Skip to main content Skip to search Skip to header Skip to footer
Original para a Internet

Transforme seu deserto

Da edição de novembro de 2019 dO Arauto da Ciência Cristã

Publicado anteriormente como um original para a Internet em 23 de julho de 2019.


Quarenta anos! É muito tempo para percorrer menos de quinhentos quilômetros! Mas esse foi o tempo que os filhos de Israel levaram para atravessar o deserto do Sinai, após saírem do Egito. Por que demoraram tanto para encontrar a Terra Prometida?

Examinando melhor o relato bíblico, descobrimos algumas respostas. Durante toda a jornada, os israelitas reclamavam constantemente das dificuldades que apareciam. E em vez de adorarem ao Deus que os resgatara da escravidão, fizeram uma imagem de outra divindade (Êxodo 32:1–6), apesar das muitas provas que haviam recebido do cuidado de Deus: o mar Vermelho se abrira ao meio, haviam recebido o maná e jorrara água da rocha. Do que mais eles precisavam? 

Podemos dizer que o povo hebreu estava percorrendo um deserto que tinha uma natureza muito mais profunda do que a areia e as pedras que havia ao redor. O povo tinha fé na matéria, e não em Deus, o Espírito infinito, e essa confiança mal dirigida resultava em ressentimento, dúvida, medo e ingratidão. Nesse deserto mental, não é de admirar que tenham levado tanto tempo para ouvirem a orientação divina que lhes possibilitaria alcançar a Terra Prometida.        

Mary Baker Eddy, a Descobridora e Fundadora da Ciência Cristã, define o conceito humano de deserto, no sentido metafísico, como “solidão; dúvida, escuridão”. Também apresenta o significado espiritual: “espontaneidade de pensamento e de ideia; o vestíbulo onde um senso material das coisas desaparece, e onde o senso espiritual desdobra os grandiosos fatos da existência” (Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, p. 597).

Para mim, tem sido importante fazer com que meu pensamento deixe o deserto, em seu significado material e mortal, e vá para o ponto de vista real e poderosamente espiritual. Por exemplo, na África do Sul, onde moro, as opiniões estão divididas a respeito do uso da terra. Fico bastante tentada a reagir com raiva e medo às declarações dos políticos, para depois vagar pelo deserto da amargura e da recriminação. Mas, lampejos da compreensão do sentido espiritual de deserto têm me impelido a refutar esse modo de pensar, e usar minha compreensão sobre o deserto como um “vestíbulo”, uma abertura para um senso mais divinamente inspirado de terra, de homem e de Deus.  

Um ensinamento importante, na Ciência Cristã, é o de que, por trás de cada objeto material, podemos encontrar uma ideia espiritual, específica e eterna. Em resposta à pergunta: “Uma pedra é espiritual?” Mary Baker Eddy escreveu: “Para o senso material, que erra, não é! mas para o senso espiritual infalível, é uma pequena manifestação da Mente, um símbolo da substância espiritual...” (Miscellaneous Writings [Escritos Diversos] 18831896, p. 27).  

Por sermos filhos e filhas de Deus, criados por Ele, não vivemos na matéria; nosso verdadeiro ambiente mental não é feito de pedras e pó. Por isso, não podemos reivindicar direitos sobre a matéria, nem a matéria pode reivindicar direitos sobre nós. Cultivando ativamente nosso senso espiritual, ou seja, nossa capacidade divinamente outorgada por Deus para discernir Sua criação, onde quer que estejamos, começamos a deixar de considerar a realidade partindo da matéria, e passamos a discernir “os grandiosos fatos da existência”. Esse ponto de vista divino, presente em nossa consciência, nos capacita a deixar aquele modo de pensar materialista, que seria um “deserto”, incluindo o medo, a raiva e a indignação. Dessa forma, o deserto mental é transformado em jardim regado. 

Uma experiência recente me mostrou esse poder espiritual transformador. Um de nossos políticos fez um discurso extremamente inflamado. As palavras dele estavam carregadas de ódio e racismo, e eu reagi em meu pensamento de modo igualmente inflamado, com raiva e ressentimento.      

A oração me salvou. Senti o desejo e o poder de fazer calar esses pensamentos, refutando a tentação de achar uma justificativa para eles. Por saber que Deus é a Mente divina, o amoroso e terno Criador de todos nós, reconheci que as opiniões e reações negativas eram o clamor de uma falsa perspectiva mortal. Eu sabia que as palavras “clamor” e “reclamar” vêm da mesma raiz latina, clamare, que significa “gritar”. Esse pouquinho de conhecimento rompeu a pressão do mesmerismo, o clamor da raiva e do ressentimento que eu estava tentada a abrigar.    

Em oração, pensei em outra palavra, “expropriação”, que se refere a abrir mão de um título de propriedade exclusiva. Imediatamente, dei-me conta de que a exclusividade não tem nada a ver com a criação divina. Deus é o Amor que tudo inclui. Ele nunca é restrito, nunca pode ser dividido por cercas ou limites. Para mim, isso significou que não existe separação entre as ideias dEle, nem há distúrbios mortais a respeito dos quais falar ou ouvir.        

Mary Baker Eddy escreve: “Meus e vossos são termos obsoletos na Ciência Cristã absoluta, na qual e pela qual a fraternidade universal do homem está declarada e exige ser demonstrada” (Miscellaneous Writings, p. 318). Vi que essa exigência recai sobre nós, agora, não em alguma época futura, quando tivermos saído do “deserto”. Podemos sair imediatamente de toda experiência de “deserto”, e entrar na nossa “espontaneidade de pensamento e de ideia” vinda de Deus.

Com essa compreensão, um profundo senso do amor de Deus inundou meu pensamento. Não uma frágil tentativa de sentir um companheirismo fraternal, ou um tatear no escuro, em busca de uma presença humana confortadora, mas a onipresença do Amor divino que é o próprio Deus: todo abrangente, irresistível, absoluto. 

Esse amor imanente simplesmente tomou conta de mim, e senti-me repleta de uma paz imensa. Todos os sentimentos que estavam fazendo de minha consciência um deserto se evaporaram. Pude ver aquele político como filho do Deus uno e único, universal. Por ser uma criação do Amor, ele não era capaz de enunciar e propor nada que não tivesse sido delineado pelo verdadeiro Pai dele; e eu, por fazer parte dessa mesma criação, não era capaz de nenhuma reação mortal.  

Meu jardim mental estava em pleno florescimento, e eu até me esqueci do discurso inflamado. Passados dois dias, meu marido falou de um discurso posterior do mesmo político. Dessa vez ele fora conciliatório a respeito das diferenças raciais e tivera um conteúdo lógico, a ponto de dizer que cada grupo no país tinha um papel a desempenhar! Não sei exatamente o que fez seu posicionamento se abrandar. Mas essa notável reviravolta foi como a transformação de um lugar ermo, foi como o aparecimento de um oásis em meio ao deserto. Fiquei convencida de que, por meio da oração, podemos rejeitar toda opinião e reação mortal, e mudar todo “lugar ermo” que encontramos, transformando-o em um refúgio de paz.

Depois disso, estou determinada a prestar atenção a cada pequena gota de inspiração, em toda e qualquer experiência de deserto pela qual esteja passando, de modo a que se torne uma verdadeira inundação do amor de Deus, abolindo toda sugestão de esterilidade ou desolação. Pergunto-me frequentemente: “Estou vivendo em um deserto de reações mortais, ou em um jardim de qualidades divinas?” E aguardo mais momentos de “deserto”, ansiosa por ver o maravilhoso florescer de todas as qualidades do Amor, em todo lugar. 

Nenhum de nós está vagando em um deserto mental. Todos estamos sob a guarda e o cuidado de Deus. Do que mais precisamos?

Para conhecer mais conteúdo como este, convidamos você a se inscrever para receber as notificações semanais do Arauto. Você receberá artigos, gravações em áudio e anúncios diretamente via WhatsApp ou e-mail.

Inscreva-se

Mais nesta edição / novembro de 2019

A missão dO Arauto da Ciência Cristã 

“...anunciar a atividade e disponibilidade universal da Verdade...”

                                                                                        Mary Baker Eddy

Conheça melhor o Arauto e sua missão.