Lembro-me das comemorações de Natal durante minha infância em Londres, que eram cheias de luzes piscando, músicas natalinas, bonecos de neve e, embaixo da árvore de Natal maravilhosamente decorada, presentes embrulhados em papéis vistosos. Depois de adulta, morando na Nigéria, observei que a época do Natal continua a ser um alvoroço de festividades e boa-vontade, incluindo visitas aos familiares queridos, e cantando hinos inspiradores. Durante todo esse período, a mensagem de Natal, relatada de forma tão bonita na Bíblia Sagrada, ressoa desde os púlpitos das igrejas e das encenações nas escolas, aos artigos divulgados nos meios de comunicação.
Mas para algumas pessoas, o Natal não é “o tempo de alegrar-se”, como diz a antiga canção de Natal de 1862 escrita por Scotsman Thomas Oliphant. Os que sentem saudades de um passado mais feliz podem ter um semblante tristonho, e outros, com problemas de saúde, talvez sintam medo.
De qualquer forma, mais do que celebrar o nascimento de Jesus, o Natal comemora a mensagem prática universal do Cristo incorpóreo, a manifestação sanadora do Amor que Jesus exemplificou, a qual ele disse que era anterior até mesmo a Abraão (ver João 8:58). Não pode esse Cristo sanador vir aos que hoje estão sofrendo, estão tristes, ou doentes?
Alguns anos atrás, no Natal, vivi uma experiência que me mostrou que o Cristo é realmente “Emanuel,” ou, conforme explica Mary Baker Eddy no livro-texto da Ciência Cristã, Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras: “ ‘Deus conosco’, uma influência divina sempre presente na consciência humana” (p. xi). Meu filhinho não conseguia reter nenhum alimento no estômago e ele foi ficando cada vez mais fraco. Estávamos sozinhos em casa, tarde da noite, sem carro nem telefone para conseguir ajuda.
Na faculdade eu havia me tornado membro da Igreja de Cristo, Cientista, e meus estudos diários da Ciência Cristã me haviam propiciado uma compreensão mais profunda do Cristo como sendo um presente de Deus para a humanidade (ver João 3:16). Jesus, ao fazer o bem a todos e curar as multidões, demonstrou, durante sua vida, o poder prático do amor de Deus, e prometeu que qualquer pessoa, em qualquer época, pode vivenciar o bem e a cura que vêm ao compreendermos mais profundamente o Cristo sempre-presente, e a Deus, cuja verdadeira natureza é o próprio Amor. Para mim, o melhor de todos os presentes é o Cristo, que ainda continua a abençoar não apenas no Natal, mas em todos os dias do ano.
O melhor de todos os presentes é o Cristo, que ainda continua a abençoar não apenas no Natal, mas em todos os dias do ano.
Desse modo, como era de se esperar, naquela hora de pânico voltei-me de todo o coração a Deus em oração. Quase imediatamente me veio este pensamento: “Será que Deus envia a doença, dando à mãe um filho por curto espaço de tempo, levando-o embora depois por meio da morte?” Lembrei-me de que esse trecho está no livro Ciência e Saúde (p. 206), o qual articula a mensagem universal do Cristo, que cura conforme a lei de Deus.
Essa foi a ideia que lançou fora o medo, pois naquele momento reconheci e senti a verdade da resposta àquela pergunta: Não! A natureza de Deus é de um amor inefável por todos os Seus filhos e filhas; por todos e cada um de nós como expressões espirituais da bondade dEle.
Meu filho adormeceu tranquilamente ao meu lado. Ele acordou perfeitamente bem na manhã seguinte, e com muito apetite. Que Natal jubiloso foi aquele! Enquanto nos preparávamos para ir à igreja naquele domingo, eu só conseguia pensar uma coisa: “Graças sejam dadas a Deus pelo seu dom inefável!” (2 Coríntios 9:15).
O Cristo, a Verdade, é a demonstração prática de que estamos sempre com Deus. A mensagem do Cristo fala a todo coração que ansiosamente presta atenção, seja o festeiro ou o enlutado. Traz cura, conforto e alegria permanente, seja qual for a circunstância. Na Bíblia, quando Jesus nasceu, a notícia veio como uma mensagem angelical a alguns dos pastores que estavam vigiando os rebanhos naquela noite. E veio como uma estrela luminosa aos Magos, os quais fielmente a seguiram, até onde o menino Jesus havia acabado de nascer.
Diz Mary Baker Eddy: “Eu gosto de observar o Natal em quietude, humildade, benevolência, caridade, deixando que a boa vontade para com o homem, o silêncio eloquente, a oração e o louvor expressem minha concepção do aparecimento da Verdade” (The First Church of Christ, Scientist, and Miscellany [A Primeira Igreja de Cristo, Cientista, e Vários Escritos], p. 262).
Neste Natal, enquanto as ruas se enchem de decorações brilhantes, luzes vibrantes piscam nas casas e nos preparamos para dar e receber presentes, podemos oferecer um presente diferente: Quer nos encontremos no calor ensolarado do Equador ou na neve dos climas mais frios, podemos tirar um momento de quietude a sós, a orar pelos doentes e pelos tristonhos, reconhecendo que vem de Deus e do Cristo o presente da mensagem de paz, conforto e alegria; e que a cura alcança e reconforta a todos os corações famintos. Essa é a substância fundamental e principal do Natal.
    