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Sem perdedores

Da edição de julho de 1979 dO Arauto da Ciência Cristã


Na praça do velho Palácio de Justiça de nossa cidade existia uma guia de concreto que margeava o gramado, e os homens ali reunidos costumavam sentar-se à sombra e conversar. Muitos deles não passavam de pobres coitados. Haviam aceito a derrota e andavam à deriva ou já haviam soçobrado. Segundo a crença comum de que vencer na vida significa conseguir o maior número de matéria e os melhores objetivos materiais, esses homens não eram os que lavraram tentos; outros é que foram os vencedores. E a desesperança que lhes arqueava os ombros e espiava dos seus olhos entristecidos dizia serem eles os perdedores.

Por mais sábios, virtuosos e prudentes que sejamos, todos nós uma vez ou outra parecemos sofrer perdas. Ora, essas perdas não precisam significar derrota. Como a história bíblica de Jó ilustra, algumas pessoas encaram a perda e o malogro como enviados por Deus e, portanto, inevitáveis, ou então acreditam que as perdas sobrevêm como resultado de pecado, seu próprio ou de alguma outra pessoa. Há ainda outros que pensam que perder ou ganhar depende de sorte: ou você a tem ou não a tem. Talvez alguns daqueles homens fracassados que se achavam na praça em frente ao Palácio de Justiça mantivessem esse ponto de vista.

Ora, existe outra maneira de encarar a perda, aquela a que Cristo Jesus aludiu quando se referiu a uma mulher enferma e encurvada a quem ele acabara de curar e “a quem Satanás trazia presa”  Lucas 13:16;. Que luz é lançada nesta cura por outra frase sua, aquela em que ele chamou Satanás de “mentiroso e pai da mentira”  João 8:44; ! Aquilo que quer prender a humanidade, enfermando-lhes e encurvando-lhes o corpo e despojando-os de tudo quanto amam na vida, é um impostor.

Ao descobrir a Ciência Cristã, a Sra. Eddy aprendeu, e comprovou cientificamente, que não importa como Satanás, ou o mal, se disfarce, não tem ele poder real, e a Verdade põe com certeza a descoberto a sua falta de poder. A autoridade para esta maneira de encarar as coisas a Sra. Eddy encontrou na Bíblia, na vida e nos ensinamentos de Cristo Jesus e dos profetas do Antigo Testamento. Pois a Bíblia mostra que Deus, o bem, é todo-poderoso; que há um só Deus, ou poder, que ocupa todo o espaço; que Deus é Espírito e formou o homem como Seu próprio filho, ou Sua manifestação.

Esta verdade é a base da Ciência Cristã e aquela desde a qual os estudantes desta Ciência a exercem curando a si mesmos e a outros de todos os tipos de perda e problemas. Aprendem do estudo que fazem da Bíblia e do livro Ciência e Saúde de autoria da Sra. Eddy que uma existência infeliz resulta do pensamento da própria pessoa e que o quadro melhora quando o pensamento da pessoa também melhora. Portanto, a fim de encontrar liberdade, como a achou a mulher que foi curada por Jesus, é preciso abrir o pensamento ao poder curativo da verdade espiritual e recusar-se a ser enganado pela mentira material. Em vez de se encolher mentalmente e aceitar a derrota, é preciso deixar que as idéias espirituais de Deus se desdobrem no pensamento e desta maneira a pessoa poderá encontrar alegria e saúde.

No livro Miscellaneous Writings a Sra. Eddy diz: “Enganam as esperanças humanas? e treme a alegria? Então, peregrino fatigado, desata as correias de tuas sandálias, pois o lugar que pisas é santo. Com isto saberás que estás te separando de um sentido material de vida e felicidade para adquirires um sentido espiritual do bem. Ó, aprende a perder com Deus! e encontrarás a Vida eterna: ganharás tudo.” Mis., p. 341; A Sra. Eddy falou de experiência própria acerca deste lugar sacrossanto. Após enviuvar, foi separada de seu único filho por questões de doença e dificuldades financeiras. Alguns anos mais tarde sofreu grave lesão num acidente. Pedindo que lhe trouxessem sua Bíblia, leu em Mateus como Jesus havia curado um paralítico. Mais tarde a Sra. Eddy escreveu: “Enquanto lia, a Verdade que cura raiou em meu espírito; e como resultado levantei-me, vesti-me e, desde então, gozei de melhor saúde do que anteriormente.” ibid., p. 24;

A cura obtida pela Sra. Eddy assinalou grande reviravolta, não só na sua própria vida como também no mundo. Esse lugar sagrado em que ocorreu a perda foi o caminho que a levou a descobrir a Ciência Cristã. Muitos anos mais tarde o redator da revista Cosmopolitan descreveu a Sra. Eddy como “mulher extraordinária que, beirando os oitenta e sete anos de idade, desempenha papel tão importante no mundo e lidera, com evidente êxito, seu grande número de seguidores” The First Church of Christ, Scientist, and Miscellany, p. 272;. Alguns meses mais tarde a Sra. Eddy passou à tarefa de fundar o jornal The Christian Science Monitor, diário que desde então se tornou internacionalmente conhecido e respeitado. Imaginem a perda que teria sido para a humanidade toda se ela tivesse aceito como derrota as perdas que de início sofreu!

Cristo Jesus estabeleceu para todos os tempos um critério sobre ganho e perda quando censurou Pedro, que o instava a salvar-se do ordálio da cruz. Jesus disse: “Quem quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; e quem perder a vida por minha causa, achá-la-á. Pois, que aproveitará o homem se ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? ou que dará o homem em troca da sua alma?”  Mateus 16:25, 26; O que, de fato, daremos, ou perderemos, em troca de nossa alma, de nosso sentido espiritual de Deus — da Vida e da Verdade?

Consegui encontrar resposta a esta pergunta depois da perda de meu marido e de vários outros membros de minha família. Para superar a tristeza compreendi que precisava abandonar o meu conceito de homem como pessoa física. Buscando encontrar uma visão espiritualizada acerca de mim e de todos, inclusive daqueles entes queridos, como manifestações eternas de Deus, achei paz e travei relações novas e felizes. Além disso, a minha melhor compreensão da bondade indestrutível de Deus levou-me a uma vivência mais completa e mais ampla. Ao me voltar para Deus como meu protetor e a fonte de todo o bem, deixei de confiar incondicionalmente no dinheiro. Raciocinando que como imagem de Deus eu refletia todas as Suas qualidades, e compreendendo de fato esta verdade, fui capaz de continuar a dirigir com êxito os negócios de meu marido.

A teologia popular ensina que para a realização espiritual, a salvação e a redenção é necessário sofrer e sacrificar o que é bom. Mas Jesus não ensinou isso. Disse: “Não vos inquieteis, dizendo: Que comeremos? Que beberemos? Com que nos vestiremos? ... Buscai, pois, em primeiro lugar o seu reino [o reino de Deus] e a sua justiça, e todas estas cousas vos serão acrescentadas”  6:31, 33., estabelecendo assim as prioridades. “Estas cousas” não constituem a questão primordial nem o prêmio. Temos o direito de possuí-las, mas elas não constituem em si mesmas ou por si mesmas um objetivo. Quando a compreensão da bondade e da totalidade de Deus, ou Espírito, passa a ser nosso objetivo, damo-nos conta de que conquistamos o verdadeiro prêmio — Suas idéias espirituais — e que elas jamais podem ser perdidas. São mantidas para todo o sempre em Deus, como parte de Sua totalidade.

Então que fazer quando parecemos estar diante da perda de algo a que humanamente queremos bem? Por certo que não devemos encarar essa perda como derrota. Em vez disso podemos nos voltar para Deus, nosso Pai carinhoso, e substituir o conceito material e errôneo de vida e substância pela consciência do Espírito sempre presente, sabendo com confiança que todo o bem que Deus tem é nosso eternamente por sermos expressões Suas. Esta é a maneira em que podemos orar cientificamente, elevando nossa visão do nível da matéria para o nível do Espírito, e obtendo assim a certeza da onipresença e do amor de Deus. É assim que podemos perder a crença na realidade e no poder do mal e deixar de temê-lo.

Quando permitirmos que as idéias espirituais ocupem a nossa consciência, melhorará a nossa vivência, e não mais estará insegura a nossa alegria. Em vez disso repousará ela no firme solo da Ciência do cristianismo. É isto o que significa perder com Deus, perder, ou abandonar, a crença naquilo que não é real e ganhar tudo — o bem espiritual infinito e a Vida eterna. É isto que vem a ser o despertar para o fato glorioso de que não há perdedores!

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