Há alguns anos, aprendi uma importante lição sobre a compreensão espiritual e sobre confiar no cuidado de Deus.
Minha família e eu morávamos no subúrbio de uma cidade dos Estados Unidos. Naquele ano, eu fora demitido de uma grande indústria química, onde era engenheiro. A demissão aconteceu apenas uma semana antes de a empresa fechar seu principal estabelecimento na região e dispensar aproximadamente 600 outros engenheiros. Na época, a taxa de desemprego na localidade estava entre 10% e 15%. Não preciso mencionar que o mercado de trabalho especializado foi repentinamente inundado de pessoas talentosas, todas procurando desesperadamente um emprego.
Depois de aproximadamente dois meses, uma oportunidade de trabalho em uma nova empresa, em uma cidade distante, ofereceu esperança e boas possibilidades. Entretanto, depois de apenas duas semanas, a empresa fechou minha divisão e despediu a todos, com exceção de mim e do meu superior direto. Passei os três meses seguintes temendo as sextas-feiras, porque era o dia em que eles me diriam se eu ficaria mais algumas semanas ou se voltaria para casa desempregado.
O medo das consequências do desemprego e a possibilidade de voltar para casa frustrado me afetaram tanto que, toda sexta-feira, “o dia da decisão”, eu tremia todo e praticamente não conseguia fazer nada, até saber qual seria o meu “destino”.
Isso continuou por vários meses e, pouco antes do Dia de Ação de Graças, fui demitido. Uma semana depois de eu voltar para casa, o banco decidiu que precisávamos imediatamente de um seguro contra enchentes, caso contrário executaria a hipoteca da casa. Não tínhamos dinheiro para pagar o seguro. A perspectiva era de um futuro muito sombrio, combinando com o clima cinzento do inverno que se aproximava.
Minha mulher e eu estávamos orando. Percebi que, anteriormente, eu havia contado com um empregador para nosso sustento mas agora, nós dois nos voltamos a Deus, de todo o coração, como a verdadeira fonte de nosso sustento, de nosso suprimento. Entramos em contato com uma Praticista da Ciência Cristã para nos ajudar em oração.
A praticista surpreendeu-nos dizendo, primeiramente, que não precisávamos “fazer” nada. Fiquei me perguntando o que ela queria dizer com isso. Ela, então, explicou que, em vez de nos perguntarmos sobre o que mais poderia ser feito, poderíamos orar para compreender que Deus era a fonte do suprimento e, como escreveu Mary Baker Eddy em Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, “O Amor divino sempre satisfez e sempre satisfará a toda necessidade humana” (p. 494).
Quando refleti sobre essa afirmação de Ciência e Saúde, compreendi que não importava o que estivesse acontecendo, Deus estava providenciando tudo o que eu realmente precisava. Essa é uma distinção importante porque aprendi que tinha de disciplinar meu pensamento para separar “desejos e vontades” das “necessidades” minhas e de minha família. Tive de me empenhar para colocar isso em prática e afastar a imagem assustadora do desemprego e da carência, e regozijar-me na realidade da substância de Deus e no bem de Deus, que não podem ser tirados de nós. Esforcei-me ao máximo para confiar no fato de que reconhecer esses fatos espirituais traria resultados.
Próximo ao Dia de Ação de Graças, um envelope anônimo apareceu em nossa caixa de correio, contendo cupons para o jantar de Ação de Graças. Logo depois, uma segunda carta anônima apareceu com dinheiro suficiente para pagarmos a primeira parcela trimestral da apólice de seguro contra enchentes, de modo que não perderíamos nossa casa. Ficamos muito gratos!
Pouco tempo depois, minha esposa conseguiu um emprego temporário em uma escola municipal. Embora isso tenha aliviado um pouco a pressão financeira, a situação não era estável nem sustentável. O trabalho dela fez com que conseguíssemos manter nossa casa durante o inverno, mas ainda havia o problema do meu desemprego.
Continuamos a orar para vermos o desdobramento do Amor divino em nossa família, reconhecendo que o Amor continuava a nos suprir e ajudava-nos a lutar contra aqueles temores que nos paralisavam, amedrontavam e limitavam nossas perspectivas de vida.
Fiquei quase todo o inverno em casa; passava horas lutando contra pensamentos de ansiedade, procurando emprego e tentando acalmar meu medo do futuro. Durante todo esse tempo, contudo, eu orava para ver a disposição que Deus daria aos eventos, para ver o plano de Deus, e examinava meus pensamentos para detectar algum progresso — um maior reconhecimento de que Deus estava comigo em meus esforços.
Às vezes, quando o desespero e o medo eram sufocantes, eu olhava pela janela, para o chão coberto de neve, suspirando diante do que parecia ser uma falta de progresso e dizia: “Eu não sei, não!” Parecia que eu estava no meu limite emocional.
A Praticista da Ciência Cristã que estava trabalhando conosco reagiu contra esse desespero. Ela incentivou minha esposa a me ajudar a despertar para a realidade espiritual e para o suprimento de Deus sempre presente, com a afirmação: “Mas Deus sabe, sim!”, sempre que eu dissesse: “Eu não sei, não!”.
“Mas Deus sabe, sim” significava que Deus era a fonte de toda a inteligência, era a única Mente e só conhecia o bem para mim e minha família.
Tive de me empenhar para afastar a imagem assustadora do desemprego e da carência, e regozijar-me na realidade da substância de Deus.
A frase completa: “Eu não sei, mas Deus sabe!” logo se tornou algo ao qual eu me apeguei durante meus dias parados, em casa. Em vez de entrar em desespero, aprendi a ser alegre e prestativo, em vez de me sentir ressentido — mesmo quando eu realizava pequenas tarefas. Aprendi a detectar sinais da presença de Deus e a esperar o bem e as bênçãos em tudo o que eu fazia durante o dia, e no dia seguinte, e a cada dia.
Certo dia, o telefone tocou. Era um consultor com quem eu entrara em contato anteriormente, em uma cidade a aproximadamente 100 km dali. Ele me ligou para ver se eu poderia representar sua empresa em alguns projetos e atividades de marketing na minha região. O trabalho seria temporário e talvez durasse alguns meses. No início, os negócios foram devagar, mas era o suficiente para nosso sustento.
Tanto o consultor quanto eu empreendemos a tarefa com total honestidade e comunicação aberta. Seguíamos a mesma linha de nunca enganar um cliente a fim de segurar um trabalho, nem fazer nada que não tivesse total qualidade. Eu aprovava totalmente essa atitude, porque acreditava que fazia parte da orientação do Amor divino para o meu trabalho. O resultado dos meus esforços foi favorável e nós dois ficamos satisfeitos com o êxito em conseguir novos projetos.
No final da primavera, eu já havia conseguido um novo emprego em outra região, em uma grande firma de consultoria. O resultado foi uma mudança de cidade com minha família, com tudo pago pela empresa, novas escolas, e novas oportunidades para todos nós.
Depois disso, sempre que surgiram desafios e nossa família ficou tentada a recair no pensamento desanimador: “Eu não sei!”, um pensamento angelical — uma mensagem de Deus — inevitavelmente vinha: “Mas Deus sabe!” E sentíamos o conforto e a iluminação.
Às vezes, talvez sintamos medo, porque parece que Deus não está mais cuidando de nós e nos abandonou. Mas isso nunca é verdade! Podemos seguir com confiança a orientação de “deixar o terreno para Deus” (Ciência e Saúde, p. 419), confiando no cuidado de Deus, em Sua totalidade e proteção por todos o Seus filhos.
Publicado anteriormente como um original para a Internet em 20 de novembro de 2017.
