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O cálice, a cruz e a coroa do Cristianismo

Da edição de julho de 2017 dO Arauto da Ciência Cristã

Tradução do original em inglês publicado na edição de fevereiro de 2017 do The Christian Science Journal.


Muitas pessoas, ao ouvir falar das obras de cura de Jesus, começavam a segui-lo. Mas, tão logo ficavam sabendo que isso significava: “tome a sua cruz e siga-me”, elas sumiam! (ver Marcos 10:17-22, por exemplo). 

Como todo seguidor dedicado de Cristo Jesus logo se dá conta, não existe tal coisa como ser cristão somente quando as coisas correm bem. O discipulado cristão, disse ele, inclui não somente tomar a nossa cruz diariamente, mas também beber do cálice que ele bebeu. Esses dois deveres podem soar descomunais, mas uma coisa eu aprendi: depois de haver sentido o Cristo, ou seja, a presença, o poder e a atividade da Verdade e do Amor divinos que animavam a Jesus e o capacitavam a curar, torna-se natural, e não apenas factível, obedecer aos seus mandamentos. Passamos a sentir um desejo genuíno de crescer espiritualmente. E esse crescimento é inspirado por Deus, fortalecido por Deus, apoiado por Deus e recompensado por Deus.

Para cada cruz há uma coroa, uma recompensa espiritual. Poucos compreenderam isso tão claramente como Mary Baker Eddy, a Descobridora da Ciência Cristã, que, durante um período de grande tribulação, escreveu: “Beijando a cruz, melhor eu vou / O mundo ver” (Hinário da Ciência Cristã, 253, tradução © CSBD). Ela não só tomou a cruz do ódio e da inveja ao seguir o exemplo de Jesus, amando e perdoando seus inimigos, como também a “beijou”! Quando eu tinha acabado de ler uma biografia de Mary Baker Eddy, e conhecendo as dificuldades extremas pelas quais ela estava passando na ocasião em que escreveu essas palavras, lembro-me de ter pensado: “Como podia ela dizer isso e realmente pensar dessa forma”? Então compreendi que foi porque ela amava as lições espirituais que aprendera devido a essas inúmeras vezes em que teve de carregar a cruz, e por reconhecer as vitórias que isso lhe havia trazido. Esse carregar a cruz a havia despertado para ver um mundo melhor e mais luminoso.

Devo admitir que, no início, o pensamento de tomar a cruz e beber do cálice de Jesus me pareceu assustador. Mas isto eu sabia: os lampejos da luz do Cristo, a Verdade (tão puros, tão seguros) que eu havia vislumbrado até esse momento, desde que começara a estudar a Ciência Cristã, e as curas que se seguiram, haviam implantado em mim um desejo do fundo do coração de fazer o que fosse necessário para ser discípula dedicada. Portanto, empenhei-me em aprender o que significa tomar a cruz (e até mesmo beijá-la) e beber do cálice de Jesus nos dias de hoje.

Primeiro, procurei tudo o que havia na Bíblia e nos escritos de Mary Baker Eddy a respeito de como seguir os mandamentos de Jesus. Não pude deixar de notar quantas vezes neles aparecia a palavra alegria. Por exemplo, ao preparar os discípulos para quando ele partisse (antes da crucificação, ressurreição e ascensão), Jesus disse: “Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor; assim como também eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai e no seu amor permaneço. Tenho-vos dito estas coisas para que a minha alegria permaneça em vós, e a vossa alegria seja completa” (João 15:10, 11, conforme a Bíblia em inglês, versão King James). E apesar das perseguições que os apóstolos sofreram ao tomar a cruz, eles estavam sempre se regozijando (ver Atos 5:40, 41). Mesmo depois de serem açoitados, a primeira coisa que fizeram foi se regozijar por terem sido “considerados dignos de sofrer afrontas” por causa do nome de Cristo Jesus.  

Eu nunca havia associado a alegria com o carregar a cruz, portanto, isso me confortou e me fortaleceu. As palavras de Jesus me lembraram da alegria que é nossa ao saber que temos domínio sobre todo o mal, como a ressurreição o demonstrou. Fica bem claro que ele não nos prometeu um mar de rosas, se o seguíssemos. Aliás, ele disse: “No mundo, passais por aflições”. Mas ele também acrescentou: “mas tende bom ânimo; eu venci o mundo” (João 16:33). Para mim, isso quer dizer: “Eu vos dei tudo o de que necessitais para fazê-lo, vós também”. Ele já havia assegurado aos seus discípulos: “Tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho dado a conhecer” (João 15:15). 

Quando paro para refletir e apreciar tudo o que Cristo Jesus me mostrou a respeito de Deus, de Sua bondade, onipresença e onipotência, totalidade, e do fato de Deus ser Uno e Único, compreendo que isso é o que também prepara e capacita cada um de nós a fazer o que Paulo diz aos romanos: “Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem” (Romanos 12:21). Não pude deixar de pensar nos apóstolos que, depois de receberem a iluminação espiritual por meio do Espírito Santo (que Jesus havia prometido que eles receberiam) no Dia de Pentecostes, nunca voltaram atrás nem perderam a alegria, apesar das muitas provações e perseguições que encontraram. Eles sempre seguiram adiante, crescendo em seu discipulado e curando muitos ao longo do caminho.

Especialmente útil para mim em minha pesquisa foi esta declaração que Mary Baker Eddy faz: “Se lançares teu barco sobre as águas da verdade, sempre agitadas, porém salutares, encontrarás tempestades. O bem que fazes será difamado. Essa é a cruz. Toma-a e carrega-a, pois graças a ela ganhas e cinges a coroa” (Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, p. 254). Isso me assegurou que tomar a cruz é viável, recompensador, e também me fez lembrar de que, ao carregar a cruz, eu devia ficar atenta à coroa (a vitória sobre o mal), que sempre vem quando assim o fazemos.

Ao ler todas essas referências, eu estava começando a compreender que tomar a cruz e beber do cálice de Jesus envolve muito, incluindo o seguinte:

  • Uma disposição e prontidão para enfrentar desafios, (até mesmo, um ardente desejo), ao invés de tentar  escapar deles ou contorná-los.
  • A coragem de permanecer no calor da batalha, sem vacilar, sem sentir-me oprimida nem mesmo aborrecida pelos desafios, mas sim enfrentando, ao permanecer calma e forte diante da supremacia e soberania de Deus, tudo o que a materialidade está reivindicando.
  • Uma dedicação diária para compreender mais claramente a irrealidade do mal e da materialidade e ver a realidade do bem e da espiritualidade. Essa é a compreensão que o Amor, o Espírito, transmite, e que nosso senso espiritual compreende.

As dificuldades de fato põem à prova nossa fé em Deus. Mas, ao tomar nossa cruz, começamos a compreender que nossa fé em Deus é em realidade a fidelidade que Ele tem para conosco (e todos os Seus filhos), refletida de volta para Ele. E nós mesmos sentimos Sua fidelidade para conosco, à medida que caminhamos passo a passo com Ele e enfrentamos os desafios, qualificando-os como uma negação da bondade e da onipotência de Deus. 

Por exemplo, vejamos a doença. Visto que Deus é a causa única (como o próprio primeiro livro na Bíblia nos assegura), e que tudo o que Ele cria é bom, se aceitamos a doença como verdadeira estamos dizendo que Deus cometeu um erro, culpando-O por algo que Ele não podia ou não queria fazer (uma negação de Sua bondade). Ou então estamos afirmando que deve haver outra causa, outro poder, outra mente (uma negação de Sua onipotência). Mas se nos aferramos à verdade espiritual de que Deus, o bem, é a causa única, compreendemos que a materialidade (a mentira de vida na matéria) é somente sugestão, não um fato; uma tentação, não uma condição; um erro, não a verdade. A Sra. Eddy escreveu, citando o Apóstolo Tiago: “‘Bem-aventurado o homem que suporta, com perseverança, [que vence] a provação; porque, depois de ter sido aprovado [considerado fiel], receberá a coroa da vida, a qual o Senhor prometeu aos que o amam’ (Tiago 1:12)” (Ciência e Saúde, p. 267).

Com certeza, Jesus teve de manter o pensamento na coroa, enquanto estava na cruz.

Sabendo que o cálice, bem como a cruz, indicam problemas e perseguições a serem vencidos, ao ponderar a exortação de Jesus aos seus discípulos: “Bebei dele todos” (Mateus 26:27), eu sempre havia pensado que o que eles teriam de beber era o sofrimento. Imaginem minha alegria quando li que: “o trago que nosso Mestre bebeu e recomendou a seus seguidores” era “a inspiração do Amor” (Ciência e Saúde, p. 35)! Não se tratava, de modo algum, de sofrimento.

Empenhei-me em aprender o que significa tomar a cruz e beber do cálice de Jesus nos dias de hoje.

Fiquei pensando em como ele foi perseguido e me dei conta de que, exatamente em meio até mesmo da tortura e da agonia, o que Jesus via, ao encher seu cálice (doloroso suplício), era a presença e o poder do Amor, Deus. Portanto, o que ele estava bebendo (assimilando) era a inspiração daquele Amor! E foi isso o que lhe trouxe a vitória. Mesmo na cruz, ele estava completamente embebido “na realidade e na realeza consciente de seu ser” (Mary Baker Eddy, Não e Sim, p. 36). Ele reconhecia que o Cristo, sua identidade espiritual como o Filho de Deus, não podia sofrer. Mantendo seu pensamento na coroa, confiando na Verdade como vitoriosa, sabendo que a vontade de Deus tem de ser exatamente tão boa como Deus é bom, ele conquistou aquela coroa. Lembrem-se de que ele havia orado: “...não se faça a minha vontade, e sim a tua” (Lucas 22:42). Sem dúvida, a crucificação não era a vontade de Deus. Mas a ressurreição (a vitória) sim, era a vontade de Deus, e foi nisso que Jesus manteve seu pensamento.

Logo depois da minha pesquisa sobre o cálice, a cruz e a coroa, que tanto havia iluminado minha compreensão, surgiu outra transferência no meu trabalho, envolvendo desafios profissionais, financeiros, físicos e emocionais. Lembro-me de dizer para mim mesma: “Estou tão bem preparada agora que vou tirar de letra essa transferência”. Não foi bem assim. Na verdade, o processo deu muito trabalho. Depois da mudança, cada membro da nossa família estava tendo dificuldades para encontrar um senso de estar no lugar certo, de propósito e de paz em nossa nova aventura.

“Que complicação”, lembro-me de ter pensado. No entanto, eu sabia que a oração deveria ser alegre e vibrante. Eu estava prestes a aprender mais uma faceta daquilo que “beber do cálice do Cristo” ou “carregar a cruz” inclui, ou seja, a luta e a alegria que ela traz. Essa lição divina começou quando me lembrei de algo que Mary Baker Eddy havia escrito (algo de que eu nunca havia gostado): “A canção da Ciência Cristã é: ‘Trabalhar — trabalhar — trabalhar — vigiar e orar’” (Message to The Mother Church for 1900 [Mensagem À Igreja Mãe para 1900], p. 2).  

No início, esse “trabalho que consiste de três partes” fez com que os desafios parecessem piores. No entanto, compreendi que aquilo de que eu necessitava era desfrutar desse trabalho sagrado, inspirado por Deus. Canção, em meu dicionário, significa: “um hino cantado com alegria ou em ação de graças”. Comecei a perceber que se esforçar é muito diferente de trabalhar duramente. Esforçar-se é simplesmente ter e manter cada pensamento do lado de Deus, isto é, regozijar-se com a eterna presença e controle amoroso de Deus, e permanecer alerta, em atividade e lucidez para ver essa presença, não importando o que os sentidos físicos estejam mostrando. Isso não significa somente algo que se vai pensando pouco a pouco, e sim algo que nos envolve todo o tempo em que estamos despertos. É algo que nos enche de alegria. À medida que eu deixava, de forma coerente e constante, que os pensamentos de Deus fossem meus pensamentos, meu trabalho se tornava alegre e cheio de expectativa. Logo depois, nós havíamos encontrado nossa função em nossa nova residência e estávamos todos felizes, satisfeitos e bem.

Ao longo dos anos, tenho visto muitos desafios (e haverá muitos mais). Mas, por estar mais disposta a enfrentar os desafios, ao invés de tentar escapar deles; por querer aprender a lição do Amor que ele traz; por aferrar-me àquilo que conheço a respeito de Deus e fazer como lemos na história de Jacó, na Bíblia, quando ele não deixou que o anjo fosse embora antes que o abençoasse; por manter meu pensamento focado na grandeza de meu Deus, em vez de na dificuldade do meu problema, continuo a crescer espiritualmente. Estou descobrindo que todas as lições de Deus continuam se expandindo. Suas bênçãos ecoam em todos os aspectos de nossa vida. Finalmente, eu também posso dizer, e realmente digo, de coração: “Beijando a cruz, melhor eu vou / O mundo ver”.

Tradução do original em inglês publicado na edição de fevereiro de 2017 do The Christian Science Journal.

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