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É chegada a hora

Da edição de fevereiro de 1980 dO Arauto da Ciência Cristã


Quem exerce a prática da cura pela Ciência Cristã
Christian Science (kris’tiann sai’ennss) e já teve casos de nascimento de crianças, às vezes julga que por ocasião do parto parece ter havido forças que trabalhavam simultaneamente em duas direções. O resultado são as dores do parto. Elimine-se, porém, a crença numa força opositora e o nascimento se fará sem esforço.

Verdadeiramente é chegada a hora de a idéia espiritual que conhecemos como Ciência Cristã nascer para o mundo inteiro, e ser aceita e acarinhada como um ente que lhe pertence. Quem conhece o suficiente de Ciência Cristã para exercê-la eficientemente tem diante de si a oportunidade de dar à luz esta idéia espiritual. O mundo tem necessidade dessa idéia, e tão logo a resistência seja vencida ela será recebida com alegria e amor.

Para vencer a resistência, quem atende a um parto precisa primeiramente reconhecer e eliminar sua própria resistência à natureza espiritual daquilo que está acontecendo. Na proporção em que, no seu próprio pensamento, compreender com clareza que sua função em atender ao nascimento não é a de um mortal tratando de outro mortal, mas a de uma idéia espiritual que reconhece e adora a Mente infinita e a manifestação dessa Mente, nessa proporção será capaz de detectar e anular aquilo que parece estar resistindo ao nascimento harmonioso. Um problema-chave para apresentar a Ciência Cristã ao mundo é, portanto, o modo de nos identificarmos como idéias — espirituais, não materiais.

Quando um problema parece desafiar a solução, a resposta está muitas vezes nalgum ponto lógico — tão lógico que não pensamos em pôlo em dúvida. E onde é que está a resistência ao nosso próprio nascimento como idéias espirituais da Mente única? Não na nossa incapacidade, penso eu, de discernir ou de compreender distantes verdades ocultas ou de compreender segredos profundos e obscuros, mas na resistência contra a verdade que nós, como Cientistas Cristãos, pensamos conhecer bem — a verdade declarada nas palavras de Mary Baker Eddy como parte da “exposição científica do ser” — a verdade de que “não há vida, verdade, inteligência, nem substância na matéria. Tudo é Mente infinita e sua manifestação infinita, porque Deus é Tudo-em-tudo” Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, p. 468;. Parece que tratamos de todas as outras coisas — todas as espécies de influências e ismos — mas as dores de parto provêm da força aparente com que nós próprios dependemos da matéria. Essa dependência, quando não é detectada, opõe-se a que nos conscientizemos da nulidade da matéria e da totalidade da Mente.

Podemos descobrir indícios dessa oposição no modo pelo qual apresentamos a Ciência Cristã a outras pessoas. Acaso dizemos apenas: “Procure o auxílio da Ciência Cristã, e suas dores e sofrimentos desaparecerão. Seus problemas de dinheiro serão resolvidos. Você ficará curado do seu mal sem ter de recorrer a uma operação”? Será que essa promessa de uma vida mais fácil na matéria propicia o nascimento da idéia espiritual? Não mostraria antes o valor que atribuímos às coisas materiais? E acaso não chegou a hora de vivenciar o nascimento espiritual que trará à luz a beleza, o encanto, a vitalidade do Espírito? De que outra maneira podemos romper a resistência do mundo contra a Ciência Cristã?

As palavras de Jesus: “É chegada a hora” levam-nos para aquela que talvez seja a mais importante de todas as analogias. Em João 12 lemos: “Respondeu-lhes Jesus: É chegada a hora de ser glorificado o Filho do homem. Em verdade, em verdade vos digo: Se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas se morrer, produz muito fruto.” E ele prossegue, dizendo: “Quem ama a sua vida, perde-a; mas aquele que odeia a sua vida neste mundo, preservá-la-á para a vida eterna.”  João 12:23–25;

Cristo Jesus estava naturalmente falando de sua crucificação e ressurreição que haviam de sobrevir. Sua referência à atitude que assumimos com relação à nossa vida neste mundo mostra, porém, que ele estava profetizando muito mais do que um acontecimento vindouro. Estava explicando o que acontece com aquilo que julgamos ser nossa vida material quando invertemos nosso modo de pensar e procuramos a vida no Espírito.

Sua crucificação e sua ressurreição exemplificaram dramaticamente como nosso progresso rumo ao Espírito vem somente quando enterramos nosso sentido de existência material. E isto alude especificamente àquele fator essencial ao progresso da Ciência Cristã nesta época — nossa própria consciência de nós mesmos como de seres espirituais.

O fluxo irrestrito das idéias da Mente

Quando Jesus alimentou os cinco mil, não se tratava de saber quantos pães, quantos peixes, qual o número de pessoas. E, se ele estivesse hoje aqui considerando como alimentar com verdades espirituais um mundo faminto, não seria uma questão de saber quantos membros da igreja, quantos praticistas e quantas pessoas há. A idéia-Cristo que ele exemplificava — a verdadeira idéia de Vida e de Amor — inclui todos no infinito Um. E a lei da Vida e do Amor que ele praticava não podia deixar de interpretar essa verdadeira idéia de maneira a satisfazer à necessidade humana, qualquer que ela pareça ser.

A Ciência Cristã é a lei da Vida e do Amor. Interpreta hoje para nós a verdade, revelando, em palavras que podemos compreender, a inexistência da matéria e as grandes realidades da Mente.

Quando um grão de trigo é plantado no solo parece estar morto, mas não está. O resultado é uma planta que talvez produza centenas de grãos de trigo. O resultado da morte da crença de que cada um de nós seja um ente material, é uma multiplicação de idéias que já estão sendo alimentadas pelo Amor divino. Quando morrer nosso sentido mortal de pessoa — com sua crença de vida, verdade, inteligência e substância na matéria — e o enterrarmos, esse sentido físico cederá ao sentido metafísico, alimentando as multidões com as verdades da Ciência Cristã. E isso já não será uma questão de números.

“É chegada a hora” de as pessoas de todas as partes do mundo captarem o espírito da Ciência Cristã, de volverem-se para ela e de acharem a verdade. “É chegada a hora” de as Igrejas de Cristo, Cientistas, do mundo inteiro aumentarem sua influência nas suas comunidades e nações. “É chegada a hora” de os indivíduos porem em prática a Ciência Cristã, e levarem a efeito trabalhos de cura que sejam por demais brilhantes para poderem ficar escondidos debaixo do alqueire.

Consideremos a falta de praticistas. Que é que realmente motiva uma pessoa a exercer a prática? Alguém talvez decida que deseja exercer a prática por causa de sua gratidão a Deus, pelo que recebeu da Ciência Cristã. Ama a Deus. Ama o movimento da Ciência Cristã. Quer fazer parte dele. Esses são motivos bons, mas será que são bastante bons para produzir um praticista bem sucedido?

“Se o grão de trigo... não morrer, fica ele só.” Se o indíviduo que decide exercer a prática da cura não perder seu sentido de vida na matéria, fica sentado sozinho no escritório. Nenhum grau de mero entusiasmo pela coisa boa que a Ciência Cristã é, nem mesmo as boas intenções, produzirão um praticista bem sucedido. Quando, porém, o indivíduo descobre no seu próprio conceito que uma boa parte do sentido humano foi enterrada, ou que se subordinou ao que é divino — que já não continua encontrando vida, verdade, inteligência, substância na matéria — não terá outra vida a viver senão a vida de um praticista. Nada mais lhe resta fazer. Foi assim que S. Paulo o expressou: “Morrestes, e a vossa vida está oculta juntamente com Cristo, em Deus.”  Coloss. 3:3;

A Sra. Eddy diz ainda em Ciência e Saúde: “A morte de um conceito material errôneo e do pecado, não a morte da matéria orgânica, é o que revela serem o homem e a Vida harmoniosos, reais e eternos.” Ciência e Saúde, p. 296; Acaso podemos trabalhar e orar honestamente pela morte de nosso sentido material, de maneira que a Vida se revele? Não há um ponto final para onde possamos estar caminhando no intuito de abandonar um sentido material de vida, e não há limite para o efeito que obteremos quando o abandonarmos.

Acercando-se da humanidade

Ao que parece sentimo-nos felizes aceitando a ressurreição de Jesus como a nossa ressurreição. No entanto, será que nos sentimos felizes ao aceitar a sua crucificação como a nossa crucificação? Em Miscellaneous Writings, ao falar da exclamação de Jesus na cruz, a Sra. Eddy diz: “Jesus, como filho do homem, era humano; Cristo, como Filho de Deus, era divino. Essa divindade estava acercando-se da humanidade mediante a crucificação do humano — aquela momentosa demonstração de Deus, na qual o Espírito provou sua supremacia sobre a matéria.” Mis., p. 63; À medida que o Cristo, a nossa verdadeira natureza, eleva-se mais alto na nossa própria visão de nós mesmos, outros verão que esse Cristo é a verdadeira natureza deles. A luz que refletimos fará com que sintam algo de suas próprias possibilidades infinitas, sua liberdade, o amor de Deus que é o próprio ser deles.

Se nos propomos a alcançar nosso próximo, nossa comunidade, nosso mundo, com a verdade da Ciência Cristã, precisamos ir além dos métodos que se proponham meramente a aumentar o número de Cientistas Cristãos. Isso não sugere, de maneira nenhuma, que devemos abandonar os esforços apropriados para divulgar a Ciência Cristã, ou que devemos simplesmente ficar sentados a esperar pela salvação do Senhor. Mas, em vez de passarmos um para o outro pequenos pedaços de peixe e de pão — isto é, dando um pouco do conhecimento limitado da verdade que de momento temos — não deveríamos preparar-nos de maneira tal que aquilo que estamos passando adiante é o que Jesus dava às multidões? Deve ter sido a pura idéia espiritual da Mente infinita, que o Cristo, a Verdade, interpretava para cada indivíduo presente como o alimento de que este necessitava. E esse alimento vem agora da Mente divina como idéias vigorosas e novas que nós mesmos vemos pela primeira vez. Elas vêm a nós, e nós as reconhecemos porque abrimos o coração para o influxo das idéias vindas do Amor divino para o homem.

Quando animamos um indivíduo a ser estudante de Ciência Cristã, acaso devemos relatar os benefícios que isso trará a ele, como um mortal, como pessoa material, ou contar-lhe a verdade do ser? Será que a verdade do ser é menos interessante, menos atraente ou benéfica do que a satisfação dos desejos pessoais, materiais? Se acreditarmos que seja, acaso não estaremos necessitando nascer de novo antes que nossa luz possa transmitir o valor da Verdade?

E o Cientista Cristão na perspectiva de dedicar-se à prática — será que deve pensar em termos de número de pacientes que possa ter, ou deve pensar naquilo que a vida, a verdade, a inteligência e a substância realmente são? Quando se lhe torna claro que seu sentido de que vida, verdade, inteligência e substância é realmente — não teoricamente, mas realmente — mais espiritual do que material, descobrirá seu sentido de vida na “divindade... acercando-se da humanidade mediante a crucificação do humano — aquela momentosa demonstração de Deus, na qual o Espírito provou sua supremacia sobre a matéria”. Com um sentido de vida como esse não é possível que se tenha falta de oportunidades de servir como praticista.

Então, de que modo o Cientista Cristão irá conseguir esse sentido mais espiritual de vida? Certamente não o conseguirá se lhe disserem quão fácil é praticar esta Ciência, mas sim, por se conscientizar da verdade de que vida, inteligência e substância são espirituais. E para assim conscientizar-se, o indivíduo precisa cruzar a nítida linha que há entre o Cientista teórico e o Cientista que pratica, entre aquele que tem certeza de conhecer as respostas constantes no livro-texto, mas pouco faz no sentido de verdadeiramente efetuar curas, e aquele que talvez fale pouco mas cure muito. O Cientista que exerce a prática da cura e é bem sucedido compreende a mensagem da Bíblia, e especialmente a mensagem de Jesus.

O Cientista teórico encara a Ciência Cristã como sendo apenas uma compilação de regras a aprender — e que quando ele as utilizar obterá automaticamente resultados. Mas o Cientista que a pratica a encara como sendo muitíssimo mais. A Sra. Eddy diz: “A Ciência Cristã pode absorver a atenção de sábios e filósofos, mas só o cristão pode compreendê-la a fundo.” Ciência e Saúde, p. 556; Agora, que vem a ser um cristão? Vejo o cristão como alguém que tem alguma compreensão da verdade do ser tal como ela está expressa mediante a história registrada na Bíblia — a luta daquela porção da humanidade que acreditava em Deus, procurando sempre uma esperança mais e mais elevada, até que ela finalmente foi reconhecida na corporificação da Verdade. “Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o Seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.”  João 3:16;

Um cristão que crê em tudo isso acredita muito. Do mesmo modo, um Cientista que ignore isso, ignora muito. Nenhum de nós pode aprofundar-se na Ciência Cristã sem ser inteiramente cristão. Quando sentimos o amor de Deus e o poder da Verdade a brilhar através da consciência mortal, revelando-se em todos os períodos da história humana, podemos começar a compreender o sentido científico de vida, verdade, inteligência e substância — não na matéria, mas inteiramente espiritual.

Nosso lugar na revelação contínua

Para exercer a prática desta Ciência e saber o que estamos fazendo, precisamos de um sentido sempre consciente de nosso lugar nesta contínua revelação da Verdade. Dizer que você e eu, quando damos tratamento na Ciência Cristã, estamos meramente aplicando uma verdade que diz respeito à nulidade da matéria e à totalidade da Mente em relação a um estado doentio que, segundo parece, estamos enfrentando, não basta. Não basta porque é só a mente humana que o está dizendo. Torna-se suficiente quando a Verdade a está proclamando.

O Cristo sempre presente, a Verdade, veio surgindo para a consciência humana através de toda a sua história. De modo que temos Abraão, Moisés, Elias, Eliseu, Samuel, Davi e assim por diante; temos Jesus e os apóstolos; temos a descoberta e a fundação da Ciência Cristã pela Sra. Eddy. E agora temos este praticista dando tratamento a este caso, hoje. O praticista e o paciente chegaram a este ponto na história — a história da consciência humana que está cedendo ao Cristo sempre presente, a Verdade. Quando vemos isso, nunca ficamos em dúvida sobre se podemos tratar do caso.

Ao estudarmos o que a Sra. Eddy diz com respeito à Bíblia, e a Jesus em especial, vemos que ela encarava sua própria vida e seu trabalho sob a luz da revelação das Escrituras, e certamente é desse modo que devemos encarar nossa vida e nosso trabalho. Como cristãos, aprofun-damo-nos na verdade da Ciência Cristã. Como Cientistas Cristãos, aprendemos de Jesus que o grão de trigo, a crença de que somos mortais a viver em corpos materiais, tem de morrer se devemos achar nossa vida e fazer com que ela produza frutos.

Naquele artigo maravilhoso em Unity of Good, “Sofrimento Causado Pelos Pensamentos de Outros”, a Sra. Eddy diz: “A única existência consciente na carne é erro de alguma espécie — pecado, dor, morte — um sentido falso de vida e felicidade. Se os mortais se sentem à vontade nessa chamada existência, é porque estão no seu elemento nativo do erro e terão de sentir um mal-estar, um desassossego, antes que o erro seja aniquilado.” E ela prossegue dizendo de Jesus: “Seus perseguidores disseram-lhe zombeteiramente: ‘Salva-te a ti mesmo... E desce da cruz!’ Era exatamente isso o que ele estava fazendo, descendo da cruz, salvando-se da maneira como havia ensinado, pela lei da supremacia do Espírito; e isso foi feito através do que humanamente se chama agonia.” Un., pp. 57–58;

Acaso estamos com medo da crucificação da carne? Estamos com medo de sofrer o que “humanamente se chama agonia”? O povo pensou que Jesus estivesse permanecendo na cruz e que nela morria. Mas ele estava descendo da cruz. Estava deixando para trás o que o povo pensava ser a identidade dele. Estava abandonando aquilo que ele mesmo sabia ter de entregar porque não era sua verdadeira identidade. E ele nos disse: “Quem... perde a vida por minha causa, achá-la-á.”  Mateus 10:39;

A Sra. Eddy escreve: “Os seguidores de Cristo beberam do cálice dele. A ingratidão e a perseguição encheram-no até as bordas; mas Deus derrama as riquezas do Seu amor na compreensão e nas afeições, dando-nos forças para cada um de nossos dias.” Ciência e Saúde, p. 5. Quando superamos nosso próprio medo da crucificação de nosso sentido material de vida, aí então nossa clara consciência da Vida imortal há de aquietar o medo que outros têm da verdade científica do ser. Nossa Vida é Deus, nossa identidade é identidade bem sucedida, identidade ilimitada — que expressa a Vida. Nosso trabalho como Cientistas Cristãos é muito mais do que encontros individuais, ou tantos e tantos pacientes por dia, ou distribuir livros-textos ou literatura. Embora façamos todas essas coisas, nossa atividade real está na consciência do Cristo, a Verdade; está na “exposição científica do ser”, compreendida; está na consciência de qual é nosso lugar na revelação da Verdade, a revelação da Ciência, a revelação da nulidade de vida, verdade, inteligência e substância na matéria, e da totalidade da Mente.

À medida que chegarmos a conhecer a verdade, descobriremos que verdadeiramente “é chegada a hora” de a Verdade estabelecer o reino de Deus na terra; e saberemos que temos mais do que o suficiente daquilo que necessitamos para fazer o que precisa ser feito.

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