Que idade você tem? A reação natural é pensar na data de nosso nascimento. Será essa, porém, a data de nosso começo? Será que houve época em que Deus não tinha filhos? Será que o homem surgiu em determinado ponto na história como um produto manufaturado que já tem incorporado em si o obsoletismo?
Nosso verdadeiro começo não acontece num determinado ponto no tempo. Referindo-se ao primeiro versículo bíblico: “No princípio criou Deus os céus e a terra,” Gênesis 1:1; a Sr.a Eddy comenta: “Essa palavra princípio é empregada para significar o único — isto é, a eterna verdade e unidade constituída por Deus e o homem, a qual inclui o universo.” Ciência e Saúde, p. 502;
O livro-texto da Ciência Cristã, Ciência e Saúde de autoria da Sr.a Eddy, contém um número variado de termos que se referem ao homem espiritual e verdadeiro: semelhança, reflexo, emanação, manifestação, idéia de Deus, e assim por diante. Tais conceitos não têm conotação de tempo. Ao invés disso, apresentam o homem como uma expressão eterna da Mente divina.
Quando surgiu essa emanação da Mente? A criação consiste numa terna relação entre Deus e o homem, a qual não tem começo nem fim. Esse relacionamento não é um acontecimento que envolve tempo ou espaço, e no qual um objeto chamado homem surge fora da Divindade. O relacionamento entre Deus e cada um de nós é contínuo, análogo ao que existe entre o objeto diante do espelho e seu reflexo.
Qual é a idade de um reflexo? Acaso não se trata de um fenômeno imediato e concomitante? Imaginemos um arqueólogo a examinar uma sepultura antiga. Ao olhar por uma fenda, um raio de sol trespassa a escuridão e ele vê uma urna refletida num espelho de metal polido. Qual é a idade do reflexo que vê? Esse é um acontecimento instantâneo.
De igual modo, cada um de nós é manifestação presente, ou atividade, de nosso criador. Deus mantém essa união ininterruptamente; o ato da criação consiste na manutenção da identidade do homem, por parte da Mente, no infinito agora. O que Deus sabe é o que constitui o homem.
Um estudo do capítulo intitulado “Gênesis”, em Ciência e Saúde, revela a criação como uma atividade contínua, não pertencente ao passado. Os verbos Os verbos que descrevem a criação encontram-se no presente: “Deus cria, faz, apresenta, revela, modela, forma. Outrossim, é digno de nota o fato de que a explicação sobre o que é o homem, encontrada na página 475 de Ciência e Saúde, também encontra-se no presente. Um trecho diz que o homem “é a identidade consciente do ser, tal como ela é revelada na Ciência, na qual o homem é o reflexo de Deus, ou a Mente, e portanto é eterno” ibid., p. 475;.
Como é que podemos ser auxiliados, em nossa vida diária, pelo conceito que apresenta o homem como sendo criado agora? Apesar de todo o bem que tenhamos usufruído em nossa vida humana ser permanentemente nosso, há muitas falsas opiniões relacionadas com o número de anos que vivemos nesse planeta. A idade é considerada pela maioria das pessoas como o fator mais importante em nossa expectativa de saúde. Diz-se que as crianças estão sujeitas a certas enfermidades, e que pessoas idosas, a moléstias degenerativas. Um tumor ou caroço aparece como produto do tempo, acúmulo de matéria. No entanto, como o homem nunca nasceu na matéria, a matéria não lhe pode ser acrescentada. Um defeito não pode estar sendo carregado desde o passado, porque o homem é o produto vivo da presença de Deus. A verdadeira data de nascimento do homem é agora.
Erros do passado e acontecimentos acidentais são outras crenças relacionadas com o tempo que se prendem à duração da vida humana. Nenhuma má experiência do passado pode ser projetada no presente, a menos que no presente aceitemos essa influência. Quando claramente vemos nossa vida presente como um relacionamento contínuo com nosso criador, o passado improdutivo não nos estorva ou atormenta.
Nossas habilidades são libertadas da idéia de limitação por falta de condições favoráveis no passado, tal como viagens e educação, à medida que nos apoiamos no Espírito, Deus. Quando menino, Cristo Jesus foi capaz de manter uma palestra profunda com os sábios do templo porque compreendia sua união com o Pai. O fato de que apenas meros doze anos houvessem transcorrido desde seu nascimento não o limitara.
As classificações desfavoráveis relativas à hereditariedade e ao meio ambiente, com que as pessoas são geralmente rotuladas, também estão relacionadas com o nascimento. Testes de aptidão profissional com resultados desfavoráveis, avaliações sobre personalidade, sistemas escolares de avaliação de mérito, não nos podem restringir quando compreendemos que o homem é a exata representação da Mente sempre presente. Um dossiê acerca de nossas falhas passadas, ou de nossa mediocridade, não tem precedência sobre nossa verdadeira posição diante de Deus. A Sr.a Eddy escreve: “É preciso revisar a história humana, e apagar o registro material.” Retrospecção e Introspecção, p. 22.
Para que reconheçamos o poder que as datas de nascimento têm sobre o pensamento humano, basta percebermos a popularidade dos livros e revistas sobre astrologia e dos horóscopos nos jornais e televisão. Tal fascínio, no entanto, só pode persistir se a humanidade considerar o surgimento de um bebê como o início de uma pessoa. A compreensão de que Deus está nos criando inteiramente novos, a cada momento, pode destruir tal superstição. O constante fluir de idéias divinas, que constituem o homem, não pode ser afetado pela crença na força dos astros.
Que efeito tem sobre nossas vidas e atitudes o fato de rejeitarmos os temores, baseados no tempo, acerca de saúde, erros do passado e acidentes, hereditariedade e astrologia?
Um homem de negócios ou um político — jovem ou velho — pode reivindicar discernimento, perspicácia e capacidade de julgamento, instantâneos. Pode dizer com convição: “Estou perfeitamente qualificado a fazer o trabalho de Deus para o bem de todos os envolvidos.” Pode reivindicar toda qualidade e idéia correta como seu talento presente e verdadeiro.
O estudante, ou o artista, pode asseverar-se de que: “Na realidade sou totalmente inteligente, divinamente inspirado agora mesmo. Sou a expressão da Alma isenta de tempo.” Essa compreensão de sua capacidade presente não o furtará de suas realizações passadas, nem mesmo o transformará num trabalhador negligente. Ao declarar sua unificação total com sua fonte divina, estará focalizando a abundância de idéias que sempre foram ininterruptamente concedidas a ele por meio das energias da Vida.
A mãe ou enfermeira que esteve de vigília toda a noite, pode declarar: “Estou completamente descansada nesse exato momento, pois sou o reflexo de Deus agora.” Essa afirmação não nega que todos necessitamos de certa medida de repouso adequado sob circunstâncias normais, mas elimina a relação entre o vigor e o relógio, e faz com que a presteza e o bem-estar dependam de nossa união com o Espírito.
Todo pessoa afligida por acúmulo de trabalho, pode livrar-se da pressão. Ao estar em constante contato com seu criador, nasce de novo do espírito. Quando uma dúzia de coisas exige nossa atenção, que bênção é tomar um pouco de tempo para reconhecer que, por ser Deus completo, o homem é completo! O debilitante transtorno causado pela aflição é posto a correr, e o trabalho prossegue em ordem. Viver o agora, porém, não torna a vida humana fragmentária, acidental, e sem continuidade. Deus é Princípio e expressa-Se no homem através de ordem, estabilidade e atividade cheia de propósito.
Todos os momentos podem ser acolhidos com estas palavras de louvor. “Graças te dou, ó Deus, por me criares neste instante — perene, eterno, ilimitado, perfeito.”