Um acontecimento que me impressionou muito ocorreu quando eu estava no ensino médio. Meu avô, aos oitenta anos, foi diagnosticado com uma doença terminal, um câncer de estômago nos últimos estágios. Fazia várias semanas que ele estava gravemente enfermo, sempre piorando, sendo alimentado por uma sonda endovenosa. Os bondosos médicos que o estavam atendendo achavam que ele estava morrendo.
Durante o tempo em que estava no hospital, vovô dormia continuamente. Em nossa família, minha mãe e eu éramos os únicos que estudavam a Ciência Cristã, e nossos parentes achavam minha mãe um pouco esquisita porque ela seguia essa religião. Embora minha mãe se sentisse em desvantagem numérica, quando era ela que ficava cuidando do meu avô, ele apresentava alguma melhora, pois ela o ajudava por meio da oração.
Quando os médicos e nossos familiares acharam que ele não passaria daquele dia, minha mãe ficou ao lado dele. Ao anoitecer, ela foi para casa, e a família chegaria na manhã seguinte, preparada para o pior. Eles achavam que meu avô estava à morte, por isso minha mãe decidiu com toda firmeza que eu ficaria ao lado dele a noite inteira para orar.
Eu cheguei à noite com o livro-texto da Ciência Cristã que eu usava na Escola Dominical, o meu exemplar de Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, de Mary Baker Eddy. Eu tinha a certeza de que a mensagem desse livro sempre iria curar, porque todas as vezes em que eu ficava doente quando era mais jovem, bastava eu ler uma página e sempre ficava curado. Eu tivera curas rápidas, ao orar com as declarações abaixo, que eu até sabia de cor, e que respondem à pergunta “O que é o homem?” A resposta começa na página 475: “O homem não é matéria; não é constituído de cérebro, sangue, ossos nem de outros elementos materiais. As Escrituras nos informam que o homem é feito à imagem e semelhança de Deus. A matéria não é essa semelhança. A semelhança do Espírito não pode ser tão dessemelhante do Espírito. O homem é espiritual e perfeito; e por ser espiritual e perfeito, tem de ser compreendido dessa maneira na Ciência Cristã”. Só que dessa vez minha mãe tirou o livro de mim, talvez por achar que as pessoas que trabalhavam no hospital poderiam me interpretar mal ao me verem lendo esse livro, ou que não me compreenderiam por estar lendo em busca de uma cura. Ela foi resoluta em proteger sua própria privacidade.
Embora eu não tivesse anotações nem o livro-texto comigo, senti-me próximo de Deus, tal qual uma criança, sem duvidar que a Ciência Cristã cura. Fiquei sentado no quarto onde meu avô estava, mais ou menos das 8 horas da noite até às 7 da manhã. Ele estava dormindo e não se mexeu nem fez nenhum barulho. Mas durante todo o tempo eu orei e fiquei relembrando o que aprendera na Escola Dominical. Aferrei-me ao fato de que Deus amava o meu avô e o criara à Sua própria imagem.
Minhas orações foram simples, mas sinceras e plenas da esperança de que seriam ouvidas. Não dormi, e me senti próximo de Deus, na certeza de que Deus preenche todo espaço, inclusive o quarto onde estávamos. Meu avô não estava sob nossos cuidados, mas sim sob os cuidados de Deus.
Pela manhã, ao sair, deixei vovô ainda profundamente adormecido, de modo que os familiares, quando retornaram, e também os médicos, acharam que ele morreria naquela manhã. Minha mãe também voltara ao hospital, e depois me contou que meu avô só despertou desse sono profundo quando uma enfermeira muito animada chegou trazendo uma bandeja com o almoço, possivelmente por engano, pois já havia algum tempo que ele não se alimentava normalmente.
“Hora do almoço”, disse a enfermeira; e vovô abriu os olhos, sentou-se e almoçou, para surpresa de todos que estavam no quarto, menos da enfermeira, que deve ter ido lá levando comida para o paciente errado.
Ele teve alta do hospital logo depois, e voltou imediatamente a trabalhar em tempo integral em sua loja de mercadorias gerais, conforme fizera todos os dias desde jovem, inclusive nos feriados, tendo parado apenas enquanto ficou doente.
Minha mãe percebeu que meu avô, ao mesmo tempo, ficara curado também de asma. Ele sempre se deitava apoiado em vários travesseiros para se manter com as costas elevadas; e com uma substância forte em um vaporizador no quarto para que ele pudesse dormir. Na manhã do dia em que foi curado, ele estava dormindo de costas, respirando normalmente e, de acordo com o que fiquei sabendo, a cura da asma também foi completa. Ele viveu mais seis anos, desfrutando de boa saúde, vindo a falecer logo depois da esposa, a quem ele muito amava.
Meu avô não era Cientista Cristão, e ao que eu saiba, nunca frequentou igreja alguma de nenhuma religião, trabalhando também aos domingos. Ele não era nada efusivo, nem demonstrava gratidão, mas deu para perceber que estava discretamente lendo o livro The Cross and the Crown: The History of Christian Science [A Cruz e a Coroa: A História da Ciência Cristã], de Norman Beasley. Aparentemente, ele sabia o que o havia curado.
Graças aos ensinamentos da Ciência Cristã, tenho consciência de que nosso Pai-Mãe Deus cuida de nós continuamente, e esse conhecimento sempre tem suprido, a mim e aos meus, com orientação, proteção e progresso ininterruptos. E tem me ajudado também a reconhecer minha verdadeira identidade como expressão perfeita de Deus, e a compreender que essa é realmente a identidade de todos os demais.
Sou muito grato à minha mãe, que de todo o coração se interessou pelos ensinamentos da Ciência Cristã e me levou à Escola Dominical da Ciência Cristã desde a minha infância. Quando cresci, ela me contou que, ao término do primeiro culto ao qual assistiu, ela simplesmente viu no rosto das pessoas que tinham algo especial, de que ela necessitava. Ela amou, durante sua longa vida, essa religião que se põe em prática. Até o dia de hoje meu amor por essa Ciência continua intacto.
