Os ciclos parecem estar presentes em toda parte: nas estações do ano, nas fases da lua, nas marés e assim por diante. O dia talvez seja o ciclo com o qual a humanidade está mais familiarizada: o amanhecer, a manhã que se expande para o meio-dia, declina para o crepúsculo e finalmente para a noite. Por outro lado, muitos consideram o ciclo da vida material semelhante a uma curva em forma de sino, com um período ascendente seguido por outro em declínio.
A Descobridora da Ciência Cristã, Mary Baker Eddy, alerta: “Medir a vida pelos anos solares despoja a juventude e reveste a velhice de características feias”. Ela rejeita o conceito de um ciclo material de vida e declara que a plenitude do homem, a verdadeira natureza de cada um de nós, é “o eterno meio-dia” do existir, nunca diminuído por um sol em declínio (Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, p. 246).
Não se trata de amadurecimento, declínio de um ápice, decaída para a noite — somente do eterno meio-dia. Aliás, a Sra. Eddy nos encoraja a separar da “ideia da Vida” aquilo que chamamos de tempo, pois a Vida habita apenas na eternidade (Ciência e Saúde, p. 468).
A Sra. Eddy constatou que, em vez de permitir que nossa vida e a dos outros seja moldada por pensamentos e imagens de imaturidade ou declínio, podemos começar por estar conscientes de que Deus não apenas é a origem de todas as coisas, mas é a própria Vida, a base contínua de toda a existência. Desse modo, afastamo-nos mentalmente do conceito de tempo, rumo à eternidade. Jesus disse: “…antes que Abraão existisse, Eu Sou” (João 8:58). Afirmou que o Cristo, sua identidade espiritual, vive na eternidade, na qual os tempos passado, presente e futuro fundem-se em um só, na qual a vida não é definida por ciclos materiais.
Nossa percepção da existência é repetidamente modelada pela idade. É como se o número de vezes que a terra gira em torno do sol nos informasse quem somos. A Sra. Eddy afirma que essas percepções são “conspirações contra a plenitude do homem e da mulher” (Ciência e Saúde, p. 246).
Mas podemos escolher o que vamos aceitar. Ou concordamos com essas “conspirações” (sem dúvida elas nos assaltam ruidosamente!), ou começamos a levar a sério a noção simples, mas radical, de que somos eternos, de que expressamos continuamente a vitalidade de nosso Criador.
Faz algum tempo, me disseram que fazer mergulhos em águas profundas não é próprio para pessoas da minha idade. No entanto, em meu estudo da Ciência Cristã, eu vinha aprendendo a me identificar como espiritual e eterno, e não como um ponto em uma curva de ciclo de vida em forma de sino. Eu estava orando diariamente para compreender algo mais além do que saber que Deus me dá a vida, mas sim que Deus é minha vida. A oração estava revelando que vivo na ilimitada eternidade, não no tempo. E também, por ser criação da Vida divina, do Espírito, sou inteiramente espiritual, portanto, indestrutível.
O livro de Isaías, cujo título é o nome de um grande profeta das escrituras hebraicas, usa uma metáfora simples para descrever nosso relacionamento com Deus: “…ó Senhor, tu és nosso pai, … tu o nosso oleiro; e todos nós, obra das tuas mãos” (Isaías 64:8). Deus, o Espírito, é o oleiro que trabalha eterna e ininterruptamente, e nós somos o efeito espiritual e contínuo da atividade criadora do oleiro. Compreendi que não faço parte de nenhuma teoria de ciclo de vida, pois estou inteiramente nas “mãos” que moldam a vida, as mãos de meu Pai, Deus.
Dei-me conta de que eu podia mergulhar, e ver no fundo do mar um mundo de vida marinha, totalmente novo aos meus olhos. Que alegria compreender que não havia lugar para mim na curva em forma de sino, ou no gráfico de expectativa de vida de algum demógrafo e que, com efeito, nenhum de nós ocupa esse lugar. Em vez disso, vivemos no eterno meio-dia, que não é ofuscado por um sol em declínio.
Em umas poucas importantes interações com algumas pessoas (incluindo seus seguidores), Cristo Jesus salientou pensamentos e ações que conduzem à vida eterna. Ele os aconselhou a observar os mandamentos, a compartilhar suas riquezas com os necessitados — no sentido amplo do termo — a amar o próximo e a crer genuinamente nas verdades que ele ensinava (ver Mateus 19:16–22; Lucas 10:25–37; João 3:15).
Os ensinamentos e o exemplo de Jesus ajudaram as pessoas a elevarem o que pensam de si mesmas, para fora de um contexto material centrado no tempo, à consciente coexistência e coeternidade com Deus. Esse é o ponto de vista a partir do qual também nós precisamos nos identificar: fora de ciclos centrados no tempo, alojados com segurança na eternidade, onde não há começo nem fim.
Essa oração propicia um ponto de partida bastante elevado. Aliás, essa premissa — nossa vida sendo espiritual e em um eterno meio-dia — está exatamente no ponto da perfeição. Assim, o modelo que Jesus nos deu não vai em busca da perfeição ou da imortalidade; é um reconhecimento de nossa presente perfeição espiritual e de nosso lugar, aqui e agora, na eternidade.
Que alegria reconhecer que essa é a verdade sobre cada filho e filha de Deus — cada um de nós!
John Tyler
Redator Convidado
