Em mais de uma ocasião, Jesus perguntou a seus pacientes o que queriam. Aos dois homens cegos sentados à beira do caminho, disse: “Que quereis que eu vos faça?” Mateus 20:32; E ao homem que estava junto ao tanque de Betesda, perguntou: “Queres ser curado?” João 5:6; Tendo ouvido as respostas, curou-os sem demora.
Também hoje em dia é importante que um paciente queira ser curado. Mas, ainda que se possa supor que todo sofredor tenha tal desejo, a experiência mostra que isso nem sempre se dá. Muitos bloqueios mentais e emocionais podem obstar o desejo de sermos curados. Muitas vezes essas obstruções estão profundamente alojadas no pensamento, não detectadas, pois não são reconhecidas. Vale a pena fazer convergir sobre elas a luz da Verdade a fim de expô-las.
Uma das formas de resistência à cura espiritual é a crença de que talvez tenhamos de sacrificar e abandonar coisas a que damos muito valor. Contudo, isto é de fato uma questão de reavaliação e correção de nossos valores.
Na Ciência Cristã, ninguém tem de sacrificar coisa alguma verdadeiramente boa ou benéfica — somente terá de sacrificar aquilo que lhe será melhor não ter. Nisso se incluem esperanças e crenças mal colocadas, falsa avaliação de meros divertimentos sensórios, ou pontos de vista errados e limitados a respeito da família e de amigos como personalidades limitadas e corpóreas que reúnem tanto boas como más qualidades, em vez de serem expressões perfeitas e espirituais de Deus. Afinal de contas, não há nada a perder e tudo a ganhar quando remodelamos nossas atitudes nesses assuntos. Daí descobrimos que realmente queremos estar bem.
Outro argumento inibidor é o de que não somos dignos de ser curados. Isso é o próprio mal — talvez disfarçado, mas ainda assim não é senão a tentativa do mal de permanecer imperturbado e não destruído. Entre os pontos de vista errados dos quais o mal lança mão para seus próprios fins estão o de que o homem tem algumas características que diferem do Princípio divino do seu ser e de que o homem por um modo inexplicável decaiu ou afastou-se de seu Pai, o Amor divino. Essas crenças não têm vestígios de verdade e é melhor que sejam abandonadas sem demora ou complicação. Sempre merecemos refletir saúde divina e outras qualidades.
De fato, não podemos deixar de ser a expressão totalmente perfeita de Deus. Uma vez que Deus, a Mente toda-inteligente, é onipotente e bom, a criação espiritual de Deus, inclusive o homem, permanece para sempre intacta e completamente harmoniosa. A moléstia e toda outra discórdia não tem verdadeira presença ou poder.
Uma crença que pode ser bastante insidiosa é a de que o sofrimento contém em si algo meritório. Podemos pensar que, ao nos resignarmos com o sofrimento e o suportarmos como se fosse real, estaremos nos mantendo numa atitude firme e nobre em favor da Verdade e da bondade. Todavia — excetuando o fato de que os sofrimentos nos impelem para Deus em busca de alívio — não há nada de louvável na dor e na tristeza. Não fazem parte da criação de Deus. E é óbvio que o melhor serviço que se pode prestar a Deus é curar-se rapidamente — a fim de encorajar outros e estar apto a trabalhar para Deus e para nosso semelhante com energia e atenção não divididas.
Por paradoxal que pareça, o mero almejar, ou, o esforço violento para nos curarmos, pode induzir-nos a cometer um engano. Pode fazer-nos sentir que a cura que desejamos está muito distante. Deveríamos querer a cura, no sentido de desejá-la, mas, enfaticamente, não no sentido de ter falta dela. O Salmista canta: “O Senhor é o meu pastor: nada me faltará.” Salmos 23:1;
O poder sanador demonstrado por Cristo Jesus não está distante, nem em falta, hoje em dia. A Sr.a Eddy escreve em Ciência e Saúde: “Não é justo imaginar que Jesus tenha demonstrado o poder divino de curar somente para um número seleto de pessoas ou para um período de tempo limitado, porque a toda a humanidade e a toda hora, o Amor divino propicia todo o bem.” Ciência e Saúde, p. 494;
Qualquer coisa que pudesse inibir ou bloquear este poder, certamente nada teria a ver conosco, pois que em nossa genuína identidade expressamos a liberdade e o domínio dados por Deus. Muitas vezes algum malentendido ou alguma dureza de coração, talvez na forma de depreciação própria ou de indiferença, pode querer apegar-se a nós como um molusco, mas tais crenças materiais erradas simplesmente não são nossas. Elas caem quando vemos que a nossa única consciência real reflete a Mente divina e que não temos que evoluir do mal para o bem, da doença para a saúde, da imperfeição para a perfeição.
“Agora somos filhos de Deus” 1 João 3:2., escreve João. Isto já é verdade. Não temos que torná-lo verdade. É um fato atual, demonstrável agora, não apenas em alguma época futura. Quando temos uma compreensão suficientemente clara a respeito da bondade e da onipotência atuais de Deus, as quais, como Seus filhos, de fato manifestamos, então não só queremos ser curados — mas entendemos que estamos curados.