Em vista dos graves desafios econômicos enfrentados por muitas pessoas devido ao confinamento durante a pandemia, eu tenho orado para compreender melhor as implicações, para todo o mundo, de nos volvermos a Deus, o Espírito, como a fonte de todo o suprimento que atende às necessidades humanas.
Como parte de um plano de estudo que elaborei no ano passado, eu orei considerando três modos de pensar e de agir, diferentes mas inter-relacionados, que, quando postos em prática no mundo de hoje, apresentam evidências da realidade e da bondade de Deus, e mostram que as ideias que têm uma base espiritual conduzem ao suprimento das necessidades: 1) compromisso com um comportamento ético, 2) cooperação e comunicação construtiva, e 3) abertura à inovação, a qual ajuda a nos libertar de limitações materiais. Estou sempre interessada em ler exemplos práticos dessas ideias. Certo dia, há alguns meses, ao ler o Boletim diário do Christian Science Monitor (Monitor Daily) (23 de abril de 2020), encontrei exemplos desses três modos de pensar e agir.
Um artigo relatava que um esforço global para documentar crimes de guerra na Síria contribuiu para permitir a um tribunal independente, pela primeira vez, a possibilidade de proporcionar algum nível de justiça a vítimas de atrocidades da guerra na Síria. Há pouco meses, dois ex-agentes da polícia secreta da Síria foram a julgamento. Se o tribunal conseguir responsabilizar e condenar algum dos culpados, essa demonstração da obrigação de prestar contas poderá encorajar outras vítimas a também fornecer provas de atrocidades cometidas, possivelmente acelerando o término de um conflito de muitos anos, o que beneficiaria enormemente a economia daquela região (ver “For Syria, a light of justice in a German courtroom”/ “Um vislumbre de justiça para a Síria em um tribunal alemão”).
Um segundo artigo dizia que governadores estaduais em algumas regiões dos Estados Unidos estavam se unindo diante dos desafios econômicos, para dar os próximos passos na luta contra a pandemia. Em meados de abril, prevendo o afrouxamento das restrições implementadas, eles começaram um trabalho conjunto para encontrar o melhor caminho a seguir. Um funcionário do governo declarou: “Sabemos que todos necessitamos da competência, do apoio, das ideias e das soluções de problemas que os outros podem apresentar” (Francine Kiefer, “States band together to take next step against coronavirus” / “Estados se unem para dar o próximo passo contra o coronavírus”).
Um terceiro artigo se referia a um conceito inovador, que combina a agricultura com a energia solar, “o sistema agrivoltaico, ou o compartilhamento de espaço entre painéis de energia solar e a produção de alimentos” (pecuária e plantações). Destacando exemplos de projetos-piloto, o artigo mostrava que, em vez de a produção de alimentos e a produção de energia competirem por espaço, existem maneiras, em algumas circunstâncias, em que ambas podem ser beneficiadas por meio da coexistência (ver Lynn Freehill-Maye, “A new vision for farming: Chickens, sheep, and … solar panels”/ “Uma nova perspectiva para a agropecuária: frangos, ovelhas, e …painéis de energia solar” ).
A bondade de Deus está sempre se revelando a todos, e nossas orações podem tornar esse fato mais claro para nós.
Para mim, essas notícias apontam para a atividade do Princípio divino, Deus, se expressando nos assuntos humanos: o julgamento por um tribunal independente indica a ética da Verdade divina; a ação conjunta dos governadores indica a Mente única, ou Deus, que todos nós expressamos; e a agricultura solar evidencia a criatividade da Alma divina, que se revela em soluções inclusivas e eficientes. As atividades abordadas nessas reportagens são o resultado de ideias construtivas e indicam algo da substância do Espírito e, por conseguinte, irão inevitavelmente ajudar a minorar a carência. Elas são a prova de que o pensamento humano está cedendo à ação da lei universal da provisão abundante de Deus para todos.
Essa lei divina é realmente o que Jesus compreendeu e aplicou quando, tendo apenas alguns pães e peixes, alimentou milhares de pessoas. Atualmente, podem parecer pequenas as demonstrações obtidas pela humanidade de que o Espírito é a fonte do suprimento, especialmente se comparadas com o que Jesus realizou; contudo, essas demonstrações resultam do mesmo Princípio ou lei divina. Quando Jesus alimentou as multidões, ele demonstrou a capacidade do Amor divino, de Deus, para atender com abundância a uma necessidade humana para a qual, segundo os sentidos materiais, aparentemente não havia provisão adequada. Essa lei divina de suprimento abundante está ao alcance de todos, para ser discernida e aplicada, e está em ação para todos nós, tanto individual quanto coletivamente. Não podemos deixar de perceber a operação dessa lei, de certo modo, na medida em que o nosso pensamento se ajusta ao Espírito e abandonamos as limitações.
Ao elevarmos nossas perspectivas para um nível mais fundamentado no Espírito, passamos a ver mais da infinitude e da diversidade da substância espiritual, que está sempre disponível para ser discernida. O livro Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, de Mary Baker Eddy, declara (empregando a palavra Alma como um sinônimo para Deus): “A Alma tem recursos infinitos para abençoar a humanidade, e seria mais fácil alcançar a felicidade e conservá-la em nosso poder, se a buscássemos na Alma” (p. 60). Na realidade espiritual, cada um de nós é criado por Deus, à semelhança dEle, e, por essa razão, cada um de nós reflete a abundância e a completude de Deus. Podemos reconhecer nossa relação com Deus como filhos dEle, e nos tornar mais conscientes da natureza infinita do bem espiritual que está sempre ao nosso alcance; assim, a percepção material das coisas se torna menos predominante, e nossa vida se ajusta de modo a nos libertar, em certa medida, da limitação e da carência. Essa maior liberdade espiritual se torna tangível para nós ao atender às necessidades humanas legítimas e ao nos prover de tudo o que seja necessário para apoiar o nosso progresso de uma forma satisfatória e abrangente. Uma maior aceitação da realidade divina faz parte do atendimento das necessidades humanas; e aquilo de que necessitamos mais profundamente é nos volvermos cada vez mais, sem reservas, para Deus. A compreensão de que a natureza de Deus é a Vida divina, a Verdade e o Amor, e também o Espírito, o Princípio, a Mente e a Alma, nos ajuda a compreender que a lei divina do suprimento é aplicável a qualquer circunstância.
Uma forma de começarmos a reconhecer o bem e o suprimento abundante de Deus é valorizar o genuíno bem que já está presente em nossa vida e na vida das outras pessoas. Isso nos ajuda em nossos esforços para deixar que nosso pensamento mude para uma base mais espiritual. Ciência e Saúde pergunta: “Somos realmente gratos pelo bem já recebido?” e prossegue declarando: “Então faremos uso das bênçãos que temos e assim estaremos preparados para receber mais” (p. 3). Reconhecer e valorizar o bem que vem de Deus não é apenas algo agradável de se fazer. Essa postura mental tem um papel definitivo para curar a carência, para encontrar a provisão que atende às nossas próprias necessidades e às dos outros.
No que se refere ao progresso coletivo, o Monitor e outras publicações de notícias respeitáveis desempenham um papel vital na sociedade, pois nos alertam para fatos que necessitam ser corrigidos. Essas publicações podem ajudar para que estejamos sempre conscientes do genuíno bem que já está acontecendo tanto no nosso país quanto no mundo inteiro; elas nos lembram do Princípio divino, o Amor, que é a fonte de todo o bem. A bondade de Deus está sempre se revelando a todos, e nossas orações podem tornar esse fato mais claro para nós, de forma que possamos ampliar a nossa percepção dessa bondade na prática, atendendo às nossas necessidades e às necessidades da humanidade.
