“Minha família não as come se estiverem quebradas”, explicava a jovem mãe no elevador. Com todo o cuidado para que não se quebrassem, segurava um pacote de bolachinhas. O menino e a menina a seu lado balançaram a cabeça, concordando.
Outra pessoa que se encontrava no mesmo elevador, porém, ficou triste. Quem dera esses jovens e a mãe tivessem conhecimento do relatório que acabara de ler a respeito de crianças que passavam fome em certo país do terceiro mundo. Os jovens de lá — milhares deles — não tinham família que os amasse, nem lugar em que morar, quase nenhuma roupa, nem alimento exceto o que conseguissem vasculhando latas de lixo. Quão gratos não se sentiriam até mesmo por algumas migalhas.
Por todo o mundo, especialmente nos países em vias de desenvolvimento dos continentes asiático, africano e sul-americano, sabe-se da existência de milhares de crianças famintas. O que pode ser feito para ajudá-las? Não é nada prático que famílias mais afortunadas mandem a essas pessoas pacotes de bolachinhas ou qualquer outro alimento, que possam adquirir nos supermercados. Claro é que dinheiro pode ser enviado a organizações filantrópicas que cuidam de pessoas em necessidade. Isso haveria de prover algo para alimentar uma criança por um dia, um mês ou um ano, de acordo com o montante da doação. Ora, por mais que as pessoas remetam parece tão pouco diante de tantos e, de fato, não é só alimento material que as pessoas requerem. Precisam sentir amor e alegria, paz, conforto e realização e necessitam ter a oportunidade de abençoar outras pessoas ao expressarem essas qualidades de Deus. Sem tais sentimentos espirituais — mesmo que tenham bastante alimento para comer — sentir-se-ão vazias e infelizes.
Será que as pessoas podem ajudar a suprir essas qualidades espirituais de pensamento tão necessárias? Nenhum ser mortal pode suprilas; mas reconhecendo, mediante oração, que Deus é a fonte de todas as boas dádivas, como a Bíblia no-lo diz, e de que Deus dá essas dádivas espirituais em abundância a Seus filhos, somos capazes de ajudar as pessoas em necessidade a despertarem para a presença das dádivas divinas e a se livrarem da carência e da fome.
Quando tentado pelo diabo a transformar pedras em alimento, Cristo Jesus citou as palavras de Moisés: “Não só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus.” Mateus 4:4. E a Ciência Cristã mostra que Deus está vertendo continuamente em Sua criação idéias espirituais consoladoras. Explica que se as pessoas ouvirem a Palavra de Deus — a Palavra da verdade espiritual, que fala de Seu amor por todos os Seus filhos e a cada um deles — e sentirem o poder de Seu amor ilimitável em sua própria vida, terão sempre atendidas, com abundância, todas as suas necessidades. Terão tudo o de que necessitam diariamente — tanto espiritual como fisicamente.
De acordo com a Ciência divina, a Palavra de Deus, o homem é idéia de Deus, filho de Sua ininterrupta solicitude. Todos os filhos, crianças, homens e mulheres, podem conhecer Deus como seu amado Pai e Mãe. Podem saber que não estão sós, desprotegidos, sem alimento, carentes de atenção, mas que estão, na verdade, sempre em casa, na Mente divina. Felizes, podem estar conscientes de que são objeto precioso do amor de Deus; que Ele os faz perfeitos e os mantém perfeitos na Sua semelhança. Podem sentir-se tão confiantes como o Salmista quando alegremente cantou o que hoje conhecemos como o Salmo vinte e três: “O Senhor é o meu pastor: nada me faltará.” Salmos 23:1. E, quando o fizerem, maravilhosas coisas começarão a se concretizar humanamente. A carência dará lugar à abundância e as afeições famintas darão lugar a uma sensação de conforto e amor.
O que pensamos determina nossa experiência humana — a ponto de atuar sobre nosso estado físico de saúde. Como o diz a Sra. Eddy em Ciência e Saúde: “Os mortais desenvolvem seus próprios corpos ou os tornam doentes, segundo os influenciarem pela mente mortal.” Ciência e Saúde, p. 199.
Se queremos ajudar outros — crianças ou adultos, no país ou no exterior — que talvez sofram de desnutrição espiritual ou física, a assistência mais eficaz e permanente consiste em ajudá-los a ganharem um conceito mais claro do amor de Deus por eles e por toda a humanidade. E podemos fazê-lo mediante a oração, mesmo que as pessoas por quem oramos estejam a muitos quilômetros de distância.
A oração científica que afirma a paternidade de Deus e a Sua solicitude por todos os Seus filhos — oração que O conhece como Amor divino infinito, o provedor eterno de todo o bem, o poder vivificador e sustentador da saúde que mantém individualmente cada objeto da criação — merece confiança no sentido de ajudar a atender à necessidade de adultos e crianças carentes em qualquer parte do mundo.
A Sra. Eddy escreveu certa vez: “Três vezes ao dia, retiro-me para pedir a bênção divina para os doentes e os sofredores, com a face voltada para a Jerusalém do Amor e da Verdade, em oração silenciosa ao Pai que ‘vê em secreto’, e com a confiança irrestrita de que Ele recompensará abertamente.” Miscellaneous Writings, p. 133. Podemos fazer muito para apagar os sofrimentos dos que hoje se acham tão lamentavelmente destituídos se coerentemente seguirmos o seu exemplo e, mesmo que seja uma só vez por dia, dedicarmos alguns momentos a pedir em oração a bênção divina para as crianças desoladas deste mundo.
