Reconhecemos a expiação de Jesus como evidência do Amor divino, eficaz, que revela a unidade do homem com Deus por intermédio de Cristo Jesus, o Guia; e reconhecemos que o homem é salvo por Cristo, pela Verdade, pela Vida e pelo Amor, conforme o demonstrou o Profeta da Galileia, curando os doentes e vencendo o pecado e a morte.
Quarto artigo de fé da Ciência Cristã, Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, p. 497.
Seis “pontos importantes” da teologia da Ciência Cristã
Em Ciência e Saúde, Mary Baker Eddy resumiu a teologia da Ciência Cristã em seis “pontos importantes, ou artigos de fé” (ver p. 497). Nas edições dO Arauto estamos analisando em profundidade cada um desses artigos de fé.
Em outubro de 2011, publicamos sobre o quinto artigo de fé e em janeiro de 2012 sobre o sexto. Agora apresentamos ideias sobre o quarto artigo.
Terminaremos a série com o primeiro artigo apresentado em Ciência e Saúde: “Como adeptos da Verdade, tomamos a Palavra inspirada da Bíblia como nosso guia suficiente para a Vida eterna”.
Para a maioria das pessoas, a expiação é um conceito teológico difícil. “Por favor, explique-o para mim”, é um pedido bastante comum. “Por acaso se trata de sofrimento?” Se fosse verdadeiro, isso poderia compreensivelmente afastar as pessoas da religião ou levá-las a aprender mais sobre Deus. Mas Mary Baker Eddy, por meio de suas orações, do estudo da Bíblia e de sua convicção de que Deus é Amor, ensinou que a expiação se refere à salvação por meio da compreensão da unidade do homem com Deus.
A palavra em inglês atone provém da junção das palavras at one ou “unido em harmonia”, de acordo com o Dictionary of Word Origins (Dicionário das Origens das Palavras) de John Ayto. Tanto o significado de expiar quanto o outro para atone, ou seja, “reconciliar”, estão em desuso e são considerados obsoletos por muitos dicionários. Hoje, o conceito de reconciliação é amplamente aceito com o significado de fazer reparação por um dano causado, que não é de admirar que muitos pensem que o sacrifício e o sofrimento de Jesus ao expiar pelos pecados do mundo foram para apaziguar a Deus. Outra crença entre muitos cristãos é a de que, uma vez que Jesus morreu por nós para nos salvar, a fim de serem salvos, os cristãos devem acreditar em Jesus Cristo e aceitá-lo como um Salvador pessoal.
A Sra. Eddy definiu no quarto artigo de fé da Ciência Cristã, de maneira muito sucinta, o que a Ciência Cristã ensina sobre expiação e salvação.
RECONHECEMOS A EXPIAÇÃO DE JESUS COMO EVIDÊNCIA DO AMOR DIVINO, EFICAZ, QUE REVELA A UNIDADE DO HOMEM COM DEUS POR INTERMÉDIO DE CRISTO JESUS, O CUIA...
Jesus, por meio de sua pregação, sua terna compaixão e suas curas, ilustrou a unidade do homem com Deus. A Bíblia relata que, em certa ocasião, ele orou para que essa unidade fosse manifestada entre seus apóstolos: “...ó Pai... Eu lhes tenho transmitido a glória que me tens dado, para que sejam um, como nós o somos; eu neles, e tu em mim, a fim de que sejam aperfeiçoados na unidade” (João 17:5, 22, 23). Jesus ensinou que a unidade do homem com Deus inclui sua unidade com o Cristo, a Verdade, a realidade espiritual do ser, que revela a nós nossa verdadeira identidade como o amado filho de Deus. Portanto, temos a capacidade de reivindicar essa condição e sermos aperfeiçoados.
Deus, como Amor, está sempre comunicando Seu amor para Sua ideia, o homem. O Amor divino jamais poderia criar ou tolerar o sofrimento de qualquer espécie, nem nosso amoroso Genitor divino envia o sofrimento para a salvação da humanidade. Deus não permite o sofrimento ou ensina por meio dele. Nem Jesus ensinou a necessidade do sofrimento, como a parábola do filho pródigo claramente o demonstra. Essa parábola, que é ilustrativa do amor de Deus por Seus filhos, mostra-nos que, apesar do comportamento questionável e do viver desregrado do filho mais moço, o amor de seu pai por ele nunca diminuiu. Nem o filho teve de pagar por seus erros quando voltou para casa. Seu arrependimento e disposição de ser novamente obediente e de viver de acordo com sua verdadeira identidade como filho, reconciliaram-no com seu pai. Essa recém-encontrada unidade com seu pai significa que ele poderia recuperar imediatamente todos os privilégios de filho.
A salvação não depende apenas de se crer em um credo religioso, mas da compreensão e demonstração da nossa unidade com Deus
Nessa parábola, ouvimos também as ternas e encorajadoras palavras do pai ao filho mais velho que havia permanecido em casa: “Meu filho, tu sempre estás comigo; tudo o que é meu é teu” (Lucas 15:31). Essas palavras se aplicam a ambos os filhos e também a nós. Como esses dois filhos, nós talvez possamos nos sentir ou já tenhamos nos sentido, às vezes, separados do nosso pai celestial, mas nossa conexão com o Pai nunca foi ou poderá ser rompida. Tal como o filho pródigo, podemos retornar à casa do nosso Pai, ao reconhecimento da nossa verdadeira identidade espiritual. Ali nós encontramos o amor de Deus esperando por nós, como também crescimento espiritual, cura e regeneração.
... E RECONHECEMOS QUE O HOMEM É SALVO POR CRISTO, PELA VERDADE, PELA VIDA E PELO AMOR, CONFORME O DEMONSTROU O PROFETA DA GALILEIA, CURANDO OS DOENTES E VENCENDO O PECADO E A MORTE
Enquanto a primeira parte do quarto artigo de fé estabelece a verdade espiritual da unidade do homem com Deus, a segunda parte promete que seremos salvos. Como? Por meio do Cristo, por meio da compreensão iluminada da unidade do homem com a Verdade, a Vida e o Amor divinos, como Jesus tão plenamente o demonstrou. A Sra. Eddy explica: “Seu exemplo consumado foi para a salvação de todos nós, mas somente se fizermos as obras que ele fazia e ensinava os outros a fazer. Seu propósito, ao curar, não era só restaurar a saúde, mas demonstrar seu Princípio divino” (Ciência e Saúde, p. 51).
Portanto, a salvação não depende apenas de se crer em um credo religioso, mas da compreensão e demonstração da nossa unidade com Deus. Não é o sofrimento de Jesus que nos salva, mas o fato de que ele venceu esse sofrimento, provando para todas as pessoas, em todos os tempos, sua unidade com Deus. Quantas vezes ele indicou ou disse: “Eu e o Pai somos um” (João 10:30)? Não podemos subestimar a importância da nossa firme adesão a essa verdade para nós mesmos.
Os Cientistas Cristãos amam a Jesus por tudo o que ele fez pela humanidade, mas eles também reconhecem que têm de desempenhar sua parte na expiação. A Ciência Cristã explica como fazer isso, começando com o ensinamento de que o homem é feito à semelhança de Deus, conforme a Bíblia, em Gênesis 1, o declara, e, portanto, sempre um com Ele.
Estava determinada a passar todo o tempo em oração
Não podemos, ao mesmo tempo, ser um com o Espírito e com a matéria. Nosso pensamento só pode ser um com a Verdade (a realidade do ser), ou ser um com o erro (aquilo que nos é apresentado como realidade pelos sentidos físicos); um com a Vida, ou um com a restrição e a limitação; um com o Amor, ou um com a raiva ou a crítica. À medida que elevamos nosso pensamento e nossa ação de acordo com o Cristo, somos salvos; temos a resposta para os sofrimentos oriundos da crença de que estejamos separados de Deus, como também para a crença em um falso senso de vida.
Lembro-me da cura de um dos meus gatos, a qual me provou a necessidade de viver, de colocar em prática, minha unidade com Deus. Meu marido e eu encontramos nossa gatinha do lado de fora de casa, já bem tarde, em uma noite chuvosa e nebulosa. Ela estava deitada no chão, enlameada, com o pelo emaranhado e absolutamente imóvel, mas viva. Meu marido e eu ficamos imaginando se ela fora ferida por outro animal. Nós a trouxemos para dentro de casa cuidadosamente e a colocamos em um lugar onde não seria perturbada. Não parecia haver cortes, sangramentos nem ossos quebrados. Sentei-me com ela por algum tempo, falando-lhe gentilmente e orando por ela em voz alta, mas ela não movia nenhum músculo, nem seus olhos, que estavam abertos, olhavam para mim. Na manhã seguinte, ela ainda não tinha se movido. Parecia que ela não estava respirando bem, que não conseguia o oxigénio que precisava. Assim que as crianças saíram para a escola, sentei-me para orar especificamente por ela. Tinha muitas tarefas em minha agenda para aquele dia, mas eu estava determinada a passar todo o tempo em oração.
O que se destacou em minha leitura e orações foi a ideia de que nós todos podemos escolher o que aceitar sobre nossas experiências humanas, porém, o mais importante é que podemos escolher os pensamentos que nos vêm sempre à mente, sugerindo que sejamos menos do que sabemos que somos. Isso me lembrou do que minha mãe me dizia quando eu era adolescente e me queixava, e ficava impaciente: “Não fique impaciente”, dizia ela, “a impaciência tenta usar você”. Na proporção em que nós nos permitimos ser usados dessa maneira, sentimo-nos separados de Deus e precisamos nos reconciliar com a verdade que Jesus ensinou, a fim de vivenciar a regeneração que vem por meio da atividade do Cristo.
Vigiar meu pensamento significava recusar-me a ficar desanimada ou a debruçar-me sobre o problema
Antes dessa experiência, como uma jovem estudante de Ciência Cristã, ficava frequentemente inspirada com minhas orações mas, em seguida, deixava as ideias em casa nos livros, à medida que seguia com minhas tarefas diárias. Naquela manhã, percebi que qualquer pensamento não-cristão ou limitado, como crítica aos outros e quaisquer aborrecimentos insignificantes tinham de ser corrigidos. Compreendi, à medida que cuidava das tarefas do dia, que tudo que eu escolhesse ser, por exemplo, paciente em vez de impaciente, amorosa e solidária, em vez de crítica, eu estava escolhendo a vida para aquela querida gatinha.
Mantive essa ideia no pensamento o dia todo e me esforcei para pensar corretamente, recusando-me a pensar, agir ou reagir erroneamente. Ao fazer isso, minhas orações eram ativas e contínuas. Não precisava me sentir culpada pelo fato de que não estava sentada em casa com a Bíblia e Ciência e Saúde no colo, porque estava vivendo as verdades que aprendia e amava na Ciência Cristã.
Foi um dia muito inspirador e feliz, e estava plenamente confiante de que veria a cura naquele mesmo dia, mas não houve nenhuma mudança com a gata. Não foi difícil continuar orando naquela noite mas, desta vez, vigiar meu pensamento significava recusar-me a ficar desanimada ou a debruçar-me sobre o problema.
Na manhã seguinte, deparei-me com um cenário completamente diferente quando abri a porta. Ali estava sentada uma gatinha branca de pelos longos, com olhos brilhantes, perfeitamente bem, feliz em me ver. Ela havia comido o alimento que eu tinha deixado para ela e estava pronta para voltar à sua rotina e rondas diárias normais.
Precisamos viver a verdade que afirmamos para nós mesmos e para os outros
A Bíblia nos instrui: “Tende em vós a mesma mente que havia também em Cristo Jesus” (Filipenses 2:5, conforme a Bíblia King James). A Mente do Cristo, a consciência da Verdade, da Vida e do Amor, está sempre conosco, ativa em nosso pensamento, capacitando-nos a vencer qualquer circunstância adversa. À medida que admitimos e permitimos que essa Mente seja a nossa mente, expressamos mais naturalmente a honestidade e a integridade da Verdade, bem como a capacidade de distinguir entre a Verdade e o erro; seremos mais capazes de demonstrar, de forma contínua e atemporal, a atividade, a inteligência e a felicidade da Vida; e seremos mais altruístas ao expressar as qualidades da bondade, do perdão e da paciência no nosso relacionamento com os outros.
Nosso objetivo ao participar da expiação não é apenas o de sermos humanamente melhores (embora esse seja um resultado), uma vez que, afinal, Jesus foi mais do que apenas um homem bom. Ele sabia que era o Cristo, o filho de Deus. Ele estava ciente de sua conexão com seu Pai e de que isso era o fundamento de todo o bem que realizava. A Ciência Cristã ensina que nosso Salvador é o Cristo, sempre ativo em nosso pensamento e em nossa vida, não apenas presente na vida e no exemplo de Jesus. É importante que nós, como o filho pródigo, compreendamos e reconheçamos nossa filiação divina, como Jesus o fez, e então vivamos essa vida crística. Precisamos viver a verdade que afirmamos para nós mesmos e os outros.
É seguindo os ensinamentos e o exemplo de vida de Jesus que elaboramos nossa própria salvação, nossa própria unidade individual com Deus, isso é a reconciliação. À medida que acolhemos no pensamento a Verdade, a Vida e o Amor que Jesus demonstrava e colocamos em prática nossa unidade com Deus como Seus filhos, somos reconciliados com Ele e encontramos a cura. “A glória da vida humana está em vencer a doença, o pecado e a morte”, declarou Eddy em Não e Sim (p. 33). Certamente, essa foi a glória da vida de Jesus e ele nos legou essa glória para que, à medida que participarmos da reconciliação, sejamos “aperfeiçoados na unidade”.