É necessário um processo, para haver progresso?

Recentemente, tenho pensado muito no conceito de processo, em especial aquele relacionado à cura. É frequente nos depararmos com a suposição de que a cura, e todo tipo de progresso, dependam de um processo. Por exemplo, muitos países estão em processo de reabertura, lidando ainda com questões preocupantes relacionadas à pandemia global, ao passo que outros acham que esse processo já está se prolongando demais, ou que está muito atrasado devido a novos decretos de isolamento social.

Seja qual for o processo em questão, sempre envolve etapas que levam a um objetivo ou fim específico. Os processos podem ser, contudo, muito limitadores quando se baseiam nas previsões materiais de como os eventos ocorrerão em um determinado período. 

No entanto, por meio da oração, que alinha nosso pensamento com a perfeição de Deus, podemos acabar com as limitações dos processos materiais.

No Evangelho de João, Jesus nos faz esta linda promessa, que contradiz diretamente a suposição de que para haver progresso seja necessário um processo: “Não dizeis vós que ainda há quatro meses até à ceifa? Eu, porém, vos digo: erguei os olhos e vede os campos, pois já branquejam para a ceifa” (4:35). Ponderando sobre essa promessa, Mary Baker Eddy, a Descobridora da Ciência Cristã, ressalta em seu livro A Unidade do Bem: “Jesus não precisava de ciclos de tempo nem de pensamento para que fossem alcançadas as condições adequadas para a perfeição e suas possibilidades. Ele disse que o reino do céu está aqui, e está incluído na Mente; e que, enquanto dizeis: Ainda há quatro meses até a ceifa, eu digo: Olhai para cima e não para baixo, porque vossos campos já branquejam para a ceifa; e juntai a colheita por processos mentais, não materiais” (pp. 11–12). 

Um processo típico com que muitos nos deparamos em algum momento na vida é a procura de emprego. Estou aprendendo, porém, que nem mesmo para encontrar emprego precisamos de um processo. Quando me senti impelida a seguir um forte desejo de buscar emprego com base no meu amor pela Ciência Cristã e sua missão de cura, confiantemente pedi demissão da firma em que trabalhava, embora eu não tivesse outro emprego em vista. 

Minhas orações durante esse período foram muitas vezes guiadas por esta estrofe de um hino do Hinário da Ciência Cristã:

Embora eu não tenha conseguido emprego de imediato, houve inúmeros exemplos da graça e da orientação de Deus ao longo do caminho, abrindo portas e me impelindo a seguir em frente. Isso me levou a experiências mais abrangentes e enriquecedoras, que permitiram que eu me empenhasse ainda mais em meu amor pela prática da cura pela Ciência Cristã e que compreendesse melhor a grandiosidade, a beleza e o amor de Deus.

“Preciso processar mentalmente essa informação antes de chegar a uma conclusão” é uma frase usada com frequência. No entanto, não há indicações de que em seu trabalho de cura Cristo Jesus precisasse de um longo processo de pensamento, nem para si mesmo nem para as pessoas que ele curava. Pelo contrário, aqueles que o procuravam em busca de alívio para alguma doença eram curados imediatamente. O livro de Mateus registra que Jesus disse: “…Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus” (4:17). O reino dos céus — o reino da harmonia divina — está presente aqui e agora, não em algum local distante ou apenas em alguma data futura. O ministério de cura de Jesus era testemunho da presença constante da realidade espiritual, e assim se produzia a mudança necessária na vida das pessoas que ele curava, não de maneira gradativa, mas imediata.

Aprendi com isso que o bem de Deus está sempre presente; a Deidade não se atrasa nem procrastina. Pouco tempo depois de dar meu aviso de demissão no local em que trabalhava, candidatei-me a uma vaga que parecia perfeita para mim. O processo de seleção durou vários meses e, no fim, não consegui a vaga. Minha reação inicial foi de decepção. Menos de uma semana depois, porém, fui inesperadamente contratada para um emprego que não exigiu nenhum processo de seleção e que fortaleceu meu amor pela cura espiritual.  

A cura não é um processo, mas uma revelação daquilo que sempre foi e sempre será verdadeiro a respeito da criação espiritual de Deus e de nossa completude como reflexo de Deus. A oração eleva o pensamento acima da visão limitada fundamentada no ego, para que possamos ver a realidade das coisas como Deus as vê — totalmente boa, cheia de propósito, organizada e harmoniosa.

Não importa se nossas comunidades estão passando pelo processo de reabertura ou se ainda estão cumprindo decretos de isolamento social, podemos afirmar e dar provas de que o reino dos céus, no qual as leis de saúde e harmonia de Deus estão sempre presentes e ativas, já está próximo. Nossa vida não depende de processos materiais, mas do desdobramento espiritual permanente, eliminando o pensamento material limitado e revelando a presença e supremacia universal do Espírito, Deus, e Sua criação perfeita. Cada dia é uma oportunidade de testemunhar algo mais da perfeição que nos é inata. 

Estamos sempre progredindo e nosso Pai-Mãe Deus, o Amor divino, desdobra cada passo, revelando a cada um de nós um senso mais amplo de identidade, propósito e saúde.