Se você tivesse entrado na recém-inaugurada Sociedade Editora da Ciência Cristã em 1935, teria se deparado com uma obra de arte surpreendente: uma representação artística do mundo, feita em vitrais, com altura equivalente a três andares. Conhecida como o Mapparium, esse notável globo continua a encantar dezenas de milhares de visitantes a cada ano. De uma ponte situada bem no centro do globo, ao olhar para cima, para baixo e ao redor, você vê o mundo de dentro para fora, sob uma luz totalmente nova. Isso nos força a ter uma perspectiva inteiramente diferente a respeito de onde vivemos e, até mesmo, de quem somos.
Grandes reviravoltas políticas, sociais e econômicas reformularam o panorama do pensamento nos anos que se seguiram, desde a inauguração do Mapparium, indicando algo essencial relacionado à razão pela qual esse belo globo está localizado no coração do edifício onde se publica literatura que serve de recursos para as atividades da Ciência Cristã no mundo todo e que dá suporte a essas atividades. O progresso e o bem-estar do mundo inteiro exigem uma compreensão crescente da Ciência do existir, ou seja, da natureza de Deus, o Espírito, que dá origem a tudo e governa tudo. E exigem que essa compreensão seja aplicada no dia a dia.
O que Mary Baker Eddy descobriu graças à sua própria cura, obtida somente por meio do poder do Espírito e por meio de sua pesquisa da Bíblia em busca de uma explicação para essa cura, foi que as leis espirituais subjacentes ao ministério de Cristo Jesus são eternas e universais. As curas instantâneas de doenças graves, crônicas ou congênitas, que ocorreram no primeiro século, não foram miraculosas, mas envolviam uma nova compreensão de Deus, a qual nosso Mestre transmitiu aos seus discípulos. Captar esse senso de vida, sabendo que ele existe inteiramente no Espírito e do Espírito, é “nascer de novo”. E na Ciência Cristã compreende-se que esse ponto espiritual fundamental consiste em deixar para trás o senso material e genético de nosso eu pessoal. Significa uma redescoberta do verdadeiro filho de Deus que nós sempre fomos. Significa viver a partir desse novo ponto de vista.
“O novo nascimento não é obra de um momento”, observou a Pastora Emérita dA Igreja Mãe. “Começa com momentos e continua com os anos; momentos de entrega a Deus, de confiança como a dos pequeninos e de jubilosa aceitação do bem; momentos de abnegação, autoconsagração, esperança celestial e amor espiritual” (Mary Baker Eddy, Miscellaneous Writings [Escritos Diversos] 1883–1896, p. 15).
Os momentos são importantes. Eles oferecem espaço mental para fazer uma pausa, refletir e seguir em frente com nova inspiração e orientação. Quando fazemos uma pausa e observamos, no Mapparium, como era o mundo de 1935, constatamos que houve enorme progresso desde aquela época. O jornal The Christian Science Monitor traz continuamente reportagens, tanto sobre a necessidade de progresso, como sobre as provas do progresso da humanidade. Um editorial intitulado “Você pode medir o progresso do mundo?” cita vários ganhos globais significativos, tais como a diminuição das guerras e da pobreza, as melhorias mensuráveis obtidas na saúde pública, maiores oportunidades para as mulheres, e também melhorias na sustentabilidade ambiental, para citar apenas alguns (ver o Monitor de 22 de março de 2017, csmonitor.com/world-progress).
Mas por que será que esses avanços estão acontecendo na proporção em que vêm ocorrendo? Aqueles que já sentiram o poder impressionante que a Ciência Cristã tem, de lhes dar elevação espiritual em um momento de cura genuína, não se consideram imodestos em declarar que isso ocorre exatamente porque esse é o fermento da Verdade em ação na consciência humana. Desde 1866, o Consolador, o Confortador prometido, vem transformando o pensamento e a vida dos estudantes da Ciência Cristã. E também está abrangendo o mundo inteiro. Mary Baker Eddy conectou a evidência tangível de progresso humano ao ímpeto, ao impulso desta Ciência. E nós podemos fazer o mesmo. Deixamos para trás a perspectiva mortal limitada a respeito da vida, à medida que a realidade espiritual brilha até mesmo em meio às nossas percepções humanas equivocadas e revela quem nós verdadeiramente somos.
Já não é possível permanecer nas velhas rotinas de pensamento, tentando tornar a matéria mais confortável e a vida humana livre de transtornos. Como Pedro, que atendeu ao convite de Jesus para caminhar sobre as águas, precisamos estar dispostos a sair dos limites do pequeno barco que conhecemos, e caminhar sobre as ondas contrárias da resistência da mente carnal. Por mais assustadoras que sejam as circunstâncias, o Cristo está conosco para nos tranquilizar e nos impedir de afundar (ver Mateus 14:22–33).
Muita coisa pode acontecer em um momento de despertar espiritual. Mas, a não ser que isso se torne parte do novo nascimento contínuo, o obscurecimento mental e espiritual pode retornar. Os momentos se constituirão em momentos dinâmicos somente à medida que permitirmos, de forma contínua e consciente, que o poder do Espírito nos impulsione a progredir com nova energia em nossa oração e estudo, com nova alegria em nosso trabalho como membros de um movimento global, com uma confiança aumentada na capacidade de Deus para satisfazer nossas necessidades, tanto as individuais como as do mundo. O humano tem de ceder ao divino, o material tem de ceder ao espiritual.
A Assembleia Anual de 2017 foi um desses momentos, em que nos reunimos para agradecer o bem que vem acontecendo nas atividades em Boston, bem como na vida dos membros e em suas igrejas locais em todo o mundo. Mas o mundo necessita que conectemos esses momentos inspirados ao impulso espiritual contínuo de progresso fundamentado em Deus, que neutraliza e contra-ataca os elementos violentos do materialismo, do cinismo e do extremismo. Portanto, aproveitemos ao máximo esse momento. Consintamos em ser uma parte dinâmica desse novo nascimento no Espírito. O Amor divino está trabalhando conosco e por nosso intermédio. Muito embora pareça que estamos enfrentando dificuldades, mesmo assim, há uma esperança e uma alegria que são irreprimíveis, quando colocamos nossa mão na mão do nosso Pai-Mãe e seguimos em frente, juntos.
Robin Hoagland
Publicado anteriormente como um original para a Internet em 17 de novembro de 2017.
