A existência mortal pode ser comparada com o “caos e a antiga noite”. Ao pensamento não iluminado, o bem parece muitas vezes não ter fundamento e estar sujeito à destruição e à decadência, enquanto o mal parece predominar em quase todos os aspectos da vida. Lemos na Bíblia: “A terra, porém, era sem forma e vazia; havia trevas sobre a face do abismo.”
O pensamento angustiado de qualquer mortal que não tenha ainda despertado para a natureza espiritual de Deus e de Seu universo, só pode chegar a trevas ainda mais negras ao aprofundar-se no cenário material. É necessária luz espiritual para dar forma e significado à vida. O versículo acima mencionado termina com estas palavras: “E o Espírito de Deus pairava por sobre as águas.” Gênesis 1:2; De fato é preciso ver Deus, o Espírito, como a fonte da verdadeira consciência, antes que significado e propósito possam salvar os mortais das trevas caóticas do materialismo.
Pode-se compreender as etapas da criação apresentadas no primeiro capítulo de Gênesis como simbólicas dos passos da revelação que se processa em cada consciência humana individual à medida que esta desperta para a realidade espiritual. Antes que se veja do ponto de vista da perfeição o verdadeiro quadro de toda a vida, duas coisas têm de acontecer para preparar o pensamento despontante para a nova idéia de perfeição.
Em primeiro lugar, deve haver luz. À medida que em pensamento começamos a encarar a existência material e a vê-la como algo mais do que um vazio sem forma, nosso pensamento está preparado para o influxo da luz espiritual. “Disse Deus: Haja luz; e houve luz. E viu Deus que a luz era boa; e fez separação entre a luz e as trevas.” vv. 3, 4;
A Ciência Cristã ensina que a luz divina surge mediante a revelação do Cristo. A Sr.a Eddy assim define o “Cristo”: “A divina manifestação de Deus, que vem à carne para destruir o erro encarnado.” Ciência e Saúde, p. 583; Este Cristo, a Verdade, vem à consciência humana para revelar a eterna presença de Deus. Esse despertar para o Espírito é sem dúvida ocasionado pela luz transmitida pela Mente, a qual é trazida à terra por Cristo.
Sem essa luz, o conceito que a humanidade esposa da existência seria caracterizado pela amorfia. Sem o Cristo, a humanidade continuaria com um sentido obscuro de materialismo que oferece poucas esperanças de salvação.
Conforme a explicação dada em Ciência e Saúde ao termo “Cristo”, este não é considerado sinônimo do homem Cristo Jesus, como o acreditam muitas religiões cristãs. Cristo, na Ciência Cristã, refere-se à divina influência que está sempre com o homem, a idéia espiritual representativa da presença e do poder divinos. Cristo é também o título de Jesus, o qual em sua própria vida expressou, de modo inigualável, essa idéia espiritual.
Como Deus Se revela à humanidade mediante o influxo desta luz do Cristo, torna-se possível à família humana discernir entre a luz e as trevas, e assim dá-se o segundo passo da revelação: “E disse Deus: Haja firmamento no meio das águas, e separação entre águas e águas.” Gênesis 1:6;
Na vida de cada um de nós, quando, mediante a luz do Cristo, somos capazes de traçar nossa linha de demarcação entre o espiritual e o material, o real e o irreal, estamos preparados para compreender a revelação contínua da criação como é ela narrada no primeiro capítulo do Gênesis. Nessa luz que brilha nas trevas contemplamos o universo, inclusive o homem, como Deus os fez. Vê-se a revelação gradual dos dias subseqüentes, na glória verdadeira da realidade, e nenhum mal se acha presente para perturbar a cena espiritual.
A Sr.a Eddy dá esta interpretação metafísica de “firmamento”: “Compreensão espiritual; a linha científica de demarcação entre a Verdade e o erro, entre o Espírito e a assim chamada matéria.” Ciência e Saúde, p. 586; Explica ela: “A compreensão espiritual, pela qual a concepção humana, ou seja, o sentido material, fica separada da Verdade, constitui o firmamento.” ibid., 505;
A cura na Ciência Cristã exige tanto a luz como o firmamento. A doença é um produto das trevas que só pode ser desfeito pela luz. Quando o pensamento desperta por intermédio do Cristo, a Verdade, essa iluminação revela claramente o relacionamento entre o homem e Deus, e essa compreensão expulsa o pecado e a doença. Para realizarmos a cura, portanto, precisamos expressar mais do Cristo em nossos próprios pensamentos. O caminho cristão da saúde e da harmonia encontra-se na cura pela Ciência Cristã.
Mediante a luz do Cristo não é só o caminho do pensar e do agir corretos o que discernimos, mas também as obscuras artimanhas do pensamento, que são, segundo a crença, a causa de todos os problemas. Quanto mais luz ilumina nossa consciência, tanto mais se dispersa a escuridão. Portanto, nossas orações individuais devem ser de reconhecimento do Cristo e dum profundo desejo de expressá-lo em todas as nossas ações.
Quando almejamos ser semelhantes a Cristo, expressar a pureza e a bondade que têm sua origem em Deus, constatamos que nossas orações são atendidas sob a forma de luz espiritual. Nessa luz sempre crescente, quão fácil se torna traçar uma linha de demarcação entre o real e o irreal!
A Bíblia declara: “Fez, pois, Deus o firmamento, e separação entre as águas debaixo do firmamento e as águas sobre o firmamento. E assim se fez. E chamou Deus ao firmamento Céus.” Gênesis 1:7, 8.
A Ciência Cristã ensina que os céus denotam harmonia absoluta. Certamente a capacidade de compreender espiritualmente o que é o real e de traçar uma sólida linha de demarcação que exclui o irreal traz harmonia à nossa vida. Sem a luz, nunca se poderia fazer tal distinção.
A cura espiritual exige que se faça clara distinção entre o que é semelhante a Deus e o que não o é. O medo é um dos elemento das trevas que a luz do Cristo destrói. O medo indica falta de compreensão acerca de Deus, de Cristo e do homem, e de homem, e de seu perfeito relacionamento — relacionamento este que se mantém intato, ainda mesmo quando aos sentidos humanos parece haver períodos de grande tensão.
O medo diz que devido à escuridão causada pela dúvida, pela dor ou pela confusão, a pessoa não pode discernir o caminho em que deve andar. Sob a luz, porém, o caminho ascendente está claramente demarcado. Conduz diretamente a Deus, e é seguro porque inclui somente o bem. Se buscamos a cura, demarcamos a linha com firmeza e lançamos o medo para as mais profundas trevas de onde veio. Ninguém deve temer as trevas quando a luz está disponível, pois a luz elimina toda treva.
Deus fez o homem, e o mantém sob a lei divina. Esse controle absoluto não pode ser posto de lado, pois Deus, o Espírito, é sem dúvida onipotente. É o Cristo que revela essa grande verdade à consciência humana e elimina o medo.
Ódio, ressentimento, culpa e pesar são estados de pensamento que também precisam ser firmemente separados do indivíduo que deseja ser regenerado e curado espiritualmente. Ao manter a linha de demarcação em cada pensamento e ação, a pessoa cerra conscientemente a porta a estados de pensamento destrutivos.
Manter a percepção do firmamento requer a vigilância de nossos pensamentos e ações a todo o momento. Não fosse a luz, essa seria uma tarefa impossível de ser levada a efeito. Aquele que mantém sua luz também conserva a capacidade de ver com clareza como ter sempre definida a sua linha de demarcação.
O irreal nunca toca o real; o material nunca se mistura com o espiritual. O homem foi criado na luz, e a Mente fez tanto esta luz como o firmamento. Aquele que segue o modo de vida cristão anda na luz, e com pertinácia mede seus pensamentos pelo firmamento.
Os céus proclamam a glória de Deus e
o firmamento anuncia as obras das suas mãos.
Os preceitos do Senhor são retos,
e alegram o coração;
o mandamento do Senhor é puro,
e ilumina os olhos.
Salmos 19:1, 8
