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Original para a Internet

Quando perdoar parece difícil

Da edição de novembro de 2019 dO Arauto da Ciência Cristã

Publicado anteriormente como um original para a Internet em 26 de julho de 2019.


Perdoar, depois de termos sido profundamente injustiçados, pode ser difícil. Quem já não lutou para se libertar de alguma mágoa, ressentimento, raiva ou da vontade de pagar na mesma moeda? 

Cristo Jesus, porém, nos ensinou que perdoar é fundamental. Pense no exemplo que ele nos deu na cruz, quando falou de seus perseguidores: “...Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” (Lucas 23:34). 

O amor puro e isento de ego, expresso nessa oração, foi essencial para o triunfo de Jesus sobre a morte. Ele compreendia que o ódio de seus perseguidores não tinha poder real para separá-lo de Deus, da Vida onipotente, e essa consciência da supremacia divina do Amor o capacitou a vencer a sepultura.

Perdoar requer que enxerguemos mais além daquilo que a aparência material nos apresenta a respeito do homem. Exatamente ali, onde parece estar a personalidade humana que erra, a consciência que está em sintonia com Deus percebe o homem real e espiritual, a verdadeira semelhança de Deus. E essa maneira de ver, semelhante à de Cristo, traz a cura em nossa vivência. 

Mary Baker Eddy, a Descobridora da Ciência Cristã, diz em Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras: “Jesus reconhecia na Ciência o homem perfeito, que lhe era visível ali mesmo onde os mortais veem o homem mortal e pecador. Nesse homem perfeito o Salvador via a própria semelhança de Deus, e esse modo correto de ver o homem curava os doentes” (p. 476–477).

A importância do perdão, em nossa prática cristã, fica clara pela grande ênfase que o perdão tem nos ensinamentos de Jesus, inclusive na Oração do Senhor. Ele nos ensinou a orar: “Perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós temos perdoado aos nossos devedores” (Mateus 6:12). Ciência e Saúdeafirma que a Oração do Senhor “abrange todas as necessidades humanas” e expressa “a aspiração celestial e a consciência espiritual … que instantaneamente cura os doentes” (p. 16), e essa é uma indicação de que o perdão é de suma importância em nossa jornada para compreendermos e sentirmos a presença de Deus em nossa vida.

Nossos “devedores” obviamente incluem aqueles que nos prejudicaram de alguma forma. Mas esse termo poderia também ser aplicado mais amplamente a todos aqueles em quem os atributos divinos pareçam estar ausentes ou pouco manifestos. Qualquer pessoa que apresente uma aparência de falta — falta de gentileza, de compreensão, de saúde, de suprimento — sugere que Deus não esteja totalmente presente em Sua criação. 

O perdão começa com a disposição de olhar mais além de como nosso próximo se apresenta materialmente e afirmar a verdade sobre a natureza do homem como a expressão espiritual, pura, perfeita e amada de Deus. Não importa o quanto pareça real a falsa visão do homem, ou o quanto ela pareça estar nos afetando, uma compreensão mais profunda de Deus, o Amor divino, nos capacita a rejeitar toda aparência de ódio e qualquer alegação de que o Amor divino não esteja presente. 

Aprendi uma lição sobre o perdão há alguns anos, quando meu marido e eu estávamos nos esforçando para ter um bom relacionamento com nossos vizinhos. Nosso quarto ficava bem perto do muro que separava as duas propriedades. Logo após terem se mudado para a casa ao lado, eles começaram a dar festas barulhentas no quintal, que ficava bem ao lado da janela do nosso quarto. Quando falamos com eles sobre o problema, pedindo que levassem o grupo para dentro de casa, depois de certa hora, eles não foram muito receptivos. Depois de vários pedidos, tivemos de chamar a polícia para pedir que parassem com o barulho. O relacionamento se tornou hostil.

Ao orar sobre a situação, eu desejava muito ver que esses vizinhos estavam completamente aos cuidados de Deus. Orei para vê-los como filhos de Deus, expressões divinas e amorosas da Mente divina. Pedi a Deus que me mostrasse como Ele via Seus filhos. 

Perdoar requer que enxerguemos mais além daquilo que a aparência material nos apresenta a respeito do homem.

O que me veio ao pensamento, em seguida, surpreendeu-me. Eu estivera pensando sobre o que os vizinhos precisavam fazer para restaurar a harmonia na situação. Mas, e quanto a mim? O que eu poderia fazer para melhorar essa mesma situação? Percebi que nossa cama ficava bem ao lado da janela. Poderíamos mudá-la de lugar para reduzir a exposição ao ruído externo. Também constatei que trocar as velhas janelas ajudaria a reduzir o barulho externo. 

Logo em seguida, esses vizinhos vieram com algumas sugestões sobre como revestir o muro entre nossas casas com material que abafa os sons. Curiosamente, eles também pararam de dar as festas noturnas que perturbavam nosso sono. Depois disso, nosso relacionamento ficou cordial.

Mais recentemente, precisei perdoar minha chefe por tomar uma atitude hostil para comigo. Eu havia discordado de algumas decisões administrativas e achei que deveria me posicionar em relação a isso, pois essas decisões me afetavam diretamente. Depois disso, fui criticada na frente dos colegas, recebi tarefas de nível inferior e fui excluída das tomadas de decisão e das reuniões. Tentei conseguir outro cargo, mas meus esforços não surtiram efeito. Isso começou a influenciar negativamente meu trabalho.

Ao orar sinceramente para compreender que tanto minha chefe quanto eu estávamos sob o governo harmonioso de Deus, fiz o melhor que pude para colocar a situação nas mãos de Deus e não deixar que a raiva dominasse meu pensamento. Também decidi reconhecer ao máximo todo o bem que me cercava. Tomei consciência das muitas coisas no meu trabalho pelas quais ser grata, coisas nas quais não havia pensado antes. Isso me ajudou a suportar a crescente hostilidade entre mim e minha chefe.

À medida que continuei orando, comecei a compreender melhor que o homem de Deus nunca pode odiar nem ser odiado. Qualquer forma de ódio é de natureza animal e tem como base os sentidos materiais, não é a realidade do existir espiritual, na Ciência divina. Essa percepção me permitiu olhar para além do comportamento de minha chefe e manter no pensamento a verdade sobre a criação de Deus. Eu consegui me manter calma e não reagir durante as várias vezes em que ela gritou comigo. 

Continuando a me refugiar em Deus, o pensamento que me veio foi de que não existe relação predador/presa no reino dos céus. Em realidade, ninguém poderia me magoar, porque Deus é minha origem e meu protetor. O medo sumiu. Consegui ver que minha chefe era inocente.

Logo em seguida, comecei a pensar que eu tinha trabalhado ali por muitos anos e já podia considerar a possibilidade de me aposentar. Embora isso não tivesse me ocorrido antes, colhi informações e constatei que poderia sair da empresa dentro de poucos meses. Meu marido achou que nossa situação financeira permitia tal transição. Depois de apresentar meu pedido de aposentadoria, os ataques da minha chefe diminuíram consideravelmente.

Quando chegou o momento de sair da empresa, nós duas conseguimos expressar afeto genuíno. Ela escreveu um cartão bem simpático, organizou uma linda festa de despedida e me deu uma ótima carta de referência. Pensei em todas as vezes em que havíamos nos alegrado juntas e consegui realmente agradecer-lhe por tudo. Foi uma despedida harmoniosa. Depois disso, tenho conseguido me manter ocupada em maneiras bem criativas, usando habilidades que me agradam. 

A esperança de cura é muitas vezes o que nos leva ao Cristianismo, mas sentir mais o amor de Deus em nossa vida é o que nos mantém nesse caminho, mesmo diante das dificuldades. Praticar o perdão é a chave para incorporarmos o Amor divino e vivenciar seus efeitos de cura em nossa vida.

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