Há algum tempo certo Cientista Cristão por acaso ouviu um colaborador da igreja, bastante vivaz, ler para um garotinho em idade préescolar uma história de crianças bem conhecida. O que ouviu, porém, não era, nem de longe, a leitura animada e cheia de alegria que esperava ouvir. Parecia que seu amigo era outra pessoa, completamente diferente. As intenções podiam ser boas, mas a leitura era acanhada, excessivamente lenta, automática e descompassada — por demais monótona.
Por que transparecia na leitura uma falta da alegria e do ânimo amorável que ambas, tanto a pessoa que estava lendo como a criança que escutava, já possuíam de maneira inata? Por que carecia da alegria e da vitalidade que esse livro encantador possuía em si próprio e que podiam ser transmitidas com a maravilhosa oportunidade de lê-lo para uma criancinha?
O Cientista Cristão logo compreendeu que aquele era um vício de leitura oral talvez adquirido por seu amigo em algumas de nossas reuniões na igreja — talvez até nos cultos! Imaginou como ficariam chocados os visitantes que viessem à nossa igreja — os quais poderiam estar em busca de vida, amor e alegria — ao se depararem com tal estilo de leitura. O que diriam de nossa maneira de pensar?
Até mesmo os que não fossem Cientistas Cristãos provavelmente iriam concordar que a alegria e a vitalidade, emprestadas à leitura, são reflexos de certa atitude mental. Como Cientistas Cristãos, aprendemos que a alegria e a vitalidade são atributos de Deus, da Vida, da Alma, do Amor — atributos que refletimos como nossa herança espiritual.
Lemos com vitalidade porque este ânimo espiritual precisa expressar-se em forma de vitalidade humana. Lemos com alegria porque a alegria faz parte da própria natureza do homem. As verdades da Vida divina estão sendo necessariamente expressadas em nossa vida humana. Ler direito, portanto, é o extravasar do pensamento direito e do viver direito, da metafísica correta e da aplicação correta da metafísica.
Para podermos ler de maneira mais alegre e ler com vida, precisamos pôr de lado as reações estereotipadas a certos trechos. Cada vez que vemos diante de nós o mesmo trecho, temos de ter uma experiência nova. A timidez e o embaraço têm de ser eliminados — bem como aquele velho fantasma, a santimônia. Precisamos nos livrar também de qualquer sentimento de falsa importância.
Fundamental para dar colorido cheio de vida à leitura, é compreender a mensagem, é a atividade do nosso pensamento bom. Deveríamos perguntar-nos: “Que critérios, sentimentos e até mesmo sutilezas especiais está o autor dando a este trecho?” O colorido de nossa leitura começará a aparecer naturalmente na medida em que os percebermos e os sentirmos mais.
Estando mais familiarizados com a mensagem, começaremos a corresponder melhor à ela oralmente. Podemos ler em voz mais alta ou mais baixa, variar a entonação e o espaçamento. Podemos encontrar mais deleite onde há prazer, e estar atentos — talvez até mesmo bastante atentos — à tristeza, quando esta ocorre. Não devemos ter medo de demonstrar expressividade. Acima de tudo, é preciso evitar uma entonação ministerial. É preciso evitar ler tudo no mesmo tom regular e monótono — ou num sussurro em tom melado.
Um Leitor vivaz mostra a sua vitalidade fisicamente também. Dirige-se à plataforma num passo normal. Não se movimenta em câmara lenta para o púlpito e para fora dele. É de se esperar que a alegria transpareça em sua fisionomia. Não que o Leitor deva sorrir o tempo todo, mas uma expressão agradável e confiante seria usualmente o resultado de ele ter assimilado a mensagem e de estar desejoso de compartilhá-la. O Leitor deseja comunicar a totalidade do Espírito.
A atividade de ler a verdade em voz alta é não só humana como também espiritual. À medida que o lado humano melhora, tolda menos o lado espiritual e assim obtemos uma leitura mais completa e vivaz. Aqueles que ouvem irão compreender melhor a verdade e amála mais.
A Sra. Eddy escreve: “A metafísica, como a ensino na Faculdade de Metafísica de Massachusetts, está longe de ser árida e abstrata. É uma Ciência que tem o ânimo da Verdade.” Miscellaneous Writings, p. 38.
Consultoria de Redação e Oratória
[Publicado em inglês no Christian Science Journal, fevereiro de 1977]
