Alguma vez você já desejou que sua sede espiritual fosse mais forte e mais constante? Eu já.
Após uma rápida reflexão a respeito da vida de minha mãe, compreendi que sua sede espiritual, ou seja, sua ânsia pelas coisas do Espírito, foi uma força propulsora para que ela conhecesse a Deus e alcançasse saúde, propósito e felicidade. Antes de minha mãe encontrar a Ciência Cristã, havia pouquíssimas coisas relacionadas às circunstâncias de sua vida que lhe dessem alegria ou satisfação. Ao ser curada pela leitura do livro de Mary Baker Eddy, Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, após não ter sido curada pelo tratamento médico (ver testemunho de Lillian Paul, publicado no Sentinel, de 1º de Março de 1952), ela aceitou a premissa que lhe era totalmente nova, apresentada no livro, dizendo que Deus é o Espírito e que o homem é espiritual. Essa compreensão revolucionária colocou-a em uma nova senda e ela passou a vivenciar cada vez mais domínio sobre as cruéis limitações da matéria.
Minha mãe passava horas todos os dias estudando as Lições Bíblicas semanais do Livrete Trimestral da Ciência Cristã, e procurava discernir o que aquelas lições lhe exigiam, ao trilhar o caminho do crescimento espiritual. Ela voltava das palestras da Ciência Cristã imbuída de ideias espirituais práticas, e ansiosa para aplicá-las e compartilhá-las. Em pouco tempo, estava curando outras pessoas. Deus, o Amor divino, estava transformando sua vida, e o resultado foi que ela passou a desfrutar de melhor saúde, propósito, e felicidade.
Ao analisar a experiência de minha mãe, ficou claro para mim que a insatisfação com a matéria sob todas as suas formas é um benefício para o crescimento espiritual, enquanto que o contentamento com a crença de que a existência é material é um entrave. Cristo Jesus colocou-o desta forma: “Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão fartos” (Mateus 5:6). Ter “sede de justiça” é estar sedento por uma compreensão da nossa identidade espiritual verdadeira como o puro filho de Deus. Ficar “farto” é constatar que, em realidade, somos espiritualmente sadios e estamos em plena paz.
As páginas da Bíblia estão cheias de relatos de corações e mentes errantes — tais como os filhos de Israel durante o Êxodo — vagando no “deserto” da mentalidade voltada para as coisas da matéria, sendo depois despertados, ou por experiências difíceis ou por um influxo de luz espiritual, ou por ambos. Eles aprenderam a abandonar a confiança na matéria, a deixar para trás suas paixões materiais, rejeitando-as todas e, com humildade, voltar-se para o Cristo salvador que traz à luz a nossa espiritualidade inata.
Se nos sentirmos mais ou menos encalhados em padrões de pensamento material, não precisamos perder a esperança.
No livro de Lucas, lemos sobre uma mulher que tocou a orla da veste de Jesus e foi curada de uma doença de longa data (ver Lucas 8:43–48). Pela resposta de Jesus ficamos sabendo que foi a fé que a curou. Mas também sabemos, por seus ensinamentos, que essa não poderia ter sido uma fé cega ou passiva. Deve ter sido algo mais profundo — uma fé baseada em um senso espiritual de que existe algo mais real do que a matéria — que a impeliu a recorrer a Jesus.
Essa mulher não só tinha uma boa razão para procurar Jesus, como também para ouvir as boas-novas que ele pregava sobre a vida no Espírito. A medicina daquela época a havia deixado doente e empobrecida. Talvez esse fato tenha sido um indicador de que ela percebia melhor que a crença de que a vida e a substância sejam materiais era inerentemente insatisfatória. A expectativa de recuperar a saúde por meio da natureza do Cristo deve ter-lhe parecido tão real, que ela a procurou, tanto mental como fisicamente, e a aceitou para si mesma. Pode ser que, naquele dia, sua sede espiritual tenha sido maior do que a sede espiritual de todos os outros na multidão, e que foi essa sede espiritual que lhe permitiu colher os frutos da sua fé.
E quanto a nós? Se já estamos optando pela inclinação espiritual, em vez de nos satisfazermos com a matéria, podemos persistir, e sentir-nos mais próximos de Deus e de Seu Cristo, e também com capacidade de praticar a cura espiritual de modo mais eficaz. Contudo, se nos sentirmos mais ou menos encalhados em padrões materiais de pensamento, não precisamos perder a esperança. Qualquer pessoa pode vivenciar o toque do Cristo, a Verdade sempre presente, que eleva a consciência e revela a natureza espiritual do homem — a natureza de cada um de nós. Por meio do Cristo, a verdadeira ideia de Deus, podemos, com esforço persistente, livrar-nos da falsa noção de que possivelmente poderíamos estar satisfeitos com a vida baseada na matéria.
A resistência à Verdade divina, o Espírito, nunca faz parte da nossa individualidade real. O esforço por alcançar e agarrar-nos com mais força à veste do Cristo, do autoconhecimento espiritual e do amor espiritual, irá proporcionalmente aprofundar e expandir tanto o nosso propósito de vida como a nossa contribuição para os outros.
A busca ativa e sedenta por algo mais confiável e satisfatório do que a matéria nos levará a consagrar mais dos nossos momentos e horas a amar o Cristo, a Verdade, e a torná-lo o nosso próprio ideal. A sede de retidão e justiça é uma maneira natural de buscar a sintonia com a presença do Cristo. É o meio pelo qual abandonamos um senso falso, material, em favor do senso verdadeiro, o espiritual.
Sou grato pelos momentos em que minha própria sede espiritual me fez sair de um senso de estagnação espiritual. Afirmar e compreender que não sou constituído por um senso material de vida, que nunca poderia ficar satisfeito pelo senso material, e que o meu presente e o meu futuro não são determinados por um passado material, libertou meu pensamento para que eu pudesse alcançar a minha verdadeira identidade em Cristo. Ajudou-me também a afirmar que amo o senso espiritual e, portanto, quero cultivá-lo a fundo e empregá-lo ativamente em minha vida. Tais ocasiões têm me levado ao crescimento espiritual e à cura. Ciência e Saúde indica que: “A renúncia ao ego material ajuda a discernir a individualidade espiritual e eterna do homem, e destrói o conhecimento errôneo obtido da matéria ou daquilo que chamamos sentidos materiais” (p. 91).
Uma vez eu estava orando para ficar livre de um problema muito doloroso no pé. Todos os dias eu procurava algum alívio físico e ficava incomodado quando não encontrava nenhum. Finalmente, cansei-me de pensar no meu pé e senti uma sede clara por mais espiritualidade — e por uma melhor compreensão da minha união com Deus. Esse foi um momento decisivo e a cura veio rapidamente.
Em outra ocasião, eu estava insatisfeito com meu emprego. Embora estivesse contente com o nível profissional de atividade e de remuneração, meu senso mais profundo e espiritual a respeito do meu propósito na vida não estava satisfeito. Eu sentia minha inspiração e luz espiritual drenadas e consumidas por um ambiente de trabalho que era materialista em grande proporção. Eu tinha sede de compreender e concretizar uma expressão espiritualmente mais satisfatória de emprego e do que significa ser empregado por Deus e servi-Lo. Todos os dias eu acalentava o desejo de testemunhar melhor o meu propósito, proporcionado por Deus e dirigido por Deus. Eu afirmava meu relacionamento espiritual com o Amor divino, Deus. Reconhecia a Deus como o meu verdadeiro empregador, colocando-me e adequando-me para fazer o Seu trabalho. Eu orava frequentemente pela oportunidade de abençoar os outros.
Após alguns meses, tomei conhecimento de uma oportunidade de trabalhar para uma organização que se adequava perfeitamente ao meu senso mais claro de propósito. Os vinte anos seguintes saciaram a minha sede espiritual. Quanto mais eu conseguia contribuir com base na inspiração espiritual, na compreensão e no amor, mais me sentia impelido a continuar a crescer espiritualmente. E com esse crescimento veio também a oportunidade de ajudar outros que sentiam uma sede semelhante. Para mim, essa experiência exemplifica uma esperança que consta em Ciência e Saúde e que diz: “Quando esperamos pacientemente em Deus e procuramos a Verdade com retidão, Ele direciona nosso caminho” (p. 254).
Nenhum de nós está preso a um senso limitado e material sobre nós mesmos. A sede pelas coisas do Espírito irá nos libertar, trazendo inevitavelmente maior satisfação à nossa vida, reforçando assim a nossa capacidade de servir a Deus e ajudar os outros.
