Nossa atitude em relação àqueles que deverão receber as bênçãos da prática da cura pela Ciência CristãChristian Science (kris´tiann sai´ennss) ou da igreja determina em grande parte o sucesso tanto da prática como da igreja. Se o praticista em perspectiva pensa nos futuros pacientes como se estes fossem mortais com uma compreensão menor que vêm para serem favorecidos por alguém dotado de maior compreensão, pode estar certo de uma prática limitada com resultados incertos. E se os membros de uma Igreja de Cristo, Cientista, vêem a função de sua igreja na comunidade como a de um local elevado para o qual são convidadas pessoas carentes quando estas estão prontas para receber as ministrações elevadas, tal igreja atrairá poucos e esses possivelmente já estarão se dedicando à Ciência Cristã.
Mas, se o praticista vê no homem, onde quer que este lhe apareça, a idéia maravilhosa que o homem é, a imagem e semelhança do Princípio divino, o Amor, Deus, verificará que seus dias estarão cheios de oportunidades para perceber nos indivíduos a integridade, a pureza, a beleza, a grandiosidade da idéia-Cristo. E há de curar. De igual modo, se os membros de uma Igreja de Cristo, Cientista, vêem em sua comunidade as muitas expressões reais das qualidades de Deus e as apreciam e animam, as amam e reconhecem-nas como descendência de Deus e se voltam para elas, tal igreja verá entrar pelas suas portas aqueles que começam a reconhecer em si mesmos as qualidades amadas e apreciadas e os que querem saber algo sobre a Ciência que revela a fonte dessas qualidades.
A Bíblia dá, em termos simples mas que exigem muito, a norma a seguir. Diz-nos: “Pois aquele que não ama a seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê.” 1 João 4:20. A vida toda de Cristo Jesus foi uma demonstração de amor — e não se tratava de amor para consigo mesmo, como se fora alguém que se alegra por ser superior aos outros. Ele disse: “No meio de vós, eu sou como quem serve.” Lucas 22:27.
A importância dessa atitude de levantar o olhar, em vez de olhar de cima para baixo, torna-se clara quando estudamos Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras de autoria de Mary Baker Eddy, Descobridora e Fundadora da Ciência Cristã. Esse livro explica a Ciência que Jesus viveu e ensinou, e nele se encontra um capítulo intitulado “A Prática da Ciência Cristã”.
Muitas vezes me perguntei: “Se eu fosse escrever um livro, ou parte dele, explicando o método de cura pela Ciência Cristã, por onde começaria? Qual a coisa que no meu entender alguém precisa saber antes que possa tomar seus primeiros passos para tornar-se um sanador cristão científico?” As respostas que me vieram são muitas: A totalidade e bondade de Deus, o amor de Deus pelo homem, a nulidade do mal, a inexistência da matéria, a natureza mental de todas as coisas. Boas respostas, mas não a que a Sra. Eddy deu.
Ela começa esse capítulo pela exposição de um relato no Evangelho de Lucas, acerca de uma festa em que uma mulher mundana, mais tarde chamada Maria Madalena, entrou e lavou os pés de Jesus com óleo e lágrimas e os enxugou com os seus cabelos. Numa rápida leitura, parece que a Sra. Eddy nos diz que devemos perdoar como Jesus perdoou essa mulher; mas uma maior atenção ao texto nos mostra que ela diz três vezes que se desejamos curar eficaz e eficientemente devemos ser como a mulher. Ela escreve, por exemplo: “Se o Cientista tem bastante afeição cristã para conseguir seu próprio perdão e tal louvor como o que a Madalena recebeu de Jesus, então ele é bastante cristão para exercer a prática científica e tratar seus pacientes com compaixão; e o resultado corresponderá à intenção espiritual.” Ciência e Saúde, p. 365.
Essa era a atitude de Jesus — levantar o olhar para ver o Cristo em tudo o que fazia. E o Cristo é a verdadeira idéia, a imagem e semelhança de Deus, a tornar-se visível em todo indivíduo que está honestamente procurando expressar em sua vida algo do bem, da verdade do ser. Sempre que as qualidades de Deus se evidenciam em certo grau na consciência, aí se pode encontrar a idéia-Cristo. O próprio fato de alguém vir à Ciência Cristã à procura de ajuda indica a presença da idéia-Cristo naquela pessoa. E, se realmente a vemos, que magnífica e imponente é esta visão e como nos humilha!
Nos primórdios de minha prática da Ciência Cristã conheci uma praticista experiente que ressumava a alegria de ver no homem a idéia-Cristo. Considerava essencial ao seu trabalho em cada caso que ela própria se arrependesse do falso quadro de doença, pecado ou mortalidade que se lhe apresentava; eliminasse, por ser irreal, essa crença errônea e, por assim dizer, lavasse os pés da verdadeira idéia que era o homem real.
Cristo Jesus deu esta mensagem aos seus discípulos, lavando-lhes os pés e dizendo: “Se eu, sendo o Senhor e o Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns dos outros.” João 13:14.
Será esta a tônica de nosso trabalho como membros da igreja? Estaremos nós vendo em nossa comunidade as qualidades de Deus que as pessoas estão expressando em seu trabalho, em seus lares, em sua contribuição a causas que visam ao bem de todos? Estaremos vendo essas qualidades como a presença da verdadeira idéia de Deus, o Cristo, e estaremos humildemente procurando honrar essa idéia espiritual e mostrar que a honramos?
Não estamos aqui nos referindo a expressões de propaganda nem a técnicas de relações públicas. Referimo-nos à genuína prática da Ciência do Cristo, a Verdade, que começa onde essa prática deve começar.
No livro-texto, a Sra. Eddy principia assim a definição de “Igreja”: “A estrutura da Verdade e do Amor; tudo o que assenta no Princípio divino e dele procede.” Ciência e Saúde, p. 583. Onde, então, está a Igreja? Estará ela apenas confinada a alguma edificação ou limitada à consciência de seus membros? Ou será que ela está aí mesmo onde o Princípio divino está sendo expressado? Será a nossa igreja local ou universal? Quando trabalhamos para a igreja, para o que estamos trabalhando? Para quem? Estaremos considerando a própria vida de nossa Igreja como “tudo o que assenta no Princípio divino e dele procede”?
A resposta encontra-se na conclusão da definição: “A Igreja é aquela instituição que dá provas de sua utilidade e que vem elevando a raça, despertando de suas crenças materiais a compreensão adormecida, para que perceba as idéias espirituais e demonstre a Ciência divina, expulsando assim os demônios, ou o erro, e curando os doentes.”
Qual é a função do praticista nesse conceito universal de igreja? Se ele está reconhecendo a idéia-Cristo onde quer que esteja emergindo nos pensamentos, motivos e ações das pessoas, e se ele está se arrependendo diariamente, a cada hora, de quaisquer crenças que pretendam ser suas — pensamentos que pintam o homem como sendo menos do que a imagem perfeita de Deus — seu trabalho mental, metafísico, será sentido na consciência humana, “elevando a raça”, atraindo à Verdade aqueles que estão se tornando descontentes com um sentido mortal ou material de vida. Parte desse resultado aparecerá como sua própria prática, mas a natureza universal da elevação de sua consciência vai gerar necessariamente oportunidades para que a igreja em todo o mundo prove sua utilidade.
Como Cientistas Cristãos aprendemos a ser pescadores de homens. Mas para sê-lo é preciso lançarmos as redes onde os peixes estão e recolhê-los. Isto é o oposto de esperar que a igreja empurre ou atraia os peixes para as nossas redes.
Trata-se simplesmente de uma questão de atitude, nossa atitude para com os homens, as mulheres e as crianças a serem pescados. Se percebemos que o Cristo, a verdadeira idéia de Deus, está presente onde as qualidades de Deus estão, e percebemos nosso papel de “Madalenas”, a igreja crescerá.
A mulher que veio ao encontro de Jesus na festa tinha um problema: Como mostrar-se arrependida do seu falso sentido de homem e transmitir claramente sua adoração da idéia-Cristo. Resolveu o problema com ação destemida, usando os meios que lhe estavam disponíveis para expressar seu reconhecimento da idéia-Cristo. Estaremos dispostos a tomar uma ação destemida que mostre nosso reconhecimento, no homem, da idéia espiritual maravilhosa da Vida, da Verdade, do Amor — o Princípio divino de todos — onde quer que essa idéia se manifeste no pensamento e na ação humana? Iremos usar destemidamente os meios disponíveis para fazê-lo? Então poderemos esperar que os resultados correspondam “à intenção espiritual” de nosso trabalho.
Talvez possamos resumir tudo perguntando: Oramos para que os outros despertem para o que somos, ou trabalhamos metafisicamente para nos despertarmos a nós mesmos a fim de reconhecer o que os outros são? Nossa prática da Ciência Cristã e nossas ações como igreja oferecem oportunidades ilimitadas para despertar a idéia-Cristo nos homens, nas mulheres e nas crianças aqui e em toda parte. Se usarmos essas oportunidades, tanto a prática como a igreja revelarão sua utilidade. O mundo receberá a bênção da verdade que é a Ciência Cristã.
