Frequentemente, eu reagia muito mal quando minha oração não produzia uma cura rápida. Às vezes sentia-me frustrado, desanimado e até mesmo irritado. Eu não duvidava da eficácia da Ciência Cristã, mas queria que essa Ciência me levasse a encontrar soluções espirituais para meus problemas de uma forma mais definida, eu desejava saber como minhas orações poderiam ser mais eficazes.
Uma cura que ocorreu no meu primeiro emprego trouxe algumas respostas. Naquela época o dinheiro estava curto, portanto, quando meu chefe me promoveu e prometeu um aumento de salário, fiquei muito feliz! Eu abria cada envelope de pagamento, certo de encontrar o montante adicional, mas as semanas se passavam sem nenhum aumento. Minha ansiedade inicial se transformou em nervosa impaciência e crítica ― intercaladas com muita oração.
Perguntei à assistente do meu chefe sobre o atraso. Ela respondeu: “Ele diz que não tem tido tempo de enviar sua papelada”, mas, em seguida, me sussurrou que ele já havia finalizado sua própria promoção e ajuste de salário.
À medida que a espera aumentava, o mesmo acontecia com meus questionamentos. Eu me perguntava: “O que estou fazendo de errado?” Eu estivera orando com muito fervor, sabendo que era Deus que estava governando a minha vida e não outra pessoa, neste caso, meu chefe. Eu esperava que essas orações trouxessem o aumento de salário. Naquela mesma época (e independentemente dessa questão), minha esposa e eu decidimos finalmente nos mudar, portanto, eu enviaria meu pedido de demissão dentro de um ano. Pessimista, eu me perguntava se iria embora antes que o aumento ocorresse.
Um dia, enquanto caminhava durante o intervalo do almoço, volvi-me a Deus em busca de respostas. Ainda me lembro de quando este pensamento me ocorreu: “Algo não está correto aqui! Estive acreditando que duas situações opostas são ambas verdadeiras. Tenho orado, afirmando que Deus está realmente me governando. Mas também me convenci de que meu chefe não está honrando um compromisso. Claro que ambos os casos não podem ser verdadeiros, tem de ser um, ou o outro. Qual é o verdadeiro? É Deus que está me governando, ou é uma pessoa que não é perfeita?”
Esse despertar daquilo em que eu estivera acreditando, ou seja, que duas visões opostas fossem simultaneamente verdadeiras, me sacudiu profundamente. Fiquei espantado por ter me enganado durante todo esse tempo. Eu sabia que tinha de decidir, naquele momento, o que era verdadeiro e o que era falso.
Ao enfrentar essa situação de escolher ou um ou outro, eu reconsiderei minha compreensão de Deus e da Ciência Cristã. Será que eu realmente sabia que Deus estava me governando? Nesse exato momento? Ou minhas orações haviam sido apenas minha esperança de uma intervenção divina? Em poucos momentos, senti que minha identidade espiritual como ideia de Deus, conforme ensina a Ciência Cristã, era a única realidade. Imediatamente ficou mais fácil perceber que as questões desarmoniosas com relação ao meu trabalho não eram realmente legítimas nem reais, porque não tinham nada a ver com Deus e com o que Ele criou.
Pela primeira vez em meses, senti paz e calma ― uma sensação da proximidade e do cuidado de Deus e a confiança de que nada poderia atrapalhar isso. A questão no meu trabalho, que estava me consumindo, foi eliminada do meu pensamento naquela mesma hora.
Essa sensação de paz e confiança no fato de que só Deus governa permaneceu comigo. Uma semana depois, meu chefe aumentou meu salário e até adicionou uma quantia extra para compensar o atraso.
Desde aquela época, tenho ponderado essa cura. Foram meses que simplesmente pareciam ser uma oração sem resposta e sentimentos de mágoa, seguidos por um súbito despertar espiritual durante um intervalo de almoço e, em seguida, a cura! Eu sabia que precisava aprender algumas lições. Eu ansiava por chegar a esses momentos de cura, por sentir e compreender a verdade espiritual mais rapidamente, com menos angústia e mais alegria.
Novas percepções espirituais vieram anos mais tarde, e de forma tão clara quanto naquele dia durante o horário de almoço. Fui impulsionado a me concentrar em uma instrução que já me era familiar no capítulo sobre a prática da Ciência Cristã, que consta em Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, de Mary Baker Eddy: “Dá-te conta da presença da saúde e do fato de que o existir é harmonioso, até que o corpo corresponda às condições normais de saúde e harmonia” (p. 412).
Algumas palavras se destacaram para mim como se estivessem marcadas com tinta vermelha: Dá-te conta, e até. O que pensei foi: “Dá-te conta da verdade até que estejas curado”. Ou até que alguém por quem estás orando, seja curado.
Três coisas ficaram muito claras para mim naquele dia ― respostas importantes para problemas com os quais eu vinha lutando havia muito tempo.
A primeira e a mais significativa foi a mensagem angelical de que eu era capaz de obedecer a essa instrução. Disse para mim mesmo: “Você realmente inclui a capacidade espiritual de perceber e compreender a Verdade divina, que traz a cura”. Eu sabia que a verdade nesse contexto é a verdade sobre o existir espiritual, de que cada um de nós é criado e governado por Deus, que é a Verdade. Para mim, a palavra até implicava no fato de que a Sra. Eddy, a Descobridora da Ciência Cristã, estava ciente de que eu, ou qualquer leitor de Ciência e Saúde, ainda poderia estar em busca da cura. Em outras palavras, ela providenciou essa orientação enquanto estava ciente de que alguém poderia ainda não ter vivenciado as “condições normais de saúde e harmonia”. No entanto, apesar disso e independentemente do fato de que eu ou qualquer outra pessoa ainda pudesse estar enfrentando um desafio, senti como se ela estivesse me perguntando e esperando que eu — ou qualquer um de nós — fosse capaz de dar-se conta da verdade a respeito do existir.
Cada um de nós é “bom o su ciente” e capaz de se voltar a Deus e encontrar a cura.
Uau! Foi como uma enorme sacudida! Percebi que, se a Sra. Eddy estava dizendo a mim ou a qualquer outra pessoa para fazer isso, era porque ela sabia que nós podíamos fazê-lo. Foi suficiente para mim. Como resultado da leitura de seus escritos, como também de experiências anteriores de cura, eu sabia o suficiente para confiar nas instruções que ela nos deixou.
Antes, eu estivera erroneamente achando que sempre que eu estava passando por algum problema, era porque, por alguma razão, me faltava, de forma inerente e irreversível, a compreensão espiritual necessária para que eu fosse curado. Então compreendi que não era verdade. Em vez disso, compreendi que eu sempre tenho a oportunidade e a capacidade de crescer em minha percepção e compreensão da verdade espiritual, até encontrar a cura. Dei um suspiro de alívio e um grito silencioso de alegria. Foi uma libertação instantânea de anos de medo do meu próprio desmerecimento e inadequação. Fui aliviado de um imenso peso mental.
A segunda coisa que me ficou muito clara foi que eu compreendi que durante todas as vezes em que estamos nos esforçando diligentemente para encontrar a cura, é possível nos sentirmos alegres, gratos e esperançosos, em vez de desagradáveis e irritados. Uma definição de dar-se conta é “conceber vividamente como real; estar plenamente consciente”. Por certo, essa espiritualização do pensamento que traz cura inclui sentimentos tais como: admiração, inspiração, confiança e paz.
Quando estamos afirmando o amor e o controle de Deus, abrindo nosso pensamento para Sua bondade e rejeitando as alegações do senso material como falsas, é perfeitamente natural sentir-nos mais contentes, e menos frustrados com o problema. Dar-se conta até significa para mim que a cada dia estamos compreendendo mais e mais a respeito da verdade, da realidade que de fato está acontecendo! A preocupação, a dúvida, a ansiedade e a irritação desaparecem cada vez mais da nossa consciência espiritualmente iluminada, à medida que continuamos a compreender também cada vez mais que a bondade de Deus é a realidade. Podemos sentir a expectativa do bem e um senso de esperança e confiança. À medida que assim fizermos, vivenciaremos a cura completa. Aprendi que a mera passagem de mais tempo, ou até mesmo do sofrimento, não nos torna, de alguma maneira, mais preparados para a cura, ou mais merecedores dela. Deus proveu a todos nós com saúde e salvação agora, embora tenhamos de ceder em pensamento a esse fato e aceitá-lo.
Também podemos superar tudo o que pareça impedir nosso progresso, tal como: o medo, o mau comportamento, ou quaisquer conceitos falsos que tenderiam a nos separar do Espírito, Deus. Reconhecer nossa pureza e santidade espirituais inatas nos ajuda a fazer isso.
A terceira coisa é que podemos ter certeza de que a cura, quer seja ela rápida ou lenta, é certa e inevitável. A palavra até indica que o fruto sempre acompanha a plenitude da compreensão. Como na maioria das coisas, dar-se conta e curar exigem persistência. E quanto mais persistentes formos, de forma constante, mais poderemos esperar ver que o progresso está avançando.
Durante a experiência do emprego mencionada anteriormente neste artigo, eu mentalmente ziguezagueei meses a fio, advogando em oração a favor da verdade espiritual, e com isso só consegui ficar frustrado e irritado com o testemunho dos sentidos materiais que pareciam contradizer essa verdade. Mas, quando finalmente me perguntei com toda honestidade: “O que é realmente verdade?” ― e me apeguei a essa verdade ― a libertação veio rapidamente.
A cura é inevitável porque a Verdade divina é verdadeira; a Verdade sempre derrota a mentira. À medida que aprendemos a ser mais constantes, também com muita alegria em ser mais persistentes em nossa percepção das verdades espirituais, crescem nossa confiança no poder sanador da Verdade, e nossa capacidade de demonstrar esse poder.
Muitos estudantes da Ciência Cristã estão familiarizados com esta frase das Escrituras: “e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”. Durante anos, eu a considerei uma declaração do tipo: “se / então”: Se conheceres a verdade, então a verdade vai te curar. Isso muitas vezes me deixou preocupado: “Mas, e se eu não puder conhecer a verdade?”
Mas há muito mais nos trechos das Escrituras mencionados acima. É importante considerar toda a instrução que Jesus Cristo nos deixou: “Disse, pois, Jesus aos judeus que haviam crido nele: Se vós permanecerdes na minha palavra, sois verdadeiramente meus discípulos; e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (João 8:31, 32). O “se”, aqui, está se referindo a se escolhemos continuar na palavra de Jesus. Todos os que sinceramente se esforçam para viver os ensinamentos da Ciência do Cristo, e acreditam de coração em seus ensinamentos, já tomaram a decisão de continuar em sua palavra. A promessa de Jesus para nós, então, é que nós “conheceremos” a verdade, e que ela nos libertará.
Todos nós somos livres para nos regozijar, de hora em hora, diariamente e de forma contínua, na consciência da nossa identidade espiritual como filhos de Deus amados e saudáveis. Somos livres para continuar nos dando conta do amor que Deus tem por nós, sabendo que, ao fazermos isso, com certeza vivenciaremos as bênçãos de Deus.
Ninguém está desqualificado. Cada um de nós é “bom o suficiente” e capaz de se voltar a Deus e encontrar a cura.
 
    
