Bastião muitas vezes ficava rondando por ali sozinho, enquanto as demais crianças brincavam. Estas não gostavam do fato de ele estar sempre sujo. E ele era tímido, porque não sabia falar como os outros. Esforçava-se para formar as palavras, mas nem sempre as pronunciava bem, e eram difíceis de entender.
Ninguém sabia onde Bastião morava. De repente ele aparecia onde Jaqueline e as outras crianças se encontravam brincando. Algumas até pensavam ser ele um ciganinho.
Jaqueline aprendera na Escola Dominical da Ciência Cristã que todas as pessoas são filhas de Deus. Deus ama todas elas, porque é o Pai delas. Outra coisa que ela sabia era como se procede para com o próximo, do modo como nos ensinam os Mandamentos e as Bem-aventuranças. Aprendera que todos os homens devem amar uns aos outros como Cristo Jesus amou toda a humanidade e lhe deu ajuda. Jaqueline compreendia que aí também estava incluído o Bastião.
Muitas vezes ela o levava pela mão até a roda dos amigos dela. Ora, as outras crianças não gostaram lá muito desse gesto. Não demorou e já nem queriam brincar com a Jaqueline. Mas esta não ligou muito para o caso. Só o que desejava era ajudar o Bastião.
Foi ela quem fez a Bastião o primeiro convite que este recebeu. Ele foi convidado a comer, com Jaqueline, na casa da avó dela. Quando chegou lá, seus olhos arregalados percorreram alegres a casa toda. Era-lhe difícil falar, mas ele se achava feliz porque sentia-se de fato bem-vindo.
Depois da refeição, Jaqueline levou-o ao pátio e sentou-se ao lado dele. Começou a contar-lhe coisas a respeito de Deus, de Jesus e dos Dez Mandamentos. Nada disso Bastião tinha ouvido antes. Conservava-se sentado quieto e atento. Queria compreender cada uma dessas palavras.
Logo Jaqueline começou a ensinar-lhe o primeiro mandamento. Devagar e bem direitinho ela ensinou-lhe as palavras: “Não terás outros deuses diante de mim.” Êxodo 20:3; Pediu, ajudando-o: — Agora é a sua vez. Bastião esforçou-se e vagarosamente formou uma palavra depois da outra. Não foi logo na primeira vez que acertou, mas Jaqueline amavelmente repetia as palavras sem se cansar. Esforçando-se ele ainda mais para dizê-las, as palavras saíram bastante mais claras.
Em breve Jaqueline falou-lhe sobre sua Escola Dominical. Estava contente com poder contar ao amiguinho o que sentia pela Escola Dominical. Para ele tudo era novidade.
Num domingo cedinho, soou a campaínha na casa da avó de Jaqueline. Lá estava o Bastião à porta. Vinha com a idéia de brincar com Jaqueline. Como de hábito, o aspecto dele era muito desleixado. Vovó disse: — Veja, Bastião, hoje é domingo. Sem demora nós todos vamos sair, para ir à igreja. Se você quiser ir até em casa, falar com sua família, e, quem sabe, se lavar um pouco, poderá ir conosco. Você gostaria?
Bastião se foi como um tufão. Não tardou muito e a campaínha soou de novo. Aí estava ele, e sua aparência era bastante limpa. Até meias ele estava usando. Com satisfação estendeu a mãozinha exibindo um dinheirinho para a coleta. Muito contente, partiu para a Escola Dominical com a Jaqueline.
Não foi essa a única visita do Bastião. Com a ajuda de Jaqueline, compreendeu que ele, também, é filho de Deus e é querido. Certo dia, seu irmão mais velho apareceu também e pediu para ir junto à Escola Dominical.
Jaqueline continuou a ajudar o Bastião a pronunciar as palavras, bem como a compreender Deus. Agora, se alguém lhe pergunta algo sobre Deus, a resposta que dá, de olhos brilhantes, é: — Deus é bom, Deus é bom! E todos podem entender o que ele está dizendo. Agora, as demais crianças já não o mandam embora. Brincam com ele porque aprenderam com a Jaqueline que é a coisa mais natural do mundo querer bem ao Bastião. E Jaqueline aprendeu o que nos diz a Sra. Eddy: “A bondade jamais deixa de receber a sua recompensa, porquanto a bondade torna a vida uma bênção.”
