Haverá meios de preservar um casamento em declínio? Sim, há! Permitam-me contar-lhes como o meu casamento foi salvo graças à aplicação da Ciência Cristã.
Quando Sam e eu nos casamos, cada um de nós pensava que o outro era “o maior”. Estávamos de fato apaixonados. No entanto, depois de uns poucos anos e três filhos, as coisas se deterioraram até o ponto em que nenhum de nós conseguia fazer, ou dizer, algo que fosse do agrado do outro. Discutíamos a respeito de quase tudo. A essas alturas nós dois havíamos feito o Curso Primário de Ciência Cristã, também.
Certo dia dei-me conta de estar pensando em divórcio. Toda minha vida me fora ensinado que a aplicação científica do cristianismo pode curar qualquer problema, por isso decidi fazer vivo esforço para aprofundar minha compreensão dos fatos espirituais pertinentes ao caso.
Telefonei a uma praticista da Ciência Cristã a lhe contei tudo o que Sam estava fazendo errado — uma lista comprida. Acreditava que o problema estava fora de mim mesma — que era tudo culpa do meu marido. Ora, Sam lhes diria que ele também tinha uma lista e tanto!
A praticista escutou-me em silêncio, e depois disse: “Não me é permitido orar por Sam; ele não me pediu ajuda. Posso orar, porém, por você.” Bem, eu não pensava ser a pessoa que necessitava de ajuda, mas estava desesperada e disposta a tentar.
A cura não foi instantânea; levou uns quatro ou cinco meses. Assemelhou-se muito com o amanhecer — suave, gradativo. Foram necessárias muitas orações persistentes e vigorosas, bem como disciplina de pensamento. Pouco a pouco cessei de julgar o Sam e, em vez disso, me fixei em minha própria identidade espiritual.
Gradativamente foi se aprofundando o reconhecimento de minha perfeição espiritual como reflexo do único Deus perfeito. Tive de ver-me como um ser completo e defender essa idéia verdadeira de mim mesma. A Sra. Eddy escreve no Manual de A Igreja Mãe: “Os professores deverão ensinar seus alunos a defenderem-se contra a má prática mental, a nunca retribuírem o mal com o mal, mas a conhecerem a verdade que liberta, e serem assim uma lei, não para os outros, mas para si mesmos.” Man., § 3º do artigo 26; Comecei a ver que esse trabalho era a atividade mais importante do meu dia.
A oração diária que você faz para si mesmo o ajuda a se tornar tão consciente do que é verdadeiro a respeito de Deus e do homem que lhe permite desmascarar logo os conceitos meteriais que são contrafações do que é espiritual. O que não é verdadeiro nos seus pensamentos salta de repente, permitindo-lhe reconhecê-lo e destruí-lo. Em meu caso, muitas eram as crenças errôneas expostas, inclusive a crença de que eu era um ser mortal que dependia de outro ser mortal para obter felicidade, suprimento e amor. Ao compreender de modo mais pleno que eu era um ser espiritual e que Deus era a fonte de todo o bem que me cabia, consegui rejeitar a crença de que uma pessoa pudesse despojar-me dessa felicidade.
Afirmei resolutamente que o bem, seja qual for a sua forma, vinha a mim procedente de Deus. Como filha dEle eu já era perfeita, completa e bem cuidada. “Somos o seu povo, e rebanho do seu pastoreio” Salmos 100:3., diz o Salmista. Vi que abandonar a crença de que alguém depende de outrem para obter o bem não destrói as relações matrimoniais mas as fortalece, colocando-as numa base mais espiritual — a dependência de Deus.
Na medida em que passei a prezar minha indentidade espiritual, meus pensamentos, atitudes e ações começaram a mudar. Vi-me paulatinamente erguida de um conceito errôneo de personalidade com sua justificação própria, o qual se acha na raiz de muitos problemas de relacionamento. Reconheci que pelo fato de eu ser realmente filha perfeita de Deus, nada existia em mim que não fosse conforme a semelhança do Cristo, que, ao ser vivida, ajudaria a trazer à tona a verdadeira natureza crística do Sam. Também vi que nada havia nele que não fosse semelhante ao Cristo e ao que eu pudesse reagir. Quando criticada, lutava para ater-me a essas verdades. Recusava-me a retaliar verbalmente, pois compreendi que se me envolvesse com o pensamento de nível humano e com a crítica eu estaria negando o Cristo como a verdadeira natureza de nós dois. Quanto mais eu prezava a minha própria identidade espiritual, tanto mais eu desejava prezar a sua identidade espiritual.
Uma simples analogia mostrou-me como fazer tal coisa. Quando um inseto pousa no ombro de alguém, ninguém critica a pessoa nem cai em cima dela mas limita-se a remover o inseto, porque sabe que ele não faz parte de tal pessoa. Vi que a crítica não fazia parte de Sam como filho perfeito de Deus, por isso pude removê-la de meu pensamento acerca dele em vez de batê-lo mental ou verbalmente. Era-me possível prezar sua consciência crística. E o fiz.
A essa altura começava a despontar entre nós maior harmonia. Por eu estar mudando aquilo que o fazia atacar-me, sua maneira de reagir também passou a mudar. Persisti em orar, e em breve a cura tinha-se completado. Hoje nem eu nem Sam conseguimos lembrar quais os pontos de discordância.
Desde então o nosso barco foi açoitado mais algumas vezes, porém agora sabemos o que temos de fazer. Cientes de que o erro tentaria obscurecer nossa identidade espiritual, levando-nos a reconhecer no outro algo menos do que a sua natureza crística, enfrentamos prontamente aquelas mentiras. Só Deus pode dizer-nos algo a respeito de nossa identidade verdadeira.
A todos é possível aprender a considerar as ocasiões em que somos tentados a criticar os outros como oportunidades de orar por nós mesmos a fim de certificarmo-nos de que estamos vendo apenas o homem que Deus criou. Indiferentes ao quadro humano, podemos ver o homem sustentado na perfeição de Deus, a refletir a consciência divina infinita. O motivo de orarmos não é fazer com que a outra pessoa mude, mas certificarmo-nos de que nós mesmos estamos acolhendo o Cristo, a idéia espiritual de Deus, como foi apresentada por Cristo Jesus.
Quando sinceramente aplicamos ao casamento as normas cristãs e científicas, coisas maravilhosas acontecem. As dificuldades se desfazem e predomina a harmonia.