Atualmente, parece que nosso mundo se encontra em estado de caos. Cada tópico que surge na mídia parece trazer relatos a respeito de uma nova confusão ou de uma nova crise de algum tipo, produzindo incerteza e ansiedade. Será que nós podemos, individualmente, ajudar a curar essa situação e, ao mesmo tempo, ajudar a elevar a nós mesmos e ao nosso mundo para fora desse caos?
Uma pequena frase escrita por Mary Baker Eddy, a Descobridora e Fundadora da Ciência Cristã, suscita em nós uma encorajadora oportunidade para reflexão e fornece uma base para as nossas orações em prol do mundo. Falando a respeito do senso material da vida, que é o oposto da inteligência divina, ela escreve: “O caos da mente mortal se converte no degrau que leva ao cosmos da Mente imortal” (A Unidade do Bem, p. 56).
Um dicionário define a palavra caos como “um estado de grande confusão ou desordem; uma total falta de organização ou de ordem”. E também define a palavra cosmos como “o mundo ou o universo considerado como um sistema ordenado e harmonioso”.
Como é que nós nos identificamos: vivemos no caos, ou no cosmos? E em que consiste cada um desses sistemas?
Os dois relatos contraditórios a respeito da criação, conforme constam no primeiro e no segundo capítulos do Gênesis, exemplificam duas formas opostas de pensar sobre a realidade. A Ciência Cristã explica o primeiro relato como verdadeiro e o segundo como falso.
No primeiro relato, a criação começa com o Espírito, Deus, e se desdobra de uma forma muito ordenada e clara. Deus cria primeiro a luz, e a separa das trevas. Deus então separa da terra os mares, e faz com que a terra produza relva, ervas e frutos, ou seja, alimentos em abundância. Depois de criar o sol, a lua e as estrelas, Deus cria todos os seres viventes, com o seu habitat já preparado, à sua espera. Como o ponto alto da criação divina, Deus cria então o homem ("macho e fêmea") à Sua imagem e semelhança e outorga domínio ao homem. Finalmente, Deus contempla tudo o que foi criado espiritualmente e o considera como "muito bom" (ver Gênesis 1:1–31). Esse por certo é um universo harmonioso e belo, cada ideia vivendo pacificamente com todas as outras ideias na ordem divina.
Em contrapartida, o caos retratado na alegoria de Adão e Eva, logo no início do segundo capítulo do Gênesis, começa com uma névoa que distorce tudo. Uma representação inversa e falsa de Deus, chamada Senhor Deus, cria um universo de matéria e o homem feito do pó da terra. Esse Deus falsificado hipnotiza então o homem criado do pó e realiza nele uma operação cirúrgica, removendo um osso, do qual cria uma mulher. A esse caos junta-se uma cobra falante que engana a mulher com mentiras e desmoraliza o homem. O relato termina com Adão sendo amaldiçoado com uma vida de trabalho duro, e Eva com partos dolorosos (ver Gênesis 2:4–3:19). Que confusão caótica!
Como é que nós nos identificamos: vivemos no caos, ou no cosmos?
No momento atual em que estamos vivendo, parece que nosso mundo se assemelha ao caos do segundo relato da criação, em vez de se assemelhar ao cosmos do primeiro relato. Mas, ao longo de toda a história, sempre houve uma escolha a respeito do que aceitar como sendo o poder governante do universo, e essa escolha teve um impacto na experiência humana. Está registrado na Bíblia que foi dito o seguinte aos filhos de Israel: “...escolhei, hoje, a quem sirvais...” (Josué 24:15).
Estamos aceitando a imagem caótica de onde vivemos ― um lugar onde a doença, as crises econômicas e os conflitos políticos estão proliferando e cerceando nossas liberdades? Esse não é o desígnio de um Deus inteiramente bom, todo amoroso, mas sim a manifestação exteriorizada do materialismo e de um falso senso de vida.
Então, qual é o verdadeiro cenário, qual é a realidade divina? É o cenário do universo belo, ordenado e produtivo, criado pelo Deus inteiramente bom, o Espírito, do primeiro capítulo do Gênesis. Ali o homem ― a verdadeira identidade de cada um de nós ― criado à semelhança de Deus e abençoado por Ele com domínio, está eternamente seguro na eterna presença do Espírito divino, refletindo todo o poder do Espírito e expressando a Mente e a inteligência de Deus.
Em Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, a Sra. Eddy escreve: “As três grandes propriedades do Espírito: a onipotência, a onipresença e a onisciência ― o Espírito a possuir todo o poder, a encher todo o espaço, a constituir toda a Ciência ― contradizem para sempre a crença de que a matéria possa ser real. Essas propriedades eternas revelam a existência primeva como a realidade radiante da criação de Deus, na qual Sua sabedoria declara que tudo o que Ele fez é bom” (pp. 109–110).
Aceitar esse modelo mental como o único modelo verdadeiro nos capacita para viver sem medo ou ansiedade e nos abre o caminho para que possamos vivenciar a harmonia celestial aqui e agora. Jesus demonstrou a harmonia suprema do reino de Deus por meio de suas parábolas, e disse que o reino dos céus está próximo ― exatamente aqui conosco (ver Mateus 4:17).
E quando lhe perguntaram sobre quando viria o reino de Deus, Jesus disse: “...Não vem o reino de Deus com visível aparência. Nem dirão: Ei-lo aqui! Ou: Lá está! Porque o reino de Deus está dentro de vós” (Lucas 17:20, 21). Em outras palavras, os sentidos físicos são incapazes de perceber esse reino, descrito no primeiro capítulo do Gênesis como "muito bom", porque esses sentidos só veem, ouvem, e sentem a matéria. No entanto, verdadeiramente vivemos nesse reino celestial do Espírito, e não onde a desarmonia parece reinar como pecado, doença, e morte. Quanto mais aceitamos e abraçamos essa verdade, mais a compreendemos. Isso nos permite ajudar a nós mesmos e aos outros a viver no “cosmos da Mente imortal”, ao invés de viver no “caos da mente mortal”.
Como o ponto alto da criação divina, Deus cria então o homem (“macho e fêmea”) à Sua imagem e semelhança.
Para nos ajudar a vivenciar a harmonia celestial exatamente onde nos encontramos, o seguinte parágrafo de Ciência e Saúde delineia o tipo de oração que molda uma vida harmoniosa.
Depois de descrever a maneira como o mundo mantém continuamente diante do nosso olhar um modelo de vida discordante, a Sra. Eddy diz: “Para remediar isso, temos primeiro de volver o olhar para a direção certa, e então seguir esse caminho. Precisamos formar modelos perfeitos no pensamento e contemplá-los continuamente, senão nunca os esculpiremos em uma vida sublime e nobre. Que o desprendimento do ego, o bem, a misericórdia, a justiça, a saúde, a santidade, o amor ― o reino dos céus ― reinem em nós, e o pecado, a doença e a morte diminuirão até finalmente desaparecerem” (p. 248).
À medida que começamos a nos identificar como residentes permanentes daquele lugar que Jesus chamou de "reino dos céus", ou seja, o cosmos espiritual de harmonia, ordem, paz, abundância, segurança, bem-estar, companheirismo divino, atividade correta, etc., a versão distorcida da representação poeirenta, nebulosa, restrita, materialista e discordante da vida se desvanecerá da nossa consciência e, nessa mesma proporção, desaparecerá da nossa experiência.
Então, como é que "o caos da mente mortal" pode se transformar em um degrau para "o cosmos da Mente imortal"? Um estado de caos pode ser o que nos move ao progresso e a um estado mais elevado, ao compreendermos estas palavras de Ciência e Saúde: “As experiências difíceis comprovam que Deus cuida de nós” (p. 66).
Quer dizer, quando as situações difíceis ocorrem, podemos substituir, em nosso pensamento e em nossas orações, o quadro desencorajador do caos, pelo fato divino imutável de que em realidade vivemos no cosmos, no sistema harmonioso da criação de Deus. À medida que assim fazemos, comprovamos que o amor de Deus está verdadeiramente presente onde parece que estamos vivenciando uma dificuldade. Dessa maneira, podemos ajudar, não só a nós mesmos, mas também a toda a humanidade, a destruir o falso quadro de confusão e desordem, progredindo e elevando-nos cada vez mais alto no domínio que Deus outorgou ao homem, com liberdade sem restrições e alegria abundante.
O reino inteiramente bom de Deus já está aqui para que possamos vê-lo, aceitá-lo, regozijarmo-nos nele, e habitá-lo. Vamos identificá-lo como o lugar onde nós, nossas famílias e o mundo inteiro, vivemos, nos movemos e existimos. Trata-se literalmente do “céu na terra", em toda parte. Portanto, mudemos hoje mesmo o nosso endereço! Vamos mentalmente nos mudar da terra do caos, e viver conscientemente, agora e para sempre, na paz, na ordem e na beleza do reino de Deus ― "o cosmos da Mente imortal".