Aquela parecia ser uma meta relativamente simples. Eu era monitor em um acampamento para Cientistas Cristãos e, no início do verão, estabeleci uma meta para mim mesmo: ser gentil em todas as minhas palavras e ações.
Durante a maior parte do tempo, percebi que atingir a meta estava sendo bem fácil. Mas, quando eu tinha de lidar com crianças que não davam ouvidos ao que eu dizia, eram grosseiras ao brincarem com outras crianças, relutavam em ir para a cama na hora de dormir, entre outras coisas, notei que meu tom perdia muito da compaixão e eu deixava de pensar na minha meta. Eu certamente não estava expressando amor nem gentileza nesses momentos.
Já quase no final do verão, fiquei sem voz. Era frustrante não poder me comunicar bem com os campistas que eu monitorava. Isso começou a me incomodar e percebi, então, que precisava orar a respeito.
Uma das coisas que me veio ao pensamento para incluir na minha oração foi a ideia de falsa responsabilidade. Eu estava colocando muita responsabilidade sobre os meus ombros e me dei conta de que cuidar do meu alojamento não cabia exclusivamente a mim. Havia outros monitores incríveis que, de forma mais descontraída, mantinham o alojamento funcionando muito bem. Contudo, o aprendizado mais profundo que tive foi a percepção espiritual de que Deus era a verdadeira força que impulsionava o meu trabalho. Eu poderia deixar que a ação, o amor e o cuidado de Deus se expressassem em mim e, dessa forma, eu não precisaria me sentir esgotado.
Mais tarde, durante uma reunião normal de treinamento com outros monitores, alguém compartilhou uma ideia que ficou no meu pensamento. Foi a ideia de que, quando oramos, em vez de tentar em vão mudar o que quer que o problema pareça ser, a oração deve consistir em melhorar a nossa compreensão a respeito da situação. A oração nos ajuda a abandonar nossa própria visão distorcida e aceitar a visão de Deus, que é sempre totalmente boa, e isso, por sua vez, traz a mudança daquilo que precisa de ajuste. No meu caso, isso significava que eu não precisava me concentrar em ter minha voz de volta. Em vez disso, percebi que essa era uma oportunidade de comprovar que, como expressão do Amor divino, eu necessariamente expressava amor, e somente amor, aos campistas monitorados por mim, a todo momento.
Eu me dei conta de que perder minha voz não precisava ser um contratempo. Percebi que era uma oportunidade de examinar cada palavra que saísse da minha boca e assegurar que transmitisse o amor que os campistas mereciam.
Pouco tempo depois, sentado no meu beliche, pensei no modelo que Cristo Jesus representa, pela maneira como agia e falava com esse amor tão puro. O acontecimento do qual me lembrei primeiro foi o encontro de Jesus com seus discípulos após a crucificação. Pensando bem, Jesus tinha todo o direito de ficar aborrecido com os discípulos. Eles haviam ficado muito desanimados com a crucificação para seguir em frente como seus discípulos. Eles tinham até voltado a pescar!
Mas Jesus resolveu perdoar os discípulos e demonstrar o tipo de amor transformador que faria com que eles levassem a sua mensagem de cura ao mundo. Percebi que eu poderia observar o exemplo de Jesus e, em menor escala, seguir seus passos, deixando que o amor estivesse na essência de tudo o que eu dissesse e fizesse. Sendo eu a expressão espiritual de Deus, que é o Amor divino, como poderia eu não ser amoroso?
Depois disso, eu deixei de me preocupar com a minha voz, já que toda a situação fora transformada em uma bênção. Logo minha voz voltou, e nunca mais tive problemas com ela. E o que é mais importante: eu me senti mais próximo de Deus, o Amor, pois falar e agir com amor, mais uma vez, se tornou meu objetivo para o resto do verão.
    