Durante estes últimos dois anos, a vulnerabilidade do corpo à doença tem estado na vanguarda do pensamento do mundo, e a necessidade de haver uma forma mais confiável e constante de cura ficou muito clara. São bem evidentes as limitações de se tratar o homem como se fosse uma máquina orgânica que pode ser melhorada com drogas ou cirurgia.
Mas sim, existe uma maneira melhor de curar, demonstrada pelo inigualável registro de curas de Cristo Jesus e de seus primeiros seguidores. Ao prestar especial atenção às palavras e obras de Jesus, Mary Baker Eddy, uma estudante dedicada da Bíblia, descobriu as leis espirituais de Deus, que nos permitem praticar com certeza científica o método de cura de Jesus. Ela denominou sua descoberta de Ciência Cristã. Dezenas de milhares de curas documentadas, resultantes da prática dessa Ciência, vêm sendo registradas tanto nesta como nas outras revistas da Ciência Cristã, há mais de um século.
Ser estudante da Ciência Cristã significa esforçar-se sempre para curar cada vez melhor. No livro-texto da Ciência Cristã, Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, a Sra. Eddy assim instrui o leitor: “Toma posse de teu corpo e governa-lhe a sensação e a ação” (p. 393). Mas como? Uma observação feita ao longo de todos os escritos da Sra. Eddy é de que temos de obter uma compreensão mais clara e precisa a respeito do corpo, de acordo com o mandamento da Bíblia: “Glorificai a Deus no vosso corpo, e no vosso espírito, que são de Deus” (1 Coríntios 6:20, conforme a Bíblia em inglês, versão King James).
Que belíssimo ponto de partida! A Bíblia afirma que Deus fez o homem à Sua imagem e que tudo o que Deus fez é muito bom (ver o primeiro capítulo do Gênesis). A Bíblia também nos diz que Deus é o Espírito. Disso se infere que o homem é realmente espiritual, não material. Como poderia a imagem do Espírito perfeito e infinito existir na matéria, que é limitada e imperfeita?
Para compreender plenamente nossa verdadeira existência espiritual, temos de obter uma noção correta a respeito daquilo que o corpo é, bem como daquilo que o corpo não é. Com a Bíblia e os escritos da Sra. Eddy como nossos orientadores, temos as ferramentas necessárias para assim fazer.
Então, o que é o corpo? Bem, se Deus é Tudo e Deus é o Espírito, então tudo tem de ser Espírito. Entretanto, aqui está esta coisa que parece muito sólida, e que chamamos de corpo material, e obviamente a matéria não é o Espírito. Assim, ali onde parece haver um corpo material, em realidade tem de estar presente a autoexpressão infinita do Espírito, tendo o Espírito como sua única substância. Em seu livro Escritos Diversos 1883–1896, a Sra. Eddy explica: “A matéria é um enunciado errôneo sobre a Mente; é uma mentira, alegando falar e negar a Verdade; …” (p. 174). Por isso, exatamente onde aparece o “enunciado errôneo sobre a Mente”, que nós chamamos de corpo material, o verdadeiro corpo está presente como uma bela ideia espiritual.
Se você colocar a mão sobre o braço, dirá que não só você sente que seu braço é de matéria, como também que ele parece material. Mas, de acordo com que parâmetros? Só pode ser de acordo com os chamados sentidos materiais, mas não de acordo com o verdadeiro senso espiritual que cada um de nós possui. Esse senso espiritual percebe o que Deus conhece e, portanto, o que é real. Em outras palavras, exatamente onde os sentidos materiais percebem a mão material, o braço material, a perna etc., na realidade a ideia divina está presente — sempre espiritual, eterna, e tão perfeita como a Mente que a criou.
A concepção errônea a respeito do corpo como matéria nos deixa tentando consertar uma ilusão, em vez de vermos ali mesmo, em vez da ilusão, a realidade. Mas quando compreendemos corretamente o conceito de corpo como a pura expressão do Espírito, a condição humana se harmoniza com esse conceito perfeito, ou realidade. Chamamos a isso de cura, mas a palavra revelação é provavelmente uma descrição mais correta.
O senso espiritual percebe o que Deus conhece e, portanto, o que é real.
Por exemplo, quando Jesus curou a mão ressequida de um homem (ver Marcos 3:1–5), ele estava simplesmente revelando a ideia espiritual incólume e perfeita que sempre estivera presente. Jesus não estava utilizando uma lei espiritual para curar uma condição material, mas estava corrigindo uma visão falsa ou distorcida da ideia divina, cuja harmonia e saúde ficaram então aparentes.
O falso conceito de corpo como sendo material é tão aceito em geral, que é fácil mantê-lo inadvertidamente no pensamento, em vez de identificarmos o corpo de maneira consciente como sendo a ideia divina que ele realmente é. Podemos até ter um medo latente sobre o que parece ser nosso corpo material. Por meio de uma compreensão apenas teórica da Ciência Cristã, podemos declarar que não existe matéria, mas, no entanto, quando o corpo físico apresenta alguma evidência de desarmonia, nosso pensamento frequentemente pende para o modelo médico de diagnóstico. Em vez disso, o remédio está em mergulhar profundamente na realidade da Verdade infinita, o Espírito.
Esquecendo-nos do fato de que Deus, o Espírito, é a causa única e o único efeito, procuramos uma causa material. Podemos perguntar-nos: “O que é isto? Será que pode ser a última doença que acabei de ver na televisão, ou on-line?” Com frequência inadvertidamente abrigamos raciocínios baseados no medo, quando nossa reação deveria ser perguntar: “Será que isso é algo criado por Deus?” E, se não for de Deus, podemos reconhecer imediatamente que simplesmente não é real, porque Deus é Tudo e criou tudo. Se o Espírito não o criou, não tem causa, não é um efeito, e não podemos ser tentados a temê-lo.
Temos de estar alertas para que nossa prática de cura não comece com o falso fundamento da vida como matéria, procurando inadvertidamente substituir um remédio material por um “remédio espiritual”, tentando depois aplicá-lo a uma condição material. A matéria é irreal, e o Espírito, Deus, não necessita ser curado. Começamos com a perfeição sempre presente do Espírito como o único remédio e a única realidade. Nosso trabalho consiste em saber esse fato, e não em fazer que esse fato aconteça. Ciência e Saúde nos diz: “Na proporção em que, para o senso humano, a matéria deixa completamente de constituir a entidade do homem, nessa mesma proporção o homem tem domínio sobre a matéria” (p. 369).
Já vi muitas vezes esse poder demonstrado em minha própria vida, quando me aferro a esse ponto de vista correto. Há alguns meses, comecei subitamente a manifestar todos os sintomas desconfortáveis de conjuntivite. Liguei para um praticista da Ciência Cristã para que orasse comigo, pois para mim era desafiador não ficar impressionada com aquela imagem. Eu estava orando o tempo todo, afirmando mentalmente que isso não podia fazer parte da minha identidade como expressão de Deus, porque o Espírito não podia criar nem manifestar uma condição dolorosa e discordante. Parecia que a situação ia piorando progressivamente por vários dias, mas estava claro para mim que era uma mentira tanto a respeito de Deus como a meu próprio respeito.
Uma noite, quando estava escovando os dentes, olhei-me no espelho. Vi uma imagem feia, inflamada. Declarei veementemente: “Não há nada de errado com Deus, e não há nada de errado comigo. Eu sou o reflexo perfeito de Deus neste exato momento, e eu sei que essa é a verdade!” Senti uma calma sensação de paz descendo sobre mim, e o ardor bastante agressivo simplesmente desapareceu. Na manhã seguinte, toda a vermelhidão também havia desaparecido e, desde aquele momento, o olho está completamente normal.
Para uma cura eficaz, temos de ver que a ilusão de desarmonia não é real, e aferrar-nos com convicção à verdade da harmonia infinita, permanecendo tão certos dessa harmonia como temos a certeza de que a terra é redonda e gira em torno do sol, em vez de crermos que o sol nasce e se põe. Então, demonstraremos as verdades que constam desta declaração: “A Mente imortal, que tudo governa, tem de ser reconhecida como suprema, tanto no reino físico, assim chamado, como no espiritual” (Ciência e Saúde, p. 427).
Quando reconhecermos, de modo persistente e consciente, que toda substância é o Espírito, nunca é a matéria, esse reconhecimento transformará nosso senso de corpo, trazendo a harmonia da realidade espiritual a todos os aspectos de nossa vida, revelando nossa inviolável perfeição sempre presente, e permitindo-nos ver os outros como ideias divinas, que eles realmente são. Isso é glorificar a Deus em nosso corpo, que verdadeiramente pertence a Deus, e o resultado é que ficamos mais aptos na atividade da cura.
