Ultimamente, tenho pensado muito a respeito da gratidão. Ser grato faz bem e esse fato é amplamente reconhecido. É como abrir as venezianas de um quarto escuro para que entre a luz do sol. Constatei que fazer uma pausa para agradecer, mesmo que por algo pequeno, pode me ajudar a ter uma visão melhor do bem ao meu redor, do qual eu talvez não tenha me dado conta. Portanto, sou grata pela gratidão. É um hábito maravilhoso de ser cultivado.
Mary Baker Eddy escreveu certa vez: “O que é a gratidão, senão uma poderosa câmara escura, algo que enfoca a luz, ali mesmo onde o amor, a lembrança e tudo o que se encontra dentro do coração humano estão presentes para manifestar a luz” (The First Church of Christ, Scientist, and Miscellany [A Primeira Igreja de Cristo, Cientista, e Vários Escritos], p. 164). Essa é uma incontestável definição de gratidão. Gosto muito da ideia de que, quando deixamos a gratidão entrar em nosso coração, ela traz luz e enfoque. E faz com que nossa atenção se volte a ideias que trarão cura.
Cristo Jesus tinha a habilidade divinamente inspirada de levar o enfoque sanador a praticamente toda situação ou atividade. Tomemos como exemplo a apresentação das bem-aventuranças aos discípulos. Quando penso nesses ensinamentos em particular, penso em Jesus dizendo, resumidamente: “Vamos falar sobre felicidade. Quero que vocês compreendam de onde vem a verdadeira felicidade”. E, então, ele diz que bem-aventurados são os humildes de espírito, os mansos e os misericordiosos, para citar alguns. Uma alusão completamente diferente do materialismo que faria com que nos preocupássemos conosco, com nossas realizações, nossas conquistas e nossos legados, como se esses fossem a fonte da felicidade.
Jesus conhecia muito bem o valor de qualidades como o amor desprendido do ego, a coragem moral e a confiança no bem que vem de Deus. Por manter o pensamento espiritualmente fundamentado, Jesus jamais perdia o equilíbrio, mesmo diante dos desafios que se apresentavam em seu caminho. Ele se voltava em verdadeira gratidão ao Pai celestial, Deus, o Espírito divino, para discernir o amor e o cuidado de Deus por Sua criação. Os resultados eram concretos: as necessidades eram satisfeitas e a saúde, restaurada.
No âmago disso tudo estava a compreensão de Jesus, não apenas de sua própria identidade inigualável como o Filho de Deus, mas também da verdadeira natureza de todoscomo filhos de Deus, totalmente espirituais. Essa compreensão é uma poderosa base para viver a gratidão fundamentada no Espírito, que traz felicidade e cura. Em Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras,a Sra. Eddy escreve: “A todo momento e em todas as circunstâncias, vence tu o mal com o bem. Conhece-te a ti mesmo, e Deus te dará a sabedoria e a ocasião para teres a vitória sobre o mal” (p. 571).
Ela não disse: “Conhece-te a ti mesmo e vais viver a vida sem teres de preocupar-te com coisa alguma”. Mas quando surgem situações difíceis, como acontece com todos nós, será que temos pelo menos a metade da disposição que Jesus tinha, de nos manter firmes na verdade espiritual de que Deus cuida de Sua criação? Estaremos dispostos a tirar o máximo da oportunidade de ouvir a sabedoria divina e confiantemente esperar que o resultado seja o bem?
A gratidão é uma graça espiritual que traz auxílio e cura em inúmeros níveis.
Vamos ver um exemplo de uma ocasião em que Jesus deu graças. Foi uma época em que talvez ele pudesse estar desanimado. Quando orava e ensinava por toda a região, algumas pessoas eram receptivas à sua mensagem, outras não. Mas, em vez de ficar frustrado, ele orou assim: “...Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e instruídos e as revelaste aos pequeninos. Sim, ó Pai, porque assim foi do teu agrado” (Mateus 11:25–26). Ele não duvidou do método espiritual pelo qual Deus Se revelou, mas expressou gratidão.
Podemos, às vezes, querer cortar caminho, seja para nós mesmos ou para aqueles a quem amamos, um atalho que leve direto para aqueles momentos de progresso espiritual e cura. Mas Jesus ensinou que há um caminho de crescimento e redenção espiritual que todos nós temos de percorrer, se quisermos compreender a Deus o bastante para perceber e demonstrar a verdade que cura. Reconhecer com gratidão o amor de Deus por toda a Sua criação eleva nosso enfoque acima das dificuldades e dos obstáculos, e abre a porta para sairmos vitoriosos sobre eles.
A importância desse reconhecimento ficou muito visível na noite anterior à crucificação de Jesus, quando ele deu graças pelo “cálice” que estava prestes a beber (ver Mateus 26:26–28). Ciência e Saúde explica: “Nosso cálice é a cruz. Nosso vinho é a inspiração do Amor, o trago que nosso Mestre bebeu e recomendou a seus seguidores” (p. 35). Jesus sabia que ele era o Filho de Deus, do Amor divino; ele confiava no fato de que o Amor lhe revelaria o melhor meio de demonstrar a graça à humanidade, e agradeceu pela “inspiração do Amor” da qual seu cálice estava repleto.
Às vezes, o caminho para conhecer a Deus, sentir e expressar Seu amor e paz, pode começar com muita alegria e prometer muito, mas, depois, se torna difícil. Mesmo que as palavras “Graças te dou, Pai!” não sejam as primeiras que nos venham ao pensamento nesses momentos, podemos orar. O desejo de ser mais grato é um bom ponto de partida.
Não podemos esperar que um mero mortal reúna a força espiritual e o foco para enfrentar o cálice e a cruz, muito menos com gratidão. Mas Jesus estava nos ensinando lição após lição, passo a passo, que nossa verdadeira identidade não é mortal, mas sim, espiritual; que Deus é nosso Pai, a fonte de nosso verdadeiro existir e consciência. À medida que aceitamos cada vez mais o que realmente somos — a verdadeira expressão do Amor divino, da Verdade, da Vida, do Espírito — percebemos que é natural buscar a felicidade em direções espirituais e desprendidas de ego. Sentimo-nos, então, mais preparados para enfrentar os desafios com gratidão por tudo o que Deus faz por nós, e com a expectativa da vitória.
Há várias áreas em minha vida em que tenho de crescer nesse sentido. Passei por experiências em que me senti como se houvessem me pedido para carregar uma cruz maior do que eu podia carregar, e orei profundamente para saber o que fazer. Mas quando humildemente escutei a resposta de Deus, muitas vezes veio a inspiração que ternamente fez calar as minhas objeções, fortaleceu minha vontade de seguir em frente e me deixou realmente aliviada! Compreendi que a raiz daquela sensação de estar levando um fardo pesado não era aquilo que eu tinha de fazer, mas sim, o egoísmo, a falsa modéstia, ou qualquer obstáculo mental que eu estivesse enfrentando e que me impedia de prosseguir com gratidão.
A gratidão é uma graça espiritual que traz auxílio e cura em inúmeros níveis e nos capacita para seguir em frente. Uma sementinha de gratidão pode trazer uma mudança na perspectiva de qualquer situação. Temos a capacidade e a oportunidade de levar a gratidão a novas profundidades — a uma expectativa do bem que se origina da percepção de que Deus, o bem, é para sempre supremo. Ao fazermos isso, vivenciamos o notável poder da gratidão, fundamentado no poder do Amor infinito, que abre nossos olhos para ver mais desse bem ao nosso redor.
    