais tarde, o telefone tocou. Uma senhora, de quem não ouvia falar há mais de um ano, disse que queria doar um laptop que ela não estava usando e, de repente, pensou em mim! Entretanto, mais importante do que essas evidências de solicitude, tanto para minha filha como para mim, é o fato de que conquistamos uma familiaridade sólida com a compreensão da eterna presença do bem divino. Isso é algo a que nós duas recorremos, repetidas vezes, quando parece que algo de bom possa ser perdido.

A Bíblia garante: "Serei vosso Pai, e vós sereis para mim filhos e filhas, diz o Senhor Todo-Poderoso" (2 Coríntios 6:18). Tudo de bom que pensamos conhecer humanamente tem uma fonte divina. Qualidades como alegria, bondade, perseverança e serenidade andam de mãos dadas com a compreensão da nossa origem espiritual. Uma vez que somos filhos e filhas de Deus, essas qualidades são nossas para que as reconheçamos e as expressemos e Seus excelentes dons são eternos e sempre disponíveis!

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