Nos dias de hoje, se ficarmos impressionados com o que vemos nos noticiários e nos sentirmos deprimidos ao pensar no panorama que se apresenta para o país, para o mundo, ou mesmo para nós, talvez seja interessante pensar no que Moisés disse a certo jovem: “Tomara todo o povo do Senhor fosse profeta, que o Senhor lhes desse o seu Espírito!” (Números 11:29).
Essa é uma boa maneira de encarar as notícias: como profeta. A Descobridora da Ciência Cristã e fundadora do jornal The Christian Science Monitor, Mary Baker Eddy, definiu profeta como: “Aquele que vê espiritualmente; desaparecimento do senso material ante os fatos conscientes da Verdade espiritual” (Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, p. 593). Quando vemos espiritualmente, podemos olhar para além de cada acontecimento calamitoso ou de cada notícia decepcionante, e enxergar a verdade sobre o que Deus está fazendo exatamente nesse momento, exatamente nesse lugar. Essa é a notícia verdadeira sobre o que está de fato acontecendo. Essa notícia é sempre boa.
O maravilhoso sobre esse tipo de abordagem é que põe a descoberto o que está errado, ao mesmo tempo que dá realce ao que está certo. Pense no profeta Ezequiel, mencionado na Bíblia. Escrevendo no século VI a. C. ele deplorava certos líderes, citados metaforicamente como “pastores de Israel”, que, dizia ele, se apascentavam a si mesmos em vez de apascentarem o povo: “A fraca não fortalecestes”, escreveu a eles numa espécie de carta aberta: “a doente não curastes, a quebrada não ligastes, a desgarrada não tornastes a trazer e a perdida não buscastes; mas dominais sobre elas com rigor e dureza”.
As pessoas que exercem influência fundamental no que se refere às notícias não são apenas aquelas que se dedicam ao jornalismo como profissão.
Mas Ezequiel não parou por aí. Ele insistiu em substituir a imagem material da má liderança com a imagem do governo justo, reto, terno e eterno de Deus: “Porque assim diz o Senhor Deus: Eis que eu mesmo procurarei as minhas ovelhas e as buscarei... eu livrarei as minhas ovelhas, para que já não sirvam de rapina...” (Ezequiel 34:4, 7, 11, 22).
Ezequiel viu que os dias de mau governo desses líderes chegariam ao fim, e que o amor de Deus por Sua criação ficaria visível. Como é reconfortante e fortalecedor conseguir pôr a descoberto aquilo que foi mal feito e ser testemunha da promessa do amor de Deus, exatamente ali onde parece estar o mal! A Sra. Eddy fez esta observação: “Pões o pecado a descoberto, não para prejudicar o homem corpóreo, mas para abençoá-lo; e o motivo correto tem sua recompensa” (Ciência e Saúde, p. 453).
Essa é uma importante função do jornalismo no mundo, tão importante que a Sra. Eddy fundou o Monitor, um jornal que estabelece um exemplo de reportagens com notícias que promovem a cura, e ajuda a abrir o pensamento daqueles que leem essas notícias, a fim de verem a evidência de que o eterno amor com que Deus nos cuida está ocorrendo neste exato momento. Na verdade, todos os periódicos da Ciência Cristã nos ajudam a lançar um olhar mais profundo, mais espiritual, sobre todos os eventos, pondo o pecado a descoberto e inspirando os leitores a ser testemunhas dos fatos espirituais do existir, ou seja, de que o amor de Deus está sempre presente e de que nosso lugar em Seu amor está eternamente assegurado.
Por conseguinte, as pessoas que exercem influência fundamental no que se refere às notícias não são apenas aquelas que se dedicam ao jornalismo como profissão. Nós mesmos, como leitores, podemos adotar uma abordagem “profética”, espiritualmente inspirada, em nossa maneira de receber as notícias e reagir a elas, inclusive em nossa vida pessoal. Tal abordagem abre o pensamento para perceber o amor de Deus, de uma maneira que traz cura. Essa forma de encarar as notícias demonstra, passo a passo, a bondade de Deus como um poder que está sempre aqui para confortar e amparar a humanidade. Se formos confrontados com a pretensão agressiva da mente carnal, segundo a qual o mal é superior a Deus, nos convém aceitar este conselho, que aparece em outro livro da Sra. Eddy: “Quando Deus exige que desmascaremos a iniquidade, a fim de extirpá-la, deveríamos desmascará-la totalmente; e o Amor divino abençoará esse esforço e também abençoará aqueles a quem ele beneficia” (Miscellaneous Writings [Escritos Diversos] 1883–1896, p. 348). Tal abordagem sobre qualquer tipo de notícia pode ser profundamente profética, ajudando a tornar mais evidente a realidade do governo de Deus aqui na terra.
Tive uma experiência que mostra bem esse ponto, quando minha filha ficou doente, com febre. Em vez de acreditar automaticamente na evidência que estava diante de mim, que me sugeria que a febre poderia ter consequências nocivas, afirmei que a identidade real da minha filha era espiritual, algo completamente diferente do quadro de febre. Afirmei que ela era a imagem perfeita de Deus, exatamente naquele momento, e que as “informações” que o panorama material me mostrava simplesmente não representavam quem ela realmente era. Além disso, eu sabia que, por meio da minha oração, fundamentada nessa realidade espiritual, ela podia ser curada.
Eu não estava tomando a atitude de quem enterra a cabeça na areia, como se estivesse ignorando a necessidade de cuidar da minha filha. Em vez disso, enquanto tratava dela, eu estava ponderando mais a fundo a realidade espiritual. Recusei-me a duvidar da verdade sobre o que somos, pois somos criação de Deus, ainda que o quadro material sugira que a doença seja uma sólida realidade. Naquela mesma tarde, minha filha ficou completamente curada e pronta para retomar suas atividades daquele dia.
Encarar as notícias, sejam quais forem, sob um prisma profético, é assumir um papel ativo no empenho de trazer o Cristo aos assuntos humanos. A Palavra de Deus se manifestou em Cristo Jesus para salvar a humanidade do pecado e de todas as pretensões da mortalidade. Embora a permanência de Jesus na terra tenha sido relativamente breve, o Cristo, sua natureza divina, sempre esteve aqui e sempre estará. Ao expressar o Cristo na maneira como vivemos e ao interagir com o mundo, talvez nos inclinemos a apoiar determinados candidatos políticos ou a ter opiniões muito fortes sobre certas questões do momento. Mas também reconheceremos que nosso verdadeiro trabalho é trazer à humanidade, não o sentimento acalorado de raiva, mas sim a luz, a luz do Cristo, amando como Deus ama e sendo testemunhas de Sua verdade espiritual. Essa verdade afirma que, mesmo diante daquilo que os sentidos materiais possam apresentar, toda a criação é espiritual, perfeita, harmoniosa, eterna.
Todos nós podemos fazer isso, agora mesmo. A injustiça perpetrada contra a humanidade, perpetrada pela falsa crença de que a desarmonia tem poder permanente, é de tal forma agressiva, que não podemos permitir que ela continue a arder em chamas latentes. A Palavra de Deus está aqui para pôr a descoberto a falsidade da mente carnal e para nos salvar a todos. E você e eu somos essenciais para manifestar a Palavra exatamente agora, em nossa vida pessoal e em nossa interação com o mundo ao nosso redor.
Publicado anteriormente como um original para a Internet em 3 de julho de 2017.
Tradução do original em inglês publicado na edição de 13 de fevereiro de 2017 do Christian Science Sentinel.
