Conta uma história que há alguns anos duas pessoas tiveram uma experiência bem interessante durante sua visita à Índia. Conheceram um faquir — artífice de prodígios hindu — que as convidou a ver em sua casa uma belíssima rosa que havia cultivado. Quando lá chegaram, ele as levou ao jardim. Elas, no entanto, não viram nenhuma roseira. De repente, porém, sem que soubessem de onde surgira, apareceu um arbusto coberto de rosas em plena floração.
O anfitrião apanhou uma das rosas, presenteando-a às convidadas, para que a levassem para o hotel. Não se tratava de rosa artificial; era uma rosa de verdade. De volta a seu país, as viajantes, ainda muito intrigadas, relataram o incidente a uma amiga. Esta, no entanto, não ficou nada pasmada. Pelo contrário, reclinou para trás a cabeça e riu. “Vocês não percebem que foram enganadas pelo faquir? Foram hipnotizadas para que não vissem a roseira. Depois ele rompeu o mesmerismo, e vocês puderam enxergar o que estivera ali o tempo todo — uma bela roseira!”
Em Ciência Cristã podemos entender como esta historinha ilustra o engodo dos sentidos materiais. Temos a possibilidade de saber que não há mesmerismo desses sentidos que faça com que um fato espiritual presente pareça estar ausente, nenhum hipnotismo que nos faça perder de vista a nossa identidade espiritual e a nossa individualidade espiritual, ou que nos leve a pensar que estas sejam algo que venha e vá. Deus, a Mente, e Sua manifestação eterna estão por toda parte, e não existe mente contrária que inverta ou oculte essa presença. Nossa verdadeira individualidade, com sua capacidade espiritual de ver e saber, é mantida pela Mente. Não pode ser mordiscada nem tragada pelas pressões do viver diário nem por um empurrão degradante da mente carnal, a que a Sra. Eddy denominou magnetismo animal.
As sugestões da mente mortal nos induziriam a pensar que somos mortais frustrados ou sem objetivo, insignificantes demais para concretizar algo que seja de valor, quer para nós mesmos quer para a humanidade; ou que não passamos de partículas no meio de outros milhões de partículas, que se movem em círculos na vasta arena de um drama cósmico. A Ciência Cristã alerta-nos para o poder que temos ao nosso alcance de inverter e derrotar tais sugestões. Esse poder é a confiança, fundamentada na Mente, que depositamos na totalidade absoluta de Deus, o bem.
Seria difícil encontrar nos tempos modernos alguém que tivesse enfrentado e derrotado tantos desafios lançados pelo magnetismo animal como a Sra. Eddy durante o período em que labutava para fundar e liderar o movimento da Ciência Cristã. Foi a sua arraigada confiança na totalidade de Deus o que a levou a prever e a impedir os planos do mal e a demonstrar o propósito designado pela Mente divina. Sua confiança fê-la triunfar. Nos seus escritos vemos nossa Líder ensinando-nos como sermos vencedores em vez de vencidos. Como desfrutarmos de alegria. Escreve ela: “O magnetismo animal, o hipnotismo, etc., são desarmados pelo praticista que exclui de sua própria consciência, e da dos seus pacientes, todo sentimento de realidade de qualquer outra causa ou efeito exceto daquela que procede de Deus. E o praticista deve ensinar seus alunos a se defenderam contra todo o mal e a curarem os doentes, reconhecendo a supremacia e a totalidade do bem.”The First Church of Christ, Scientist, and Miscellany, p. 364;
A maioria de nós já se sentiu tomada de um sentimento do maravilhoso e infinito amor de Deus. E talvez tenhamos presenciado uma idéia instantânea e libertadora que, ao lançar seu facho de luz, descerrou algum negro casulo de pensamento e fez surgir uma borboleta. Ora, o que muitos de nós se perguntam, é: “Como posso reter essa luz? Como posso estabelecer a individualidade cristã com sua indubitável certeza de que Deus e a Sua criação divina são o Tudo e a Única Coisa?”
Identificação correta! É de tremenda importância a maneira como nos consideramos. Determina a estrada que tomamos e a velocidade a que andamos. Reconhecermo-nos como um exemplo individualizado da manifestação de Deus liberta-nos para dizermos: “Eu? Sou Seu reflexo!”
Quão perto de Deus precisamos andar se assim nos identificarmos! Quão cristãmente temos de viver em nossos lares, em nossos relacionamentos, em nosso mundo! Precisamos andar em novidade de vida. A mania de criticar e bisbilhotar, o medo e a limitação, passam a se afastar. Consideramo-los interrupções insípidas na nossa comunhão diária com Deus. Nessa imutável união com Ele, certamente descobrimos mais do Seu poder de agir e, como reflexo Seu, o nosso poder. Seu poder de amar e, na medida em que for refletido, o nosso poder. Ao descortinarmos e vivermos gradativamente qualquer qualidade ou aspecto de nossa identidade crística que antes não víamos, torna-se essa qualidade uma parte viva de nossa ação. O nosso ato de ver e de saber floresce em ações.
As disposições contidas no Manual de A Igreja Mãe de autoria da Sra. Eddy são de grande valor para nos ajudar a demonstrar nossa verdadeira identidade. Pelo menos quatro delas requerem consideração diária. Exigem que manifestemos ordem, atenção, devoção. Cristo Jesus exerceu essas qualidades e exigiu dos seus seguidores dedicação devota. “Dizia a todos: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, dia a dia tome a sua cruz e siga-me” Lucas 9:23;, conta-nos o Evangelho de Lucas.
O que significa “dia a dia”? Apenas uma vez por dia? Não significaria antes andar diária e continuamente na realidade e na segurança de nosso verdadeiro ser? A Sra. Eddy descerra de maneira brilhante a porta da individualidade quando levanta esta pergunta: “Credes em Deus?” Parte de sua resposta diz: “Creio nEle mais do que a maioria dos cristãos, pois não tenho fé em qualquer outra coisa ou outro ser. Ele sustenta minha individualidade. Não, mais ainda — Ele é minha individualidade e minha Vida. Porque Ele vive, eu vivo.”Unity of Good, p. 48;
O que é que nos privaria dessa conscientização, que nos manteria perguntando: Que houve com o que prometi fazer hoje? Que aconteceu com a minha iniciativa? Por que as minhas boas intenções se complicaram a meio caminho? Todos os tipos de desculpas talvez se apresentem, mas não passam de disfarces do magnetismo animal, que não foi anulado e que tentaria lançar aos ares as nossas boas intenções. Não precisamos ficar amarrados à crença de que somos seres mortais e de que o poder gerador de atos e realizações esteja em nós. Essas sugestões nos desviariam a atenção de nossa identidade procedente de Deus.
Se tais crenças errôneas se apresentarem, a Ciência mostra-nos como colocar o fato oposto exatamente onde parece estar a contrafação. É preciso ver o erro, ver além do erro, e inverter o que se viu do erro. O erro não pode ser varrido para debaixo do tapete.
Não existe nada além da infinidade. Como Deus é Tudo, não resta lugar algum em que o mal possa gerar ou multiplicar-se. Invertemos o quadro apresentado pelas sugestões malignas, sabendo o que de fato se acha presente. O mal não é um adversário formidável com que tenhamos de lutar ou uma inteligência sutil cuja astúcia tenhamos de suplantar. É outro nome para o nada, e o estamos constatando. Estamos enfrentando os desafios do mal com menos temor e mais confiança no poder de Deus para controlar e determinar toda situação. S. João, ao escrever para os primitivos cristãos a respeito das crenças mundanas, reanima-os — e também a nós — com estas palavras: “Filhinhos, vós sois de Deus, e tendes vencido os falsos profetas, porque maior é aquele que está em vós do que aquele que está no mundo.” 1 João 4:4. À medida que crescemos na Ciência, torna-se natural colocarmos serena quietude no lugar da pressa, manifestarmos a humildade de ouvir em vez do interesse próprio e da força de vontade, ampliarmos as nossas orações e o nosso trabalho para incluirmos neles o mundo.
