Muitas pessoas têm a tendência de pensar que a época atual é uma era iluminada onde as superstições e os tabus das velhas mexeriqueiras são coisas do passado. Muitos, porém, que não dão importância ao fato de se depararem com um gato preto ou de passarem sob escadas, cultivam um número surpreendente de crenças irracionais.
Isso tem acontecido em todas as gerações. O Apóstolo Paulo chamou a atenção dos atenienses, que se orgulhavam de sua superioridade intelectual: “Senhores atenienses! Em tudo vos vejo acentuadamente religiosos; porque passando e observando os objetos de vosso culto, encontrei também um altar no qual está inscrito: AO DEUS DESCONHECIDO. Pois esse que adorais sem conhecer, é precisamente aquele que eu vos anuncio.” Atos 17:22, 23;
Então Paulo prosseguiu explicando a natureza de Deus como lhe havia sido revelada pelos ensinamentos de Cristo Jesus. A palavra original do grego representada como “excessivamente escrupulosos”, “acentuadamente religiosos” e “muito religiosos” nas mais importantes traduções modernas da Bíblia, é traduzida como “supersticiosos” na versão King James, e essa tradução tem um significado bem importante. Ter medo de ofender um Deus desconhecido não é adorar a Deus mas inventar um diabo. Denuncia temor e concede poder misterioso e sinistro ao mal. Isso pode ser descrito muito bem como superstição.
A Sr.a Eddy dá esta definição de “desconhecido” no Glossário de Ciência e Saúde: “Aquilo que só o sentido espiritual compreende, e que é desconhecido para os sentidos materiais.” E continua: “O paganismo e o agnosticismo talvez definam a Divindade como «o grande incognoscível»; mas a Ciência Cristã aproxima Deus muito mais do homem, e torna-O mais conhecido como o Tudo-emtudo, para sempre próximo.” Ciência e Saúde, p. 596;
A Ciência Cristã explica Deus como Espírito infinito, a única Mente divina, e o homem como a idéia espiritual, ou expressão, dessa Mente, não como um mortal ignorante ou temeroso. Esta religião mostra ser Deus todopoderoso e totalmente bom; não concede poder nem inteligência ao mal. Quando compreendemos pelo menos alguma coisa da totalidade e da onipresença do bem, então o desconhecido simplesmente vem a representar o bem que ainda não conhecemos nem provamos.
Em outra ocasião Paulo também reprovou a superstição quando naufragou na ilha de Malta e uma víbora picou-lhe a mão ao desprender-se de uns gravetos que ele atirara ao fogo. A Bíblia relata: “Quando os bárbaros viram a bicha pendente da mão dele, disseram uns aos outros: Certamente este homem é assassino, porque, salvo do mar, a Justiça não o deixa viver. Porém, ele, sacudindo o réptil no fogo, não sofreu mal nenhum.” Atos 28:4, 5;
Paulo tinha aprendido que um Deus bondoso não pune Seus servos fiéis e que não há outro poder a não ser Deus. Tinha aprendido que Deus é bom, todo-poderoso e sempre-presente, e que o poder divino estava sempre agindo em seu favor onde quer que ele, Paulo, estivesse e no que quer que fizesse a serviço de Deus. E deve ter aprendido a não ser induzido a adorar o mal, isto é, a conceder-lhe poder real sob qualquer forma que fosse. Portanto, manteve ele a calma e a confiança diante de experiências perigosas como o naufrágio e a mordida da serpente. Certamente que não associou nenhuma idéia de desagrado divino a nenhum desses acontecimentos.
O mesmo modo pode ser usado ao lidarmos com superstições mais modernas. Porque Deus é Espírito e o homem reflete o Espírito, é irracional e, portanto, supersticioso submeter-se sob qualquer forma à matéria, e conferir-lhe poder ou inteligência. Essa maneira de pensar faz com que seja superstição associar a doença a condições materiais tais como clima, estações do ano, contágio ou hereditariedade. É sempre a crença nessas associações, e não as condições em si mesmas, o que lhes concede poder.
Há ainda outras superstições mais particulares. Muitos de nós às vezes favorecemos fantasias irracionais de que as coisas sempre saem erradas em certas ocasiões, ou quando vamos a certos lugares, ou fazemos certas coisas, ou hospedamos certos membros da família. Não há fundamento nenhum para tais superstições, mas são os nossos próprios pensamentos que lhes emprestam validade, e a repetição reforça o aparente poder delas.
Muitíssimos problemas humanos surgem dessa maneira, pela repetição de uma situação já conhecida, ou pelo receio de algo desconhecido. A solução é sempre trazer as superstições à luz e encará-las francamente para ver quão ridículas são à luz do conhecido poder e da presença de Deus, o bem. Devemos substituir o pensamento irracional pela compreensão espiritual e mudar o medo do mal pela confiança no bem. Então constataremos que as circunstâncias, os lugares e as pessoas mudam para melhor à medida que nosso pensamento sobre eles deixa o terreno de material e vai para o espiritual.
A Sr.a Eddy escreve: “Tudo o que guia o pensamento espiritualmente, beneficia a mente e o corpo. Precisamos compreender as afirmações da Ciência divina, rejeitar a superstição e demonstrar a verdade de acordo com o Cristo.” Ciência e Saúde, p. 149.
