Com uma população tão diversificada povoando a face da terra, o clima emocional, em época de eleições, pode ficar exaltado. À medida que se articulam as questões e as pessoas tomam posição, com opiniões definidas, os cidadãos às vezes acabam encurralados no fogo cruzado de um campo de batalha mental, sentindo-se em minoria, alienados, irritados, deprimidos, desprezados ou incompreendidos. A esperança de harmonia no mundo, de progresso para a humanidade e de um modo de vida mais esclarecido, parece estar em risco, parece depender daqueles que, assim acreditamos, têm o poder de construir ou destruir vidas, caso sejam eleitos.
No entanto, mesmo quando pensamentos confusos ou cheios de medo ameaçam tiranizar nossa esperança e boa vontade, temos a capacidade, dada por Deus, de nos desligar de tais temores e de alcançar a paz proporcionada por uma compreensão do que é o governo harmonioso de Deus e do nosso lugar nesse governo.
O mestre cristão, Cristo Jesus, nunca se desviou de seu propósito espiritual de despertar o pensamento para a soberania de Deus e o fato de que Ele é Tudo. Ele ensinou: “Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus” (Mateus 5:3), o que para mim significa: “Felizes são aqueles que têm a humildade de deixar de lado suas opiniões humanas, seus medos e suposições, e expressar o afeto puro, espiritual, que nos leva a perspectivas mais claras a respeito do homem e do universo governados por Deus, não pelo homem, harmoniosos, não divididos. desagregadores”.
Se formos verdadeiramente humildes de espírito, estaremos sempre prontos a aceitar esse modelo espiritual da criação de Deus. Começaremos a compreender que, como a reflexão de Deus, nossos pensamentos só podem refletir Seus pensamentos e expressar bondade, misericórdia e amor, manifestando desse modo sobre a terra: “o reino do Espírito, o reino dos céus — o reino e o governo da harmonia universal...” (Mary Baker Eddy, Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, p. 208).
Sob o reinado do Espírito, o homem é guiado pelo Princípio divino em vez de uma personalidade humana, que pode errar ou controlar outros tanto para o bem como para o mal. Esse Princípio divino governa com a Verdade e o Amor, beneficiando e abençoando toda a humanidade, não apenas um seleto número de pessoas. Cada ideia de Deus, sob Seu governo, expressa Sua total bondade e é abençoada por ela, como também expressa Sua natureza incorruptível e indivisível, livre dos males do partidarismo, preconceito, discriminação ou sectarismo.
Mary Baker Eddy escreve: “Lembremo-nos de que Deus—o bem—é onipotente; portanto, o mal é impotente. O bem só tem um lado—ele não tem lado mau; a realidade só tem um lado, isto é, o lado bom” (A Cura Cristã, p. 10).
A polarização é o resultado de se personalizar o bem e identificar determinados indivíduos como inimigos do bem ou como heróis do bem. No entanto, o foco na pessoalidade nunca nos aproxima do objetivo de colocar nossa fé e confiança no governo de Deus. Quando alguém tentou atribuir o bem pessoal a Cristo Jesus, chamando-o de “Bom Mestre”, ele respondeu: “Por que me chamas bom? Ninguém é bom senão um, que é Deus” (Marcos 10:17, 18). Jesus reconheceu que o bem genuíno, duradouro, e o governo humano que reflita esse bem, não emanam de pessoas boas, mas do Princípio divino que o homem reflete; caso contrário, o bem seria variável, viveria ou morreria com uma pessoa.
Não importava o tanto de adulação, hostilidade ou ódio dirigidos a Jesus, ele se curvava somente a Deus, a quem ele invariavelmente reconhecia como a única fonte de poder e como o governador de tudo e todos. Quando Pilatos tentou afirmar que ele tinha o poder de libertar Jesus ou permitir que fosse morto, ele replicou: “...Nenhuma autoridade terias sobre mim, se de cima não te fosse dada...” (João 19:11).
Sua declaração quanto à da soberania inabalável de Deus foi de tirar o fôlego, em vista do que estava em jogo. Jesus não só compreendia que somente Deus governa Sua criação de forma amorosa e eficaz, mas ele provou isso de maneira cabal, vencendo o ódio de seus oponentes e ressuscitando do túmulo, demonstrando assim que eles não tinham nenhum poder real sobre ele.
Um querido hino, cujo original foi escrito por Mary Baker Eddy, diz:
P’ra te guiar, só no Amor
Confiarás.
Com treva ou luz ao teu redor,
A paz terás.
Da tirania, ou opressão,
Brotar faz Deus
Ideia viva em ação,
Aos filhos Seus.
(Hinário da Ciência Cristã, 160)
Quaisquer que sejam os pensamentos ou temores tirânicos que alegam nos governar ou perturbar nossa paz, em época de eleições ou em qualquer momento, podemos assumir a posição mental de reconhecer a capacidade do Amor divino de despertar e elevar o pensamento acima da desarmonia do pensamento mortal até a compreensão de que Deus pode governar e realmente governa harmoniosamente Sua própria criação, que inclui cada um de nós.
Ciência e Saúde nos lembra: “Mantém-te firme na compreensão de que a Mente divina governa e de que na Ciência o homem reflete o governo de Deus” (p. 393). Como a ideia de Deus, a autoexpressão da Mente, o homem e a mulher refletem as qualidades da Mente governante, isto é, inteligência, sabedoria e amor e, por meio da compreensão dessa verdade, o governo humano se amolda ao divino.
Sob o reinado do Espírito, o homem é guiado pelo Princípio divino, não por uma personalidade humana.
À medida que habitualmente reconhecemos que somente Deus governa Seu povo, nós nos afastamos da atração e preocupação excessivas com as opiniões e as personalidades políticas. Adquirimos mais domínio sobre nossos pensamentos e sentimentos.
Uma fé autêntica e confiável no todo-poder de Deus e uma compreensão do que é o homem espiritual e perfeito de Sua criação, passam a fazer parte de nosso viver diário e nós percebemos o amor de Deus por Sua criação e o Seu governo perfeito, isto é, o reino do céu, que Cristo Jesus afirmou já estar dentro de nós. Então, mais paciência, amor fraternal e paz assumem o controle de nosso pensamento.
Isso nos deixa livres para servir ao nosso país e ao mundo, mesmo quando debatemos questões com os outros e quando votamos no dia da eleição. Dessa maneira, assumimos o nosso lugar como videntes e ativistas espirituais. Isso é bom para todos.
Publicado anteriormente como um original para a Internet em 24 de julho de 2017.
Tradução do original em inglês publicado na edição de 10 de outubro de 2016 do Christian Science Sentinel.
