Certa tarde, viajando num trem do metrô, cheio de gente, percebi de repente que minha carteira havia sido roubada e que o ladrão estava descendo do trem. Segui-o, mas perdi-o de vista quando cheguei ao topo das escadas do metrô.
“Oh, não, isso não pode acontecer comigo!” foi minha primeria reação. Mas o pensamento seguinte foi melhor e mais confiante. “Exatamente! — Isso não pode acontecer comigo!” E fiquei imediatamente consciente dos fatos espirituais por trás dessa afirmação — as razões pelas quais aquilo não podia estar incluído no meu dia.
Primeiro, eu sabia que Deus estava presente. Segundo, eu tinha consciência de que a nossa experiência é controlada e governada pela nossa aceitação de Sua presença como lei. Terceiro, eu tinha a certeza de uma frase da Oração do Senhor — a convicção existente nas palavras de Cristo Jesus: “Faça-se a tua vontade, assim na terra como no céu” (Mateus 6:10).
Nesse tipo de situação, os pensamentos nem sempre seguem o curso habitual; adejam como beija-flores, mas nunca pomos em dúvida que vieram! Às vezes, estamos mais conscientes de sensações que de palavras.
Para mim, parecia muito natural sentir-me calma e orientada. Antes disso, naquele dia, havia por algum tempo ponderado a Oração do Senhor, especialmente a primeira e a quarta linhas, juntamente com a interpretação espiritual que a Sra. Eddy dá em Ciência e Saúde (pp. 16–17):
“Pai nosso que estás nos céus,
Nosso Pai-Mãe Deus, todo-harmonioso,
Faça-se a Tua vontade, assim na terra como no céu;
Faze-nos saber que — como no céu, assim também na terra — Deus é onipotente, supremo.”
Reconheci que essas verdades são a lei que está presente, com poder, para refutar qualquer pretensão de que o homem possa estar separado do bem. Nunca precisamos ser cúmplices no crime fundamental de crer que o mal possa prevalecer. Onde o Pai-Mãe, todo-harmonioso, controla tudo, não há ladrão nem vítima. No universo que é governado por Deus, nada pode acontecer fora das diretrizes do bem.
Isso, naturalmente, não significa que quando alguém está seguro e com saúde Deus está presente e é supremo, mas que com a aparição do perigo e da doença a capacidade onipotente de Deus se desvanece! Pelo contrário, conforme a Sra. Eddy diz (ibid., p. 151): “Tudo o que realmente existe é a Mente divina e sua idéia, e nessa Mente o ser inteiro se revela harmonioso e eterno.” Então, onde poderia existir uma vítima ou um ladrão?
O Cientista Cristão aprende e dá prova de que Deus está sempre presente e é sempre supremo. Ele reciocina que o homem, a imagem e idéia da Mente divina, está sempre em perfeita segurança — já salvo — em harmonia com a lei de Deus.
Aderindo aos fatos divinos, o cristão está capacitado a ver os indivíduos espirituais e perfeitos como Jesus os via, e seguir assim seu exemplo sanador. O Mestre não só orou para que a vontade do Pai fosse feita, mas suas obras davam prova daquela vontade. As enfermidades eram curadas e o pecado era expulso. Deus era glorificado.
Ao deparar-se com situações de perigo, doença ou desarmonia de qualquer natureza, o Cientista Cristão pondera os fatos espirituais que ele conhece. Por trás das afirmações imediatas da verdade de Deus e de seu cuidado bondoso para com o homem, jaz a profunda convicção de que o Seu poder está disponível “como no céu, assim também na terra”.
Enquanto estava no topo da escada, a certeza de que Deus estava presente levou-me a confiar em que qualquer coisa que dali em diante acontecesse, deveria estar de acordo com a justiça da lei divina. Enquanto orava literalmente: “Pai, mostra-me o que fazer”, um rapazola apareceu. “Moça, está procurando uns rapazes que roubaram coisas?” “Sim, estou”, disse eu.
“Eles foram por ali.”
Segui suas indicações, mais consciente ainda da harmonia real da existência do que das ruas e vielas que atravessava. Em cinco minutos eu tinha encontrado o ladrão e seus colegas, tinha pedido minha carteira de volta e a tinha obtido.
A Bíblia diz (Tiago 5:16): “Muito pode, por sua eficácia, a súplica do justo.” A oração contínua e a consciência daquilo que realmente existe — Deus e Sua idéia divina, o homem — é oração prática. Provê diretrizes atuais para determinar “o que pode acontecer comigo”.
Boston, Massachusetts, E.U.A.
