Há muitas coisas para as quais fazemos planos — viajar, mudar de casa, aposentar-nos. Os seres humanos se tranqüilizam com uma noção de estrutura — com planos definíveis que estabelecem para a sua proteção e bem-estar. Alguns de nossos projetos para o futuro são mais felizes do que outros.
Os nossos planos são melhores quando compreendemos que há um plano divino que sempre nos diz respeito. Tal plano encontra-se já em ação em benefício de cada um de nós, abrangendo-nos a todos. É ele o “plano” do Espírito que estabelece sua própria totalidade, plano que desde já se encontra consumado. Quando nos damos conta disso, nossos planos fazem-se menos mortais e especulativos, mais sadios e inspirados.
Que espécie de plano vem a ser o plano de Deus?
No traçado divino das coisas não se acha a idéia de que Deus — o Princípio, ou toda a inteligência — move personalidades mortais de um lado para o outro no tabuleiro de um mundo material. Não proporciona para alguns indivíduos mais inteligência, inspiração, substância e, para outros, menos. O plano é o de Deus universal, a amar o homem que é nascido de Deus.
S. João, referindo-se a Jesus, o Cristo, escreveu: “A todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus; a saber: aos que crêem no seu nome; os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus.” João 1:12, 13; E Mary Baker Eddy faz sobre essa passagem o seguinte comentário: “O apóstolo não indica nenhum plano pessoal de um Jeová pessoal, que procede com parcialidade e é finito; mas sim a possibilidade de que todos, como Seus filhos e filhas, encontrem seu lugar no grande amor de Deus, a eterna herança de Eloim. O texto é uma declaração metafísica da existência como Princípio e idéia, em que o homem e seu Criador são inseparáveis e eternos.” Miscellaneous Writings, p. 182; No âmago do plano divino encontra-se o fato de que o Deus infinito e o homem permanecem inseparáveis.
Como o plano divino para cada um de nós é extensivo, imparcial e total, sua aplicabilidade é tão diversificada como são diversas as necessidades humanas. Pode ser aplicado por qualquer pessoa, em todo o quadro das experiências humanas e em todas as épocas. Relaciona-se com o indivíduo e, por extensão, com toda a humanidade coletivamente.
No esquema de Deus, que proporciona infinita substância a fim de constituir e manter o homem, todos se acham incluídos. A demonstração que você obtém da substância divina traz bênçãos para mim e para todos. A que eu colho, lhe abençoa. “Na relação científica entre Deus e o homem,” observa a Sra. Eddy, “descobrimos que tudo o que abençoa um, abençoa todos, como Jesus o mostrou com os pães e os peixes — sendo o Espírito, não a matéria, a fonte do suprimento.” Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, p. 206;
Moisés possuía um sentido espiritual altamente desenvolvido da “relação científica entre Deus e o homem”, mais pronunciado e penetrante que o de qualquer outro vulto de seu tempo. Tal fato fez dele um líder espiritual extraordinário. Tornou-o um legislador — oferecendo os Dez Mandamentos — que se mantiveram firmes até a era hodierna.
Moisés percebeu que Deus é o único Ego, o grande Eu sou Ver Êxodo 3:14;. Na proporção em que Moisés e os filhos de Israel faziam aliança com o grande Eu sou, prosperavam, provavam com quanta eficácia se pode obrar de acordo com o plano divino e viver de acordo com ele. Embora tivessem peregrinado, o vislumbre que Moisés tivera da natureza e da ordem divinas era imperioso. Trouxe-os de volta ao curso, e por fim os levou à Terra Prometida. No caminho para ela, a noção que Moisés tinha do Ego divino trouxe como resultado demonstrações do poder de Deus que são como picos luminosos na história do Antigo Testamento. A física convencional talvez os chame milagres — ou miragens. Mas a metafísica mostra que todos se deram de acordo com o plano divino.
O modo pelo qual podemos hoje em dia definir e aplicar a lei divina é igual ao de sempre: é-nos necessário perder o sentimento do ego mortal na conscientização do Ego imortal, Deus. Isso revela o plano divino da salvação. Trata-se de um plano completo, constituindo-se no caminho da salvação que livra da doença, do pecado, da decadência, da angústia, da alienação, das guerras e, até mesmo, das trevas da morte. “Os indivíduos, bem como as nações, unem-se harmoniosamente na base da justiça, e isto se consegue quando o eu se perde no Amor — ou no próprio plano de Deus para a salvação” The First Church of Christ, Scientist, and Miscellany, p. 283., escreve a Sra. Eddy.
Como identificar o plano divino e gozar de seus benefícios? Por meio de oração, de oração que reconhece a onisciência de Deus. Não uma oração feita para mudar as condições humanas, mas a que torna concreto o ser espiritual. Não uma oração para que nossos planos se realizem, mas a oração que afirma a autoridade do plano divino. Uma oração que de uma base espiritualmente científica rechaça as pretensões do erro.
Se o magnetismo animal (termo que a metafísica cristã adota para designar o mal) fosse uma entidade e possuísse inteligência, pode ser que em seus planos para nós houvesse doença, limitação, mortalidade, desespero. Mas o magnetismo animal apenas aspira a ter identidade e a ser algo. Trata-se de um nada desprovido de uma mente, e, quando muito, conseguiria aniquilar a si próprio.
O plano de Deus para haver bondade infinita é total, transbordante, irresistível, inegável. Admitindo-o, ainda que só em parte, vemos que nossos planos — toda a nossa vida — correm muito melhores.
