As crianças choram. Os adolescentes e as mulheres também — até mesmo os homens choram! As pessoas choram pelos mais diversos motivos. Algumas choram de angústia. Outras vertem lágrimas de gratidão ou alegria.
Chorar foi sempre um impulso humano natural. Todos alguma vez chegaram às lágrimas por uma razão ou outra. E, no entanto, os escritores bíblicos estavam cônscios de que um dia não haveria mais lágrimas.
O livro de Isaías, por exemplo, prevê um novo céu e uma nova terra, e o profeta dá a promessa divina: “E exultarei por causa de Jerusalém, ... e nunca mais se ouvirá nela nem voz de choro nem de clamor.” Isaías 65:19; S. João viu de fato a presença deste novo céu e desta nova terra. Em sua visão está incluída a garantia a todos de que “[Deus] lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e ... já não haverá ... pranto.” Apoc. 21:4;
O que S. João viu foi uma visão da realidade. Ele reconheceu a verdadeira condição do ser; discerniu a espiritualidade inata do homem, livre de emoção mortal e expressando a perfeição de Deus. Mas, será realista começar a pôr em prática esta liberação das lágrimas — especialmente quando as lágrimas são consideradas uma emoção tão fundamental?
Obviamente, o mundo não irá reter de modo artificial a torrente de lágrimas. Mas podemos dar os passos iniciais em busca da compreensão de nosso relacionamento com Deus, como Alma. A Ciência Cristã explica que Alma é um termo para Deus e que Ele é a fonte do sentimento espiritual — que é o único sentimento real — porque a Alma é a única causa. Uma compreensão disso certamente há de silenciar alguns dos impulsos agressivos que desejariam enfatizar lágrimas excessivas ou descontroladas.
Não é necessário sufocar nossas emoções, e, sim, começar a expressar livremente Deus, a Alma. As emoções angustiadas interferem com a expressão da Alma. Mas o sentimento divino proporciona ao ser individual um fluir ilimitado de genuína bondade e alegria.
Chorar, na maioria das vezes, simboliza um desabafo. Mas o verdadeiro desabafo provém de expressarmos a Alma. Este é o propósito verdadeiro e permanente do homem. Vive o homem para expresar a Alma — para dar prova da natureza de Deus. A Alma não priva o homem de sentimentos. Elimina a instabilidade e a incerteza do emocionalismo e proporciona a fonte real do profundo sentimento espiritual. O sentimento que procede da Alma pode ser reconhecido em qualidades tais como a alegria, a inspiração, a paz e a espontaneidade. Esta espécie de sentimento, cultivada espiritualmente, afasta da personalidade mortal o pensamento, enquanto que o choro tende a simpatizar com um errôneo conceito de identidade.
Isto não quer dizer que os acontecimentos não nos venham a desafiar ao prosseguirmos na superação de crenças mortais limitadas. Mas quando encontrarmos situações difíceis, descobriremos que nosso apreço crescente pela Ciência do ser elimina as lágrimas, consola-nos e traz a manifestação da Alma à nossa vida. A Sra. Eddy lembra-nos: “As angustiantes dores mortais apressam o nascimento do ser imortal; mas a Ciência divina enxuga todas as lágrimas.” Unity of Good, p. 57;
Uma jovem senhora passou por uma situação difícil e penosa. Amigos íntimos lhe foram desleais. Parecia que o bem que ela lhes havia feito fora utilizado para magoá-la. Enquanto afligia-se com essa perseguição, havia horas em que era incapaz de controlar uma pesarosa e até mesmo — para ela — estranha espécie de choro. Ao orar, começou a ver a natureza impessoal da mente mortal com suas emoções e a perceber que a lamúria tão pouco comum não fazia parte de sua expressão da Alma. Os acessos de choro cessaram e os sentimentos conturbados começaram a se elevar.
Algumas semanas mais tarde, ela e o marido assistiram a um filme retratando uma cerimônia religiosa que enfatizava e encorajava o choro. Com surpresa, ambos reconheceram que era a mesma espécie de choro a que ela havia cedido. Tornou-se claro que o choro tinha sido impessoal — uma resposta ao pensamento do mundo e não o seu próprio e verdadeiro sentimento, impulsionado com naturalidade pela Alma.
Como as lágrimas no final das contas de nada adiantam, são enxugadas pelo Amor. A medida que cedemos à presença divina, estabelecese na consciência um profundo equilíbrio. Referindo-se ao Amor divino, a Sra. Eddy escreve: “Ele restaura os quebrantados de coração, cura o débil corpo, cuja cabeça inteira se acha doente e cujo coração é fraco; consola os que choram, afasta as inúteis e cansadas lágrimas, traz o viandante de volta à casa do Pai, na qual há muitas moradas, muitas boas-vindas e muito perdão para o penitente.” The First Church of Christ, Scientist, and Miscellany, pp. 132–133.
Uma vez que as lágrimas não são naturais ao homem, que expressa Deus, encontrar-nos-emos vencendo não só esta emoção, mas também qualquer outra que pretenda erradamente levar-nos às lágrimas. É o nosso amor a Deus e o nosso desejo inato de manifestar Sua perfeição o que nos capacita a expressar calma e serenidade muito acima dos impulsos do sentido material. O Amor divino não nos dá motivos para lágrimas angustiadas. A Alma proporciona-nos o equilíbrio necessário para começar a demonstrar este fato.
