Enquanto trabalhava numa indústria química, tive uma experiência que se assemelha à de José, cuja história se acha relatada na Bíblia, embora a minha seja numa versão moderna.
Em 1952, quando trabalhava como jovem engenheiro químico em uma grande companhia de petróleo, preparei-me para iniciar um negócio por conta própria em que eu utilizaria certos derivados de petróleo. As condições econômicas gerais eram desfavoráveis, mas minha esposa e eu havíamos determinado confiar na orientação divina. Estávamos aprendendo, na Ciência Cristã, que uma idéia da Mente é sempre completa, a despeito da evidência humana.
Após muito pensar e orar, deixei meu emprego “seguro” e lancei-me a arranjar fontes de matéria-prima em vários estados do sudoeste americano. Tive um resultado semelhante ao de José que, ao ser tirado da cisterna, foi vendido como escravo. A situação não parecia nem um pouco o resultado de oração. Acontece que não havia matéria-prima disponível. Durante aquela viagem, enquanto dirigia o carro, eu costumava cantar hinos do Hinário da Ciência Cristã. A solução que me ocorreu foi a de sintetizar produtos químicos básicos, ao invés de depender de derivados de petróleo. Mas uma pesquisa de mercado mostrou que isso não era prático dentro da margem de custos vigentes. Novamente, essa solução não parecia ser a esperada resposta de Deus.
Persistência é um tema que permeia muitos dos conselhos da Sr.a Eddy. Senti-me compelido a ir avante e montar um sistema experimental de reator catalítico e verificar os fatos por mim mesmo. Verifiquei que as informações até então disponíveis não levavam em consideração os efeitos do equilíbrio químico. Um processo econômico era factível.
A direção divina evidenciou-se na seleção de sócios experientes com os quais iniciar o negócio e na escolha do local da fábrica, o que mais tarde se tornou em assistência e instalações de inestimável valor.
A construção da fábrica exigia materiais e equipamento caros, que custavam dez vezes mais do que os recursos de que dispúnhamos. Contudo, os depósitos de materiais usados que existiam no local, estavam acumulando todas essas coisas para nós! As assim chamadas condições econômicas desfavoráveis proveram suprimento abundante das coisas de que precisávamos, pois muitas indústrias estavam livrando-se de instalações obsoletas ou eliminando as de que não mais necessitavam.
Nosso primeiro prazo para fornecer um carro-tanque de 10.000 galões do produto previa que a produção total levaria entre dez a quinze dias; no entanto, no início do funcionamento da fábrica só conseguíamos produzir cerca de cinco a dez galões por dia! Solicitei a um praticista da Ciência Cristã que me ajudasse por meio de oração. Embora o praticista não entendesse coisa alguma de química, ele sabia que o homem reflete a Mente única e que podemos saber tudo o que necessitamos saber. As soluções logo apareceram e vieram de várias pessoas. Os 10.000 galões não estavam prontos na data marcada, mas nem o temor nem a carência prevaleceram. Nosso cliente estava construindo uma nova fábrica para usar nosso produto, e no momento em que ele estava em condições de receber o produto, nós também estávamos prontos para fornecê-lo.
Dúvidas, desespero, temor, atrasos, escassez, remorso, arroubos de temperamento, desapareceram quando pudemos demonstrar convicção, coragem e confiança para provar, o que diz a Sr.a Eddy (Ciência e Saúde, p. 454): “O Amor nos inspira o caminho, ilumina-o, no-lo designa e nele nos guia.” Em várias ocasiões, quando na sexta-feira não havia dinheiro para a folha de pagamento, o dinheiro entrava na segundafeira, ocasião em que era devido. Raramente vinha ele das fontes que havíamos tentado delinear com antecipação.
Exatamente quando as coisas corriam normalmente, surgiu outra situação semelhante à de José. O contrato original expirara e um novo estava para ser negociado. Foram-nos exigidos preços menores, e ao mesmo tempo queriam que ampliássemos em três vezes o tamanho de nossa fábrica, e desta vez sem garantia de indenização. O contrato foi adjudicado a uma das grandes companhias de petróleo. Parecia que estávamos entalados com uma fábrica projetada para um produto específico para o qual não havia mercado.
Mas já não era tão forte a tentação de deixar entrar o desânimo, o remorso e o medo por causa de nossas dívidas elevadas. Já em situações anteriores não nos havíamos deixado enganar por tais disfarces. O plano de Deus não fica a meio-caminho. Fizemos sociedade com outra companhia, o que nos capacitou a diversificar a produção. Não mais dependíamos de um só cliente, de um só produto, ou de um só mercado. Ficamos sabendo, com o tempo, que o esperado incremento de consumo de nosso produto original não ocorreu por vários anos. Se tivéssemos assinado o contrato e ampliado a fábrica, isso teria sido um desastre. Certamente o Amor nos guia na luz do sentido espiritual, que é de inteira confiança, e se acha separada do sentido humano das coisas, no qual não se pode confiar.
Durante esse período meu horário de trabalho era usualmente de dezesseis horas, sete dias por semana. Tínhamos certeza de que nosso progresso estava em proporção à nossa prática da Ciência Cristã. A freqüência à igreja nas quartas-feiras e aos domingos sempre vinha em primeiro lugar, e fui capaz de desempenhar o cargo de Primeiro Leitor por três anos. Sabíamos que isso seria um auxílio e não um obstáculo, e servia para dirigir o pensamento ao que é verdadeiramente importante. Enquanto eu exercia o leitorado tomei duas semanas de férias para fazer o Curso Primário de Ciência Cristã.
Perto do final dessa experiência fiquei de repente incapacitado. Tratava-se de um problema físico muito doloroso que me paralisara, precisando eu de assistência para o menor movimento. Eu sempre havia esperado e recebido curas rápidas em casos de doença, de modo que desta vez esse problema foi um desafio como nunca antes eu havia enfrentado. Só depois de seis semanas voltei ao trabalho. Acho que a cura começou quando o praticista me despertou com o pedido de estudar a definição de “inferno” na página 588 de Ciência e Saúde, parte da qual diz “agonia que a pessoa impõe a si mesma”. Um falso senso de responsabilidade precisava ser desarraigado. Minha recuperação foi rápida.
A fusão com uma grande companhia foi consumada, aproximando habilidades diversas e demonstrando mais uma vez a presença de uma só Mente. Isso encerrou com êxito a experiência, que cobriu um período de oito anos. Assim como para José, cada situação parecia contrária ao modo humano de julgar o que é justo ou bom. Esse sentido humano teve que ceder à verdade eterna do controle e da autoridade infalíveis do Princípio, que provou, tal como a Sr.a Eddy afirma (ibid., p. 494), que “o Amor divino sempre satisfez e sempre satisfará a toda necessidade humana”.
Atlanta, Geórgia, E. U. A.