Em um país, uma família, um negócio, ou qualquer organização, os desentendimentos sobre questões importantes às vezes podem se intensificar, e as pessoas rapidamente tomam partido por um lado ou por outro, dividindo-se em campos opostos. E, como provavelmente você já deve ter observado, as reações súbitas, com base nas emoções do momento, normalmente em nada contribuem para a resolução do problema.
Caso nos encontremos nesse tipo de situação, temos escolhas importantes a fazer. É fácil simplesmente nos queixarmos das coisas, ficarmos alienados e deixarmos tudo como está. Mas, escolher o caminho correto a tomar acerca de um problema, ou seja, o caminho para a solução, significa envidarmos com mais empenho um esforço correto. Eu me dou conta de que a melhor maneira de me empenhar em resolver um problema difícil é dedicar algum tempo a orar.
Para mim, o tipo mais proveitoso de oração não é pedir a Deus, de forma repetitiva, que escolha o lado que eu escolhi. Não, aquilo em que realmente necessitamos nos concentrar é algo muito diferente do que simplesmente forçar nossa própria agenda, por mais correta que ela pareça. Não deveríamos, ao contrário, nos esforçar para ajudar a trazer luz para o problema, ouvindo as respostas de Deus? Deus é o Amor infinito, imparcial. Ele é a Mente divina que tudo sabe, que não é influenciada por uma visão humana, pessoal, a respeito das coisas. Ele sempre mantém a harmonia e o bem-estar daquilo que Ele fez: a perfeição de Sua criação espiritual. Ao abandonar ideias preconcebidas e compreender, em espírito de oração, que a Mente divina realmente governa tudo em harmonia, veremos surgir as soluções. As respostas corretas e justas inevitavelmente se tornarão aparentes para todos os envolvidos.
A fé profunda na perfeita liderança e cuidado que Deus dispensa a todos cresce na proporção em que compreendemos Sua natureza como sendo o único poder, o único governador, a única Mente e aplicamos essa compreensão em nossa maneira de viver. A oração eficaz exige que fechemos a porta do pensamento à cacofonia das opiniões humanas, ao clamor de muitas supostas mentes como se estivessem separadas de Deus, e que compreendamos que Ele é a única inteligência divina infinitamente sábia. Recorremos à vontade da Mente e a ela humildemente nos curvamos. Por quê? Porque a Mente é a fonte de toda harmonia duradoura, expressando imparcialmente amor a todos, incluindo a você e a mim. Na oração precisamos reconhecer isso e compreender que a vontade da Mente não só está sendo feita, mas ela já está feita. Ela está feita porque é a realidade espiritual da existência, o “muito bom” que caracteriza tudo o que Deus fez (Gênesis 1:31).
Recorremos à vontade da Mente e a ela humildemente nos curvamos.
Ceder à vontade divina leva ao bem que permanece em vigor para todos, a longo prazo. Sempre que pensamos e oramos sobre questões controversas que alguma organização ou nação possa estar tentando resolver, muito nos ajuda lembrar estas palavras na Bíblia, que se referem a Deus: “...Diante de mim se dobrará todo joelho, e jurará toda língua” (Isaías 45:23). Todos devem finalmente se curvar à vontade de Deus, ao único poder e autoridade, e desfrutar da equidade e da justiça que a vontade divina inclui. Quando em nossa oração compreendemos a supremacia e o governo infalível da única Mente, nossa fé naturalmente se aprofunda com a certeza de que o poder divino será sentido e prevalecerá, e então constatamos que nossa oração é eficaz.
Ao longo dos anos, muito me tem ajudado aquilo que Mary Baker Eddy disse certa vez com relação à guerra entre a Rússia e o Japão (ver The First Church of Christ, Scientist, and Miscellany [A Primeira Igreja de Cristo, Cientista, e Vários Escritos], pp. 279-281). Ela havia publicado um aviso no Christian Science Sentinel em 1905, pedindo aos membros de sua Igreja que orassem diariamente pela paz entre aquelas nações.
Pouco tempo depois, em outro aviso, ela pediu que todos “cessassem de orar especialmente pela paz das nações ...” E acrescentou que: “cessassem em plena fé de que Deus não ouve nossas orações somente pelo muito falar, mas que Ele abençoará todos os habitantes da terra, e ninguém pode deter Sua mão nem Lhe dizer: Que fazes?”
Finalmente, em outra edição do Sentinel, ela publicou o seguinte: “De forma nenhuma nem de modo algum solicitei que minha igreja cessasse de orar pela paz das nações, mas que simplesmente fizesse uma pausa na oração especial pela paz. E por que esse pedido? Porque uma previsão espiritual sobre o drama das nações apresentou-se e despertou uma vontade mais sábia, isto é, de saber como orar além da oração diária da minha igreja,—‘Venha o Teu reino. Faça-se a Tua vontade, assim na terra como no céu’.
“Citei, como nossa necessidade atual, a fé na disposição que Deus dá aos acontecimentos.”
Pouco tempo depois, foi anunciada a paz entre a Rússia e o Japão.
A frase: “uma vontade mais sábia” certamente chamou minha atenção! Parar de orar todos os dias de forma especial em prol da paz, mas, em vez disso, ter “fé na disposição que Deus dá aos acontecimentos” significaria, para mim, dar o próximo passo de progresso. Seria uma sólida expressão de confiança no poder da oração, fundamentada na verdade espiritual imutável, a fim de resultar em progresso e cura.
Eu acredito que também nos dias de hoje, a fé profundamente enraizada na “disposição que Deus dá aos acontecimentos” é vital para a solução apropriada para as diferenças específicas entre nações, organizações e pessoas. A oração que se baseia em uma compreensão espiritual da única Mente e seu governo perfeito, e que tem convicção para afirmar essa verdade, é essencial. Mas também é vital a fé como resultado natural de tal compreensão. Precisamos estar dispostos a confiar em nossas orações. A oração frenética, repetitiva, é desprovida de fé. A confiança em Deus, uma confiança amorosa e firme, transborda de fé e leva à cura.
Um dicionário traz esta definição da palavra “disposição”: “um método particular de tratar ou de resolver questões”. Permitir que a sabedoria divina aclare a situação e resolva a questão é preferível a confiar em opiniões humanas. Às vezes, é bom compreender que existem aspectos de um problema que não reconhecemos à primeira vista.
Se eu formar uma opinião sem conhecer todos os fatos, minha opinião não é em absoluto criteriosa e não resolve o problema com sabedoria. Aliás, Mary Baker Eddy escreve em sua principal obra, Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras: “A Ciência mostra que as conflitantes opiniões e crenças mortais e materiais emitem a todo momento os efeitos do erro, mas essa atmosfera da mente mortal não pode ser destrutiva para a moral e a saúde, quando se lhe faz oposição pronta e persistente com a Ciência Cristã. A Verdade e o Amor são antídotos contra esse miasma mental, e assim fortalecem e sustentam a existência” (pp. 273–274).
Queremos algo que vai lidar com o problema e vai resolvê-lo da maneira que trará o maior bem para o mundo. Desejamos confiar somente na autoridade de Deus, que é a Verdade e o Amor. Isso significa ser humilde o suficiente para adotar incondicionalmente a vontade de Deus, em vez da nossa própria vontade. Repetidas vezes Jesus agiu dessa forma, com grande êxito. Ele disse: “Não se faça a minha vontade, e sim a tua.” (Lucas 22:42)
À medida que aprendemos a reconhecer a vontade de Deus, torna-se cada vez mais natural desejarmos que somente a vontade dEle seja feita, quando oramos a respeito de qualquer problema difícil. Observe como a inteligência de Deus realmente traz a luz necessária. É evidente que orar com fé profunda na “disposição que Deus dá aos acontecimentos” não é de modo algum tomar uma atitude passiva. Não se trata simplesmente de nos resignarmos a aceitar o que quer que seja, independentemente do que possa acontecer. Não, admitir fielmente a vontade e a autoridade de Deus em nossos pensamentos faz com que o poder divino tenha influência sobre os problemas, ajudando a resolvê-los. Isso pode resultar na cura de ódios que vinham sendo nutridos há muito tempo, e de antigos rancores. A fim de resolver os problemas difíceis, é bom nos afastarmos das reações mortais, respirar fundo, e adotar “uma vontade mais sábia”: uma fé humilde, em espírito de oração, nas respostas de Deus.
Publicado anteriormente como um original para a Internet em 17 de julho de 2017.
Tradução do original em inglês publicado na edição de 6 de fevereiro de 2017 do Christian Science Sentinel.
