Todos nós já passamos por situações em que confortamos algum amigo que estava em dificuldade ou triste pela perda de um ente querido. Não há um manual a respeito do que dizer ou como reagir quando ocorre um óbito. Mas todos os que já se sentiram tristes ou enlutados pela perda de alguém se perguntaram: como posso sentir e expressar mais conforto, alegria e compaixão?
Há vários anos, meu irmão sofreu morte instantânea em um acidente de carro. Ninguém está preparado para reagir diante de uma notícia tão trágica. Lembro-me de que minha reação, inicialmente, foi de orar para compreender o que havia acontecido. E houve uma resposta imediata àquela oração, sob a forma de algo comparável a um abraço mental. Senti como se o Amor divino, Deus, estivesse bem ao meu lado, para que eu soubesse que minha família estava envolta em amor, e que meu irmão também continuava a ser cuidado e amado.
Mas, com o passar dos dias, interagir com as pessoas foi difícil. Por mais bem-intencionadas que fossem suas inquietações, eu quase podia sentir o peso opressivo de sua piedade e tristeza. Alguns comentários de solidariedade até pareciam insinuar que Deus tinha algo a ver com a morte de meu irmão ou que a vida dele havia se acabado sem que ele se realizasse.
Como posso sentir e expressar mais conforto, alegria e compaixão?
Sem dúvida aquelas sugestões eram motivadas por amor, mas elas me fizeram sentir triste e confusa. Aqueles conceitos apresentavam a vida como sendo definida pela matéria, ou Deus como sendo a causa de acontecimentos ruins. Não estavam nem um pouco em sintonia com o que eu aprendera a respeito de Deus em meu estudo da Bíblia e da Ciência Cristã, que foi descoberta por Mary Baker Eddy.
A Bíblia revela que Deus é o Amor. Para explicar melhor essa verdade, Cristo Jesus usou a metáfora de Deus como sendo um Pastor, o qual cuida, é confiável e sábio, está sempre presente, e jamais deixa nem sequer um de Seus filhos ou filhas andar a vaguear, se perder, ser ferido ou morrer. Jesus declarou que “…não é da vontade de vosso Pai celeste que pereça um só destes pequeninos” (Mateus 18:14). Naqueles momentos, logo após o falecimento do meu irmão, eu sentira de maneira palpável o cuidado desse terno Pastor sempre-presente, assegurando-me que meu irmão não havia perecido, mas, ao contrário, continuava a ter e expressar a Vida divina, que é o próprio Deus.
Jesus explicou também que a vida é eterna. E por meio das curas memoráveis que proporcionou a tantas pessoas, ele comprovou a verdade dessa realidade espiritual. Ele mostrou que nossa verdadeira identidade é imortal, ilimitada e espiritual; e que por sermos a ideia espiritual, ou criação de Deus, jamais a vida de alguém realmente se extingue. A vida não acaba, porque o eterno Deus, nosso Criador, é a Vida. À medida que ganhamos novas perspectivas a respeito da Vida e do Amor como sendo infinitos e divinos, compreendemos que a vida nunca pode realmente ser perdida, e que nunca ficamos sem o amor de Deus.
Poucos dias após o falecimento do meu irmão, algumas pessoas vieram visitar a família; elas compreendiam essa verdade e realmente expressavam a natureza terna e poderosa de nosso Pastor celestial. Minha mãe fazia parte de um grupo bastante unido de senhoras da igreja, as quais, ao longo dos anos davam apoio umas às outras por meio da oração; e elas haviam compartilhado risadas e amor fraternal durante bons e maus momentos. Aquelas “devotas senhoras” entraram cheias de vivacidade em nossa casa.
Pareceu-me que elas haviam chegado nas asas do Amor divino. Trouxeram o jantar e sorrisos amorosos que irradiavam fé e ternura. E principalmente, nos abraçaram com um vigor que parecia dizer: “Ele está bem, e disso podemos ter certeza!” Todos nos sentimos reerguidos pelo amor que elas expressaram, e esse foi realmente o ponto da virada, quando nossa família começou a superar o luto, em direção a dias mais luminosos. Não se tratava de algo baseado na pessoalidade, mas sim foi o toque de conforto do amor de Deus, expressado por aquelas senhoras tão queridas, trazendo à nossa família a convicção de que a verdadeira identidade espiritual do meu irmão permanecia intacta e íntegra.
Quer estejamos nós mesmos enlutados ou necessitemos confortar alguém que esteja, podemos deixar que o todo-abrangente amor de nosso divino Pastor ilumine o caminho que está à nossa frente. Assim podemos compartilhar esse mesmo amor por meio da compaixão proveniente da certeza de que nenhum dos filhos ou filhas de Deus jamais está sozinho ou perdido.
