Eu me encontrava desanimado ao ter de enfrentar o vestibular. O resultado determinaria se o que eu sabia de linguagem estava em nível de faculdade ou não.
A primeira parte do exame foi simples — a definição das palavras era fácil. Mas, ao prosseguir, as definições tornaram-se mais difíceis e eu não estava indo bem.
Apesar de ser um exame com tempo marcado, parei para orar e pedir orientação divina. Perguntei a Deus o que eu precisava saber. Quase que de imediato, veio-me à mente o título deste artigo. Por que não conheço o fracasso? perguntei. Porque o homem criado por Deus reflete a inteligência divina! foi a resposta. Percebi que o homem criado por Deus era minha identidade verdadeira — minha e de todos.
A Sra. Eddy liga, de maneira clara, a inteligência a Deus, em sua inspirada definição de Deus no livro-texto da Ciência Cristã, Ciência e Saúde: “O grande Eu Sou; Aquele que tudo sabe, que tudo vê, que é todo-atuante, todo-sábio, a tudo ama, e que é eterno; Princípio; Mente; Alma; Espírito; Vida; Verdade; Amor; toda a substância; inteligência.”Ciência e Saúde, p. 587;
Como posso utilizar essa inteligência divina? perguntei, continuando minha oração silenciosa. Reivindicando sua presença e sua atividade em minha consciência, foi a resposta imediata. A questão do tempo e a pressão perderam sua força, enquanto eu ponderava esse ponto e procurava pô-lo em prática.
Raciocinei que um meio de reivindicar a inteligência divina é perceber que Deus é a autoridade que sustenta a inteligência. Deus é inteligência, portanto o homem é inteligente. Deus é todo-sábio, portanto o homem, como manifestação de Deus, expressa sabedoria. “Só a Mente possui todas as faculdades, toda a percepção e compreensão”ibid., p. 488;, declara a Sra. Eddy no livro-texto. Eu sabia que isso era verdade e que reivindicá-lo baniria a ansiedade e a confusão.
Então, o Daniel dos tempos bíblicos veio-me à lembrança. Ele enfrentou uma situação bem difícil — um teste à sua fidelidade. O rei havia assinado um decreto, determinando que, pelo prazo de trinta dias, ninguém poderia orar a nenhum deus ou homem exceto ao próprio rei. Daniel, porém, permaneceu inabalável em sua fidelidade ao único Deus. Por optar pela lealdade a Deus em contraposição ao falso sentido de bem-estar pessoal, ele provou que Deus mantém o homem e que o homem está livre do fracasso e do mal. Então, o rei Dario estabeleceu um decreto: “Em todo o domínio do meu reino os homens tremam e temam perante o Deus de Daniel; porque ele é o Deus vivo e que permanece para sempre.” Daniel 6:26;
O Daniel de que fala o relato acima é uma figura clássica do Antigo Testamento. Precedeu Jesus na história, mas não precedeu o Cristo, que Jesus representou de maneira tão fiel e completa. Cristo, a Verdade, sempre existiu. “Cristo é a idéia verdadeira que proclama o bem, a mensagem divina de Deus aos homens, a qual fala à consciência humana”, diz-nos a Sra. Eddy. “O Cristo é incorpóreo, espiritual — é a imagem e semelhança divina, que dissipa as ilusões dos sentidos; é o Caminho, a Verdade e a Vida, que cura os doentes e expulsa os demônios, que destrói o pecado, a moléstia e a morte.”Ciência e Saúde, p. 332.
Minha compreensão do Cristo, a Verdade, apoiada pela experiência dramática de Daniel, anulou o sentido de incapacidade. Olhei outra vez para as palavras difíceis à minha frente. Ao ponderar a primeira, lembrei-me de que a Sra. Eddy a havia usado em Ciência e Saúde. Veiome à lembrança uma frase que contém a palavra. Pensei no sentido em que a Sra. Eddy emprega a palavra. Ocorreu-me certa definição. Olhei para as definições na folha das respostas. Uma delas era idêntica à que eu havia elaborado! Quase todas as outras palavras do exame também tinham sido usadas pela Sra. Eddy. Lidei com todas como fizera com a primeira e terminei o exame em tempo.
O que trouxe a solução? Mudaram as palavras? Não. Começou a funcionar melhor um cérebro material? Não. Como Daniel, eu havia orado. Havia me desligado do problema e procurado paz num reconhecimento de minha unidade com a inteligência divina. Minha afirmação de que podia obter todo o bem por meio do Cristo eliminou minha dependência de capacidades humanas ou do assim chamado poder do cérebro. Ao reivindicar meu direito de expressar a inteligência divina, estabeleci a base genuína da inteligência e a solução surgiu.
Não podemos esperar que nossas orações sejam eficazes em situações como essa, se não tivermos feito antes o nosso trabalho. Porém no meu caso, não fora possível um estudo prévio. O exame fora elaborado para testar o que eu havia aprendido no decorrer de vários anos.
Ora, eu havia feito meu trabalho. Através dos anos, estivera aprendendo mais a respeito de Deus e do relacionamento que há entre o homem e Ele. Estivera afirmando que a inteligência de Deus é refletida pelo homem. Orara, sabendo que essa inteligência não pode ser fabricada pelo homem, apenas refletida naturalmente. Sabia que estava bem à mão para ser demonstrada.
Se tropeçamos no argumento de que a inteligência possa ser perdida ou de que não a consigamos alcançar, podemos orar para ser libertados desse obstáculo. Podemos negar o raciocínio geralmente aceito de que a inteligência está na matéria ou no cérebro. Não há nenhum bem na matéria, pois todo o bem provém de Deus e Ele não está na matéria. Ele não conhece a matéria, pois esta não existe no reino infinito do Espírito. A matéria é um sonho, um sentido errôneo de substância, que desfila à nossa frente disfarçado em realidade. Mas, se compreendemos que Deus, e não a matéria, é a fonte da inteligência, não podemos fracassar. A inteligência faz parte de nosso ser verdadeiro. E nossa para sempre. Não nos pode ser tirada, ocultada, negada, nem ser mal distribuída ou limitada.
Ao reivindicarmos pela oração essas verdades, teremos as ferramentas para resolver nossos problemas — às vezes de maneira inesperada. Eu nunca poderia supor, ao entrar na aula, que os escritos da Sra. Eddy desempenhariam papel tão importante no meu exame. Ao saírem as listas com os resultados, eu estava entre os primeiros colocados. Como havia parado de estudar por mais de doze anos, um funcionário da escola ficou espantado com o alto número de pontos que alcancei. Porém eu sabia que o mérito pertencia à Mente.
Todos diariamente enfrentamos desafios. Alguns deles podem parecer relativamente sem importância, ao passo que outros assumem importância descomedida. Mas cada um provê uma oportunidade para demonstrar o que estamos aprendendo a respeito de Deus, de Seu Cristo e do homem. O homem realmente não conhece o fracasso!