Existe um desejo humano quase que incontrolável por conexão com outras pessoas, com nosso ambiente social imediato, bem como com a família humana mais ampla. Cada um de nós almeja, até certo ponto, sentir que pertencemos a algum lugar e a alguém. Queremos nos sentir seguros, e saber que temos uma família. Acima de tudo, queremos nos sentir acalentados e amados, aprovados e compreendidos.
Um lindo versículo da Bíblia capta a essência do que almejamos vivenciar: "Porque agora, vemos como em espelho, obscuramente; então, veremos face a face. Agora, conheço em parte; então, conhecerei como também sou conhecido" (1 Coríntios 13:12).
O Apóstolo Paulo, que escreveu isso a um grupo que incluía os primeiros cristãos, estava proclamando um dos mais predominantes desejos do coração humano, o de ir além das conexões superficiais, até um senso profundo de inclusão e de valorização. Paulo deduz que o que buscamos se encontra somente em uma percepção consciente de como Deus nos conhece e nos ama, e de como nós correspondemos naturalmente a esse amor.
Quando desejamos saber o que alguém está pensando ou sentindo, não olhamos para os seus pés, mas para o seu rosto! Quando estamos face a face com alguém, estamos nos conectando com essa pessoa da forma mais aberta e direta, sem evasivas nem dissimulação. Esse texto de Paulo alude à maneira como Deus nos vê, nos cuida, nos conhece "face a face", isto é, Ele sabe tanto exteriormente como intimamente quem somos e o que expressamos.
Ao longo dos milhares de anos registrados na Bíblia, homens e mulheres extraordinários, que viam além da superficialidade material, estimularam outros a descobrir o quão imediato e acessível é o relacionamento com o Amor divino, Deus. Eles pareciam compreender que reconhecer a si mesmos e aos outros como o Criador reconhece a Seus filhos, e obter a correta compreensão de coexistência com Deus e unicidade com toda a criação, é a única maneira de se encontrar fraternidade genuína e o amor e a segurança duradouros.
Após se tornar viúva muito jovem, Mary Baker Eddy ansiou, durante muitos anos, por companheirismo, família e comunidade, que fossem bons, estáveis e verdadeiros. Algumas de suas cartas escritas entre 1840 a 1860 ressoam a uma desolação e solidão de cortar o coração. Tal como muitos de nós, talvez ela tenha imaginado que uma mudança nas circunstâncias, uma família compreensiva ou um marido fiel lhe trariam alívio e conforto, mas foi algo muito mais permanente e substancial o que atendeu ao seu clamor interior. Sua descoberta da Ciência Cristã em 1866 abriu uma perspectiva radicalmente diferente sobre o que significa pertencer. De fato, essa descoberta lhe revelou que realmente existe uma Ciência sobre esse pertencer, a Ciência do parentesco íntimo de Deus com todos os seres.
As palavras que fluíram após a descoberta da Sra. Eddy, de modo mais proeminente em sua principal obra, Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, realinham continuamente o leitor com o desígnio todo abrangente de uma criação que é a própria expressão do Amor divino. As palavras de Eddy eliminam as distorções, a alienação e incoerências do mundo material, e conectam o leitor com a inteireza e unidade do Amor e seu cuidado sustentador; com a realidade da presença de um Deus que cuida de nós com amor incondicional como Pai-Mãe, em todas as épocas.
Ali mesmo onde os sentidos materiais percebem mortais, que se atropelam para encontrar o relacionamento certo, buscando desesperadamente uma conexão, uma inteireza espiritual já existe, a criação de Deus em bela comunhão com Ele mesmo, governada gentilmente pela lei divina universal.
Eddy escreve que a Ciência Cristã "mostra a relação científica do homem para com Deus, deslinda as ambiguidades entrelaçadas do ser, e liberta o pensamento aprisionado" (Ciência e Saúde, p. 1 14). Ali mesmo onde os sentidos materiais percebem mortais, que se atropelam para encontrar o relacionamento certo, buscando desesperadamente uma conexão, uma inteireza espiritual já existe, a criação de Deus em bela comunhão com Ele mesmo, governada gentilmente pela lei divina universal. Maior do que a necessidade de se conectar um com o outro, está o notável dom de que já estamos todos inextricavelmente ligados no Amor.
Em outra parte do livro Ciência e Saúde, Eddy explica: "A Ciência divina do homem está tecida numa só contextura consistente, sem costura nem rasgão" (p. 242). Essa contextura é o Cristo, o pleno reflexo de Deus, e é o verdadeiro tecido do nosso ser, a substância divina que une a todos nós.
Em uma entrevista ao jornal New York Herald, em 1901, Eddy comparou o sol com Deus, homens e mulheres com os raios individuais de luz, e descreveu o Cristo como todos os raios juntos (ver The First Church of Christ, Scientist, and Miscellany [A Primeira Igreja de Cristo, Cientista, e Vários Escritos], p. 344). Cada um de nós é tão individual, necessário e único como um raio individual de luz, todavia inseparável da natureza coesa de todos os raios juntos. Nossa natureza e qualidade são magnificadas e fortalecidas por meio dessa inteireza, por meio de nossa unidade com o Amor divino e seu pleno reflexo.
Por que, então, nós nem sempre vivenciamos a preciosa profundidade e segurança dessa união mental com Deus? A busca por conexão e por inclusão, a necessidade aflita de se sentir amado e valorizado, continua, nas escolas e locais de trabalho, nas redes sociais da Internet, nos "reality shows" da TV, nas igrejas, nos lares, nos consultórios de terapias. Esse cenário pode parecer desanimador, assustador, desolador e, portanto, completamente sem esperança.
Eu me senti assim, durante muitos anos. Embora tivesse muitos amigos e juntos compartilhássemos muitas risadas e experiências divertidas, no fundo do meu íntimo sempre havia uma ansiedade desesperada, um vazio. Não importava quantas pessoas me amassem ou quão bem sucedida eu fosse em meus estudos, sempre havia uma nostalgia. Era como um buraco negro que nunca se satisfazia, embora eu freneticamente tentasse preenchê-lo com muita comilança e constantes apegos pessoais.
Mas então algo radical aconteceu. Na faculdade, amigos me apresentaram a Ciência Cristã e, aos poucos, o verdadeiro culpado foi sendo exposto. Eddy revelou para mim aquilo que pode impedir qualquer um de nós de vivenciar o amor e a plena satisfação que são nosso direito divino. Ela considera Adam (Adão, em inglês), como o símbolo de tudo o que é oposto à nossa unidade com o divino, ao separar a palavra em a e dam e ao explicar que "...significa obstrução, erro, ou seja, a suposta separação entre o homem e Deus; significa o obstáculo que a serpente, o pecado, quer colocar entre o homem e seu criador" (Ciência e Saúde, p. 338).
O que sempre me toca nessa passagem, quando termino de lê-la, é que o obstáculo ou erro não tem nenhuma chance de existir! A "separação entre o homem e Deus" é apenas suposta. É simplesmente o que a serpente, ou pensamento mortal, quer nos impor, mas que não pode impor, ou não consegue impor, nem se imporá, mas que se imporia entre nós e o nosso Criador, caso pudesse.
À medida que ideias como essa, contidas nos escritos de Mary Baker Eddy, penetravam em meu pensamento, aquilo que estava me magoando no íntimo perdia força e começava a parecer menos do que a realidade a respeito de quem eu era, e mais como algo externo que eu podia optar por rejeitar. Minha visão acerca do mundo começou a mudar, de um senso sobre o amor como algo que outros podem dar ou tirar, para um senso de unificação com o próprio Amor inexaurível. Pouco a pouco, por meio de inúmeras leituras de Ciência e Saúde, oração e ao aprender a me entregar a um Deus em que eu podia confiar, percebi que o sentimento assustador de isolamento e desespero começou a desaparecer, sendo substituído pela convicção de um amor constante, de autoestima elevada e de um senso de inclusão.
Cada um de nós pode vivenciar esse mesmo amor de Deus inabalável e real, porque estamos permanentemente unificados a um Criador todo amoroso. Tudo que tente nos impedir de sentir o profundo afeto do Amor divino não pode nos controlar ou mesmo permanecer. Nosso lugar e nossa valorização estão estabelecidos na família do Amor divino, para sempre!
 
    
