Nossa Igreja, de âmbito global, funciona de acordo com um livro compacto e inspirador, o Manual dA Igreja Mãe. Esse é o Estatuto que inclui os regulamentos que a governam. Eu estava conversando com um amigo sobre uma reunião que ia se realizar no seu país de origem. Essa reunião era para dar destaque específico a um artigo que consta desse Estatuto, visando a trazer progresso no que se refere à prática da Ciência Cristã nesse país. Suas palavras me pegaram de surpresa, quando ele afirmou sem rodeios que a reunião seria um penoso esforço, porque décadas de corrupção endêmica significavam que seus compatriotas, inclusive os membros da igreja, achavam que toda a legislação era meramente um estratagema por meio do qual as pessoas que detêm o poder podem, com impunidade, violar as leis.
Sua admissão franca deu uma base sólida para que a reunião fosse mais proveitosa, pois nos levou a compreender que tínhamos de oferecer uma perspectiva mais autêntica sobre o que realmente é a lei, antes de lidarmos com o assunto daquele artigo específico do Estatuto da Igreja que estávamos salientando.
Mas, isso também me fez entender até que ponto muitas pessoas em várias partes do mundo enfrentam diariamente, em nome da lei, um total desrespeito às leis.
Realmente, o melhor tipo de legislação e de obediência às leis consiste em ideais profundamente desejados por todas as nações. Apesar disso, mesmo a melhor lei humana é às vezes imperfeita. E a pior lei humana pode chegar a ser cruelmente desumana.
Portanto, é reconfortante saber que as leis feitas pelo homem não são o todo da justiça. Existe uma lei mais elevada à qual podemos recorrer em oração — uma lei perfeitamente justa, que é universalmente imparcial. É a lei de Deus, que está em ação 24 horas, 7 dias por semana, em cada canto do planeta.
Mas, entender que essa lei divina é algo bom, exige que se compreenda a verdadeira natureza de Deus como o eterno Amor. Para muita gente que sempre esteve exposta a doutrinas que descrevem a Deus como um juiz austero, cuja vingança é imediata e atroz, a expressão “a lei de Deus” ou “a Lei Divina” pode por si mesma ser algo amedrontador. Como no caso dos compatriotas do meu amigo, que guardam ressentimento contra aquelas pessoas que deveriam ser seus protetores, essa figura de Deus como um ser que sempre castiga faz com que a lei divina, que deveria ser vista como totalmente positiva, pareça negativa. Quem quer viver sob uma nuvem de constante e cósmica crítica, imposta como se fosse uma interminável repreensão? Se a lei de Deus significa isso, por que deveríamos estar dispostos a aceitá-la?
Mas, não foi essa a lei divina que Jesus nos mostrou. Cristo Jesus deu provas daquilo que tem origem divina, como a Vida eterna, a Verdade inabalável e o Amor todo abrangente. Ele também demonstrou a influência da sempre presença de Deus como a lei espiritual que traz cura à mente e ao corpo e que reforma o caráter.
Portanto, longe de ser algo que infunde medo, a lei de Deus é inteiramente uma defesa benéfica contra o senso corrupto, limitado ao tempo, que diz que o homem é material, ao invés de espiritual. Esse conceito mental equivocado sobre o existir, que se apresenta com insistência ao nosso pensamento por meio daquilo que se supõe ser a origem do pensamento mortal, e que a Bíblia chama de mente carnal, sugere que existimos como uma identidade material separada de Deus, governada por leis de doença, de pecado e até de morte. Mas, essas alegações de que a lei se baseia na matéria não podem, de maneira definitiva, permanecer em oposição à lei do Amor, porque essa lei divina que liberta não é apenas uma lei, ela é a lei — a única lei que verdadeiramente existe e nos governa.
Compreender isso nos dá os meios para espiritualmente tomarmos posição para fazer frente a tudo o que se apresente como sendo o mal. Podemos afirmar a presença da lei divina, ali mesmo onde tanto o desrespeito à lei quanto uma lei corrupta pareçam estar. E sabemos também que “A lei de Deus está em três palavras: ‘Eu sou Tudo’; e essa lei perfeita está sempre presente para repreender qualquer pretensão de outra lei” (Mary Baker Eddy, Não e Sim, p, 30).
Se todas as falsas leis tombarem diante dessa lei da totalidade de Deus, que por sua própria natureza se cumpre, isso tem de incluir a queda da alegação material de que temos de nos resignar à inevitabilidade da corrupção. Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, de Mary Baker Eddy, afirma: “...aqueles que discernem a Ciência Cristã porão freio ao crime. Eles ajudarão a expulsar o erro” (p. 97).
Como? Ao ter perseverança em compreender a lei divina, e a ela obedecer, podemos perceber e cada vez mais dar provas de que não há nenhum poder nem autoridade no medo, na agressão nem na violência.
Essa compreensão ajudou um amigo meu, que estava viajando em um país onde a corrupção é notória. Ele já estava alerta à necessidade de orar devido a essa criminalização da aplicação da lei, quando presenciou um flagrante exemplo de agressão por parte da polícia, uma situação em que ele não pôde intervir. Isso o levou a orar com mais insistência para compreender a verdadeira natureza da lei que governa tudo.
A seguir, durante a viagem, ele próprio se encontrou como alvo desse tipo de agressão. Duas vezes seguidas a polícia o parou, e guardas armados apontaram metralhadoras diretamente ao seu rosto, exigindo suborno. Entretanto, como ele estava muito acostumado a se apoiar na lei de Deus, tanto para sua saúde quanto para sua segurança, meu amigo permaneceu firme, confiante na autoridade da lei divina que anula a condenação decorrente de se aplicar a lei humana de maneira errada.
As duas vezes os policiais recuaram e foram embora de mãos vazias.
Ao pôr em prática a lei universal do Amor divino, a única verdadeira riqueza que podemos acumular é ter a consciência e a vivência daquilo que significa ser o filho do Espírito divino, ou seja, de Deus.
Visto sob esse aspecto, os fugazes benefícios de enganar os outros conduzem o agressor exatamente na direção errada. Portanto, orar para manter controle sobre o crime da corrupção é não apenas orar para que as pessoas indefesas possam viver sem serem atormentadas, mas orar para que o corrupto encontre sua liberdade de expressar a natureza divina de ser bom e fazer o bem.
Em última análise, qualquer senso material corrupto, sobre o que somos e o que verdadeiramente nos governa, desaparece à medida que provamos passo a passo que a lei libertadora de Deus, do Amor, não é uma lei do bem que luta contra as vigentes leis do mal, mas na realidade é a única lei em ação para todos, em toda parte, sempre.
Tony Lobl
Publicado anteriormente como um original para a Internet em 20 de julho de 2017.
Tradução do original em inglês publicado na edição de 22 de maio de 2017 do Christian Science Sentinel.
