“Vinde, cantai! Jesus nasceu! A terra aclama o Rei” Hinário da Ciência Cristã, nº 164; diz a exultante estrofe que associamos com as comemorações anuais do nascimento de Cristo Jesus. Na vida terrena do Mestre, porém, houve períodos de provação e sofrimento. Nos últimos anos de sua missão, a profecia se cumpriu e ele mereceu indiscutivelmente a descrição de “homem de dores e que sabe o que é padecer” Isaías 53:3;.
No entanto, não foi a tristeza, o sofrimento e os reveses o que ocupou os seus pensamentos no estágio final de sua carreira humana. Após a ressurreição, quando caminhava com seus discípulos rumo a Emaús, ele parecia esquecido da tragédia do Calvário. Seu pensamento estava cheio até às bordas com a prova triunfal que ele havia fornecido, a prova de que a vida não pode ser vencida pela morte e de que o ódio não poderia extinguir a mensagem do Amor.
Embora nos maravilhemos com a coragem e a persistência manifestadas por Jesus em períodos de perseguição, estaríamos perdendo de vista os aspectos mais importantes de sua obra se nos detivéssemos indevidamente nesses períodos de tristeza ao invés de nas suas vitórias.
Jesus tinha plena convicção de sua missão divina e do lugar que ocupava na profecia. Sabia que o Espírito divino, o Pai celestial de todos, o enviara à humanidade para revelar o Cristo, a verdadeira idéia do Ser divino, e para demonstrar a filiação divina do homem. O Evangelho nos relata que em certa ocasião, durante um de seus momentos de comunhão com Deus, antes da crucificação, Jesus disse: “Eu te glorifiquei na terra, consumando a obra que me confiaste para fazer.” João 17:4;
O propósito da obra do Mestre, como lhe fora indicado por Deus, era o de despertar a humanidade do profundo sono da falsa crença de haver vida na matéria, para o reconhecimento de que na verdade a Vida é divina, e que o universo e o homem são a eterna manifestação da única Vida divina. Sua missão era demonstrar o verdadeiro ser espiritual em termos que penetrassem o sonho adâmico de vida finita na matéria, e revelar que a realidade é imortal e está sempre governada pelas leis imutáveis da harmonia. Não obstante a resistência da mente carnal, finalizou seu trabalho e glorificou o Pai divino de todos, com inumeráveis sinais e maravilhas.
Resta a cada um de nós receber a revelação do Cristo e provar por sua vez que, em vista de Deus ser Tudo, a Vida divina está invariavelmente presente — que Ele não conhece nascimento nem morte, começo nem fim — e que o Seu universo e o homem estão eterna e gloriosamente vivos, e esta é a única verdade do ser. Por nossa vez temos de demonstrar, como Jesus o fez, que sendo Deus, a Verdade, o Tudo, fica excluída a possibilidade de haver qualquer outra existência além da manifestação perfeita e espiritual de Sua própria natureza. Não há vida a não ser a Vida divina, e nenhum outro conhecimento há a não ser a compreensão espiritual que emana da Mente divina.
A história mostra-nos que sem provações não se obtém a prova de que Deus, o Espírito, é Tudo, e de que a matéria e o mal nada são e carecem totalmente de poder. Cristo Jesus, os profetas antes dele e os cristãos depois dele — todos passaram por sofrimentos. O Mestre preparou seus seguidores de todos os tempos para a perseguição que acompanha aqueles que tomam posição a favor da verdade espiritual. “Bem-aventurados sois quando por minha causa, vos injuriarem e vos perseguirem e, mentindo, disserem todo mal contra vós”, disse ele. “Regozijai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus; pois assim perseguiram aos profetas que viveram antes de vós.” Mateus 5:11, 12;
Em certa medida, todos aqueles que aceitam o fato de que Deus, o Espírito, é Tudo, defrontam-se com a resistência do erro. Por vezes ela poderá tomar a forma de sofrimento físico ou mental, mas não devemos perder de vista a bênção final que sempre coroa os que são fiéis.
As provações que houve na história mortal da Sr.a Eddy, por exemplo, e as da Igreja que ela fundou, não deviam despertar em seus seguidores o mesmo sentido de desolação que a tal ponto prendeu a atenção de Maria Madalena quando esta se achava junto ao sepulcro em que o corpo de seu Senhor fora sepultado, que ela não reconheceu a Jesus ressuscitado, Jesus que estava de pé, por trás dela. Devemos nos proteger da cegueira que atingiu os discípulos do Mestre na estrada de Emaús, e que os impediu de ver os triunfantes sinais da atividade do Cristo na vida humana. Os pensamentos daqueles homens estavam de tal modo fixos na injustiça e desumanidade dos acontecimentos ocorridos em Jerusalém que, apesar de Jesus estar caminhando com eles, não o reconheceram. A Sr.a Eddy escreve: “É bom saber, caro leitor, que nossa história material, mortal, é apenas um registro de sonhos, e não da existência real do homem, e o sonho não tem lugar na Ciência do ser.” Retrospecção e Introspecção, p. 21;
Se somos tentados a lamentar as tribulações dos cristãos de hoje e as de suas igrejas, como o fez Maria quando disse: “Tiraram do sepulcro o Senhor e não sabemos onde o puseram” João 20:2;, não devemos, em vez disso, nos afastar da tristeza e nos regozijar na verdade, a qual a Ciência Cristã sustenta, de que o Cristo nunca nos deixou? A Sr.a Eddy diz: “Cristo é a Verdade, e a Verdade — o Salvador impessoal — está sempre aqui.” Miscellaneous Writings, p. 180. Hoje em dia, há milhões de pessoas sobre a terra que foram curadas e consoladas pela revelação que o Cristo fez acerca do ser verdadeiro e elas dão testemunho desse fato. Sem dúvida, podemos participar de todo o coração do hino de Natal: “Vinde cantai! Jesus nasceu!” E logo saber em oração que “A terra aclama o Rei”.
