Consideramos dormir como algo importante — para ter boa produtividade no trabalho, para estar bem com nossa família e amigos, e estar dispostos e alegres. Mas, em muitas circunstâncias, as pessoas acham que ter uma boa noite de sono é um desafio. De acordo com uma pesquisa de mercado, o gasto mundial com medicações para dormir em 2020 foi de oitenta bilhões de dólares.
Como é bom saber que existe outra maneira de abordar esse problema! A Ciência Cristã nos dá uma perspectiva diferente, que nos ajuda a perceber a harmonia em qualquer atividade que realizamos, inclusive quando dormimos, o que para a maioria das pessoas é constituído de um terço do dia.
A Bíblia afirma que Deus é o Amor divino (ver 1 João 4:8). Para que o Pai-Mãe Deus realmente exista, Deus precisa ser expressado, assim como para que uma canção verdadeiramente exista precisa ser cantada, ou uma dança precisa ser dançada. Deus Se expressa em ideias espirituais (cada um de nós), e cada um de nós não tem existência separada de Deus, pois nossa única existência é nossa coexistência com o Pai-Mãe Deus.
Pensar que somos puramente espirituais talvez seja uma nova maneira de ver a vida. Simplesmente significa ver para além de nossa imagem física, quer sejamos um aluno de jardim de infância ou um idoso. Significa ver que nossa verdadeira individualidade — quem eternamente somos — já coexiste e sempre coexistirá com esse Amor infinito, de maneira tranquila e repousada, como sua expressão única. E dormir normalmente é uma expressão dessa ação repousada e repousante.
De acordo com esse conceito mais elevado de individualidade, estamos sempre em tranquilo descanso. Mas esse descanso não significa inatividade nem inconsciência. Pelo contrário, cada um de nós, em nosso verdadeiro existir como reflexo ou expressão de Deus, está mentalmente descansando na infinitude do Amor ilimitado — sereno, em paz e expectante do bem.
A Bíblia diz que Deus criou o universo em seis dias e, então, descansou (ver Gênesis 1, 1–2:3). Esse conceito pode ser aplicado, não de modo literal, mas metaforicamente, pois o número sete, nos textos hebraicos sagrados, representa completude. Será que temos essa consciência do sétimo dia, em que as coisas estão completas, perfeitas e “muito boas”? Ter essa consciência é verdadeiramente repousante, é o oposto de preocupação, ansiedade, culpa e depressão. Deus nos dá domínio sobre esses estados mentais, os quais são alheios à nossa verdadeira natureza espiritual. Cristo Jesus disse que não deveríamos nos preocupar nem mesmo com as coisas mais básicas. Aliás, disse ele, devemos buscar compreender o governo de Deus, e assim todas essas coisas nos serão acrescentadas (ver Mateus 6:28–34).
No Glossário de Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, escrito por Mary Baker Eddy, encontramos uma série de termos com sua interpretação espiritual, a maioria procedentes da Bíblia. Parte da definição de morte é: “A carne em guerra com o Espírito; aquilo que se agita para se libertar de uma crença, apenas para ser acorrentado por outra, até que toda crença de haver vida, ali onde a Vida não está, ceda à Vida eterna” (p. 584).
A Ciência Cristã nos ajuda a perceber a harmonia em qualquer atividade que realizamos, inclusive quando dormimos.
Talvez a ansiedade ou a preocupação sejam consideradas normais, mas no universo do bem, que é o universo de Deus, elas não têm vez. Em realidade, a preocupação é uma espécie de morte, pois é antagonista à paz e à liberdade derivadas de um Deus único, cuja criação é completa, perfeita, e está em paz.
Compreender que essa é nossa natureza como criação de Deus nos dá a capacidade de recusar sermos perturbados por pensamentos de medo, falta, ou de um falso senso de responsabilidade e, portanto, de combater essa preocupação. Nossa consciência individual pode verdadeiramente brilhar como o reflexo do Deus único, que está sempre em paz. E devido ao grande amor de Deus por nós, Ele está sempre nos dando pensamentos tranquilizadores e de paz, que nos ajudam a reconhecer que o medo e a preocupação não têm fundamento em Deus, e, portanto, também não são de maneira alguma nossos pensamentos. Jesus disse: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei” (Mateus 11:28). Ele demonstrou uma tranquilidade imperturbada, entre outros exemplos, ao dormir profundamente em um pequeno barco de pesca, durante uma terrível tempestade (ver Marcos 4:37–39).
A maneira como cada um de nós, na vida prática, encontra a tranquilidade como reflexo espiritual de Deus, é individual. Em meu caso certa disciplina, com respeito à hora de me recolher para dormir, me ajuda e me traz liberdade. Mas, em vez de ficar pensando que tenho de colocar minha cabeça no travesseiro e dormir em determinado horário, espero com alegria esses momentos antes de adormecer, para estar em silenciosa comunhão com Deus. É uma oportunidade para rever meu dia, ser grato pelo bem presenciado e pensar nos Dez Mandamentos e outras lições que encontramos na Bíblia. Se ainda estou acordado depois disso, gosto muito de orar por meu bairro, pelo mundo ou por minha igreja.
Há alguns anos, quando eu ia para a cama, ainda assistia a alguma coisa on-line ou ficava usando o celular. Contudo, a oração me guiou, quando vou dormir, a não me preocupar com o que aparece no celular ou nos e-mails, mas a nutrir esses momentos para ficar em silêncio com Deus e ouvir os pensamentos que dEle emanam. Isso me ajudou a ter um sono não só mais regular, como também sem perturbações.
Será que devemos tirar um cochilo, ou dormir uma sesta, durante o dia? Em algumas culturas e para algumas pessoas, tirar uma soneca é comum. O que realmente importa é nos voltarmos a Deus para saber o quanto e quando devemos dormir. A vantagem de se lidar com problemas relacionados ao sono somente por meio da oração e da compreensão espiritual — em vez de tomar remédios para dormir — é que, por meio da oração, podemos lidar com as causas fundamentais da insônia. Além disso, os efeitos colaterais da oração são todos positivos!
Todos nós podemos dormir normalmente e nos sentir conscientemente descansados e renovados, como demonstração de nossa verdadeira natureza espiritual. Estamos sempre tranquilamente descansando, em união com o infinito Amor divino.
