É um dia normal, nada muito incomum. As coisas estão indo bem, até ouvirmos algo tão abusivo e desconcertante, talvez algo no noticiário, uma afirmação nas redes sociais, um boato na escola ou no trabalho, que logo reagimos com raiva ou desânimo. Você já passou por isso?
Por mais justificado que possa parecer esse impulso naquele momento, deixar que a indignação leve a melhor sobre nós não costuma terminar bem. Ao contrário, nos distrai e nos impede de examinar os fatos mais a fundo, perpetua a desarmonia e anuvia aquela capacidade de reflexão que leva ao progresso.
Então, não seria melhor ter uma atitude diferente em tais situações? Que tal se parássemos por um momento e deixássemos Deus, a Verdade e o Amor divinos, inspirar nossa atitude frente ao que vemos e ouvimos diariamente?
Ao pensar sobre isso, eu me inspirei em um relato que está no Evangelho de Mateus. É uma conversa curta mas significativa, entre Cristo Jesus e seus discípulos. Jesus começa perguntando o que o povo diz sobre ele. Os discípulos respondem que algumas pessoas dizem que Jesus é João Batista ou algum dos profetas mortos há muito tempo, mas Jesus não é nenhum deles, na realidade.
Cada um de nós tem inata receptividade ao Cristo, que nos capacita a reagir com sensatez, inteligência e compaixão às coisas que vemos e ouvimos.
Em seguida, Jesus perguntou aos discípulos o que eles pensavam a esse respeito. Quem respondeu foi Simão Barjonas e acertou: “...Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo”. A resposta foi tão exata, tão espiritualmente perspicaz, que Jesus elogiou a percepção de Simão, e deu-lhe um novo nome: Pedro. Então, Jesus afirmou: “...tu és Pedro, e sobre esta pedra...”, isto é, a rocha que a Ciência Cristã explica ser o Cristo, a Verdade, a ideia verdadeira de Deus, “edificarei a minha igreja” (ver Mateus 16:13–18).
Muito bem, isso me fez ver como é bom pensar duas vezes antes de reagir às situações. Foi algo que chamou minha atenção, ao ler essa passagem recentemente. Depois de ouvir a lista das maneiras pelas quais as pessoas o identificavam incorretamente, Jesus não comentou aquelas percepções errôneas, nem permitiu que elas se tornassem o centro da conversa. Ele simplesmente sondou mais, se aprofundou mais, conduzindo gentilmente os discípulos à essência do ministério divino da Verdade, que cura tanto o pecado como a doença.
Essa Verdade, o Cristo, que o livro Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, de Mary Baker Eddy, define como: “A divina manifestação de Deus, que vem à carne para destruir o erro encarnado” (p. 583), está sempre em ação. O Cristo está aqui, agora mesmo e para sempre, impelindo cada um de nós a olhar para além do que está borbulhando na superfície de uma determinada situação, para ver a profunda e verdadeira realidade: a paz e o bem eternos de Deus e a real natureza de todos nós como a expressão espiritual do “Deus vivo”, a Verdade divina, o Amor ilimitado.
Ignorar o problema, negar que ele precisa ser enfrentado ou pensar simplesmente: “Isso vai passar”, só impede que encontremos a solução. Mas, recorrer ao amor e à orientação de Deus sempre em ação, eleva-nos acima dos estados mentais doentios e cultiva a clareza de pensamento que conduz ao progresso duradouro. Quando eu cultivo o desejo de expressar mais regularmente minha verdadeira identidade como o reflexo do Amor divino, percebo que se dissolve a impulsividade fruto da emoção, e é substituída pela serenidade que tem me ajudado a encontrar um caminho mais proveitoso.
Cada um de nós tem inata receptividade ao Cristo, que nos capacita a reagir com sensatez, inteligência e compaixão às coisas que vemos e ouvimos. Quando somos suficientemente humildes para deixar que o Cristo nos inspire, ou seja, quando estamos dispostos a aprofundar o caminho até a rocha do Cristo, a Verdade, ao invés de nos apegarmos à justificação própria ou à frustração, então permitimos a entrada da luz do Cristo que traz cura e regozijo.
