Em todos os cultos dominicais da Ciência Cristã o Primeiro Leitor lê esta passagem de 1 João: “Vede que grande amor nos tem concedido o Pai, ao ponto de sermos chamados filhos de Deus. .. .” 1 João 3:1; Como muitos Cientistas Cristãos, eu a sabia de cor, mas chegou a hora em que precisei exigi-la para mim.
Há alguns anos, enquanto freqüentava uma pequena faculdade num curso de dois anos, instalaram-me num quarto com uma moça que eu não conhecia. Houve muitas dificuldades: ela fumava tanto que o nosso quarto estava constantemente cheio de fumaça e de cinzeiros sujos, minha roupa começou a cheirar a cigarro e eu me sentia como se estivesse sufocando. Ela não era muito asseada ou ordeira — as suas roupas até mesmo ficavam empilhadas no chão, nunca arrumava a cama, o pó, o lixo e a comida velha acumulavam-se a cada hora. É claro que eu também a incomodava — era asseada demais e andava atrás dela limpando tudo. Para evitar tanta fumaça, eu abria as janelas e ela sentia frio. Parecia que éramos opostas em tudo. Ela ficava acordada toda noite datilografando e fazendo os trabalhos, o que não me deixava dormir. Então eu levantava de manhã cedo e a acordava.
Nenhuma de nós falava no assunto — mas deixamos as coisas se avolumarem dentro em nós. A tensão ficou tão grande que as outras colegas não vinham mais ao nosso quarto — que de certo modo sempre parecia estar escuro e ser pouco convidativo. Fiquei muito triste e tentei culpar minha colega por tudo. Queria viver em ordem e com limpeza; queria viver com alguém que pudesse apreciar e com quem conversar — alguém que gostasse da mesma música, da mesma temperatura no quarto, das mesmas coisas. Tudo o que eu conseguia ver era discórdia.
Ao final do primeiro semestre eu estava irritável e impaciente com todos. Minha colega estava sendo reprovada pela escola, sem possibilidades de retornar e à beira de um colapso nervoso. (A atmosfera pouco saudável do nosso quarto refletia-se em nossa experiência física.) Finalmente explodimos uma com a outra e saímos em férias em termos bastante difíceis.
Em janeiro, quando voltei, fiquei sozinha num quarto, pois naquele mês minha colega estava fazendo um curso de sobrevivência. Houve rumores de que ela não voltaria. Eu estava extasiada! Mas, dentro de alguns dias fui chamada à sala do diretor para discutir a situação. Minha colega ía voltar. Nem pude acreditar. O diretor sugeriu que trocássemos de quartos, pois todos sabiam como tinha sido difícil o primeiro semestre. De repente, ouvi-me dizendo: “Não, vamos curar a situação. Não há razão para não podermos viver juntas em harmonia.”
Ao levantar-me para sair, o diretor me olhava espantado, e eu também sentia-me assim — espantada com o que dissera. Voltei ao meu quarto, sentei-me e volvi-me a Deus — realmente pela primeira vez durante toda essa provação. “Certo, Pai, mostra-me o que preciso saber.” Pensei sobre as poucas compatibilidades entre minha colega e eu: nenhuma de nós bebia, tínhamos interesse comum em esportes, amigos comuns. E foi então que decidi escrever uma lista de algumas das qualidades que nós duas realmente obtínhamos de Deus e que o nosso lar espiritual incluía.
Quando terminei, tinha três páginas grandes cheias — três colunas em cada lado de cada folha. Algumas das qualidades eram: harmonia, paz, beleza, ordem, pureza, clareza, amor, comunicação — e a lista continuava. Mas não era só uma lista de palavras — eram qualidades e atividades de Deus, e à medida que eu anotava cada uma, realmente podia sentir-lhes a presença e a permanência. Comecei a ver que todas essas qualidades sempre tinham estado aí e tudo o que eu precisava fazer era reconhecê-las e aceitá-las. Aceitei-as.
Minha colega voltou bastante saudável e contente. Tivemos um período muito feliz no restante do ano letivo. Fizemos muitas coisas juntas — e incluímos muitas outras pessoas na nossa alegria. Tínhamos um quarto maravilhoso — cheio de luz porque agora as outras colegas eram atraídas pela nossa felicidade. Os maus hábitos de minha colega desapareceram, e os meus também. As coisas ficaram mais equilibradas. O quarto estava normal em sua limpeza e ordem. Havia menos fumaça. O que mudara? A minha atitude. Ambas nos tornáramos mais receptivas a idéias dinâmicas, cativantes e incentivadoras, o que ajudou-nos a incluir mais dos atributos de Deus e a percebê-los melhor.
Para culminar esta experiência, ambas nos formamos com ótimos conceitos e ambas prosseguimos com nossa educação superior. Temos mantido contato desde então, e nossa amizade continua crescendo. Mas a cura não parou aí. Como eu abrira o pensamento a Deus, aceitei a Ele e a todas as Suas qualidades. Na nova universidade fiz amizades maravilhosas e harmoniosas — muito mais do que é possível descrever.
Ficou-me provado que, quando admitimos e reconhecemos que Deus está sempre presente, estamos dando contribuição a um poder sanador que atinge e afeta as outras pessoas no mundo todo. Como a Sra. Eddy diz: “Amados Cientistas Cristãos, conservai as vossas mentes tão cheias da Verdade e do Amor, que o pecado, a doença e a morte nelas não possam entrar. É claro que nada se pode acrescentar à mente que já está cheia. Não há porta pela qual o mal possa entrar, nem espaço que o mal possa entrar, nem espaço que o mal possa ocupar numa mente repleta de bondade. Os bons pensamentos são uma armadura impenetrável; assim revestidos estareis completamente resguardados contra os ataques do erro de qualquer espécie. E não só vós estareis protegidos, mas também todos sobre quem repousarem vossos pensamentos, serão por esse meio beneficiados.” The First Church of Christ, Scientist, and Miscellany, p. 210.
