Há alguns anos, uma das atrações que eu vi em um parque de diversões consistia em caminhar sobre uma superfície que afundava a cada passo que você dava, na tentativa de fazer o percurso inteiro. A graça era tentar manter o equilíbrio, lutando para chegar até o final da trilha!
Às vezes, os períodos de turbulência e instabilidade se parecem um pouco a isso, mas o fato é que nesses casos geralmente não achamos nenhuma graça. Se nos sentimos sem estabilidade e inseguros sobre o futuro, e já não podemos contar com as coisas nas quais confiávamos para nossa segurança, tais períodos nunca são bons nem desejáveis. Mas eles podem realmente se transformar em bênçãos, quando nos forçam a olhar para além da confiança que depositamos na matéria, e então constatamos que jamais podemos estar separados de Deus.
A Bíblia está repleta de passagens encorajadoras que transmitem ideias profundas quanto ao relacionamento imutável que temos com nosso Pai-Mãe Deus. No livro dos Salmos, por exemplo, vemos a enorme confiança que o Salmista deposita em Deus como refúgio contra a turbulência da materialidade: “Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente nas tribulações. Portanto, não temeremos ainda que a terra se transtorne e os montes se abalem no seio dos mares; ainda que as águas tumultuem e espumejem e na sua fúria os montes se estremeçam... O Senhor dos Exércitos está conosco; o Deus de Jacó é o nosso refúgio” (46:1-3, 7).
Cristo Jesus ensinou e demonstrou para todos nós, de várias maneiras, que Deus é a fonte constante e imutável de todo o bem. Por exemplo, na parábola sobre os lírios, que não fiam nem tecem e, contudo, são vestidos, e os corvos que “não semeiam, nem ceifam”, mas são alimentados (ver Lucas, capítulo 12), Jesus mostra que podemos ter uma confiança inabalável em Deus para prover tudo o que necessitamos. Ele também tranquilizava os que o ouviam falar, assegurando-lhes: “Não temais, ó pequenino rebanho; porque vosso Pai se agradou em dar-vos o seu reino” (versículo 32).
Deus nos dá “o reino”, tudo o que é necessário para nossa felicidade e bem-estar. Seu governo harmonioso é constante, visto que Ele é o Amor infinito e imutável, o Princípio divino que sustenta a criação, que nunca muda e jamais nos abandona. Como filhos de Deus, cada um de nós é espiritual, a expressão ou a imagem de Deus. O Princípio divino nos mantém completos e seguros, por meio de Sua lei do bem imutável. Essa realidade espiritual não é discernida por meio dos sentidos físicos, por meio do raciocínio materialista. Mas ela se torna cada vez mais evidente para nós, à medida que aprendemos a confiar naquilo que o senso espiritual nos informa sobre Deus.
Há muitos anos, no meu emprego, tudo ao meu redor estava mudando e desmoronando. Devido a alterações organizacionais, fui informado de que meu cargo já não era necessário e me deixaram sem meu assistente. Ao invés de reclamar, aguardei silenciosamente a disposição que Deus dá aos acontecimentos, sabendo que esse Princípio infalível, amoroso, estava governando e cuidaria de mim exatamente da maneira certa.
Apesar das repetidas indicações de que haveria modificações iminentes, continuei a confiar em Deus e a esperar. Afinal, passou um ano inteiro e só então é que meu cargo foi eliminado. A essas alturas, minhas próprias circunstâncias eram tais que a mudança acabou sendo harmoniosa e não me prejudicou. Saí do emprego sentindo-me completamente em paz.
À medida que nos tornamos mais conscientes da harmonia constante do governo de Deus, conseguimos orar com maior eficácia nos casos de perturbações mais graves. A confiança em Deus, a Mente divina infinita, nos torna menos inclinados a simplesmente deixar as coisas nas agitadas mãos da mente mortal, essa mentalidade material na qual a assertividade voluntariosa, a raiva e a animosidade às vezes parecem repetir sempre as mesmas situações. Essas ocorrências requerem oração, discernimento espiritual e confiança em Deus, visto que Ele envolve e governa toda a Sua criação.
Referindo-se a Deus, Mary Baker Eddy declara no livro-texto da Ciência Cristã: “A verdadeira jurisdição do mundo está na Mente, que controla todo efeito e reconhece que toda a causalidade pertence à Mente divina” (Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, p. 379).
E em outro lugar ela escreve: “…enfrentemos mansamente as convulsões da mente mortal, perdoemo-las com misericórdia, meditemos sobre elas com sabedoria e esquadrinhemo-las com amor, para que suas repentinas investidas nos ajudem, não a reagir, mas a desfrutar permanentemente de uma alegria estável.” (The First Church of Christ, Scientist, and Miscellany [A Primeira Igreja de Cristo, Cientista, e Vários Escritos], p. 201).
A paz, a estabilidade e a alegria verdadeiras são encontradas quando se compreende a Deus, cujo amor e governo são imutáveis. Essa é a verdade para cada um de nós, individualmente, e para toda a humanidade.
Publicado anteriormente como um original para a Internet em 10 de julho de 2017.
Publicado originalmente no The Christian Science Monitor, em 27 de fevereiro de 2017.
