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Curar a solidão

Da edição de julho de 1981 dO Arauto da Ciência Cristã


Quando compreendemos que o homem é inseparável de Deus, a solidão transforma-se em provas de estarmos presentes com Deus.

Solidão é o sentimento de se estar separado do que amamos mais ou queremos mais. O desejo de companhia, de amar e ser amado, de partilhar, de fugir do isolamento do eu finito, já se apossou de muitos de nós. Esse sentimento de necessidade é freqüentemente aplacado pelo casamento, por uma amizade profunda, interesses em comum, um lar partilhado. Que dizer, porém, de relacionamentos infelizes ou da perda de um ente querido? Quando nos confrontamos com um desses grandes desafios, talvez nos sintamos como que em um deserto, com um cenário vazio à nossa volta. Talvez nos pareça que nunca seremos felizes outra vez ou que não seremos capazes de ir adiante sozinhos. No entanto, não precisamos duvidar do poder da bondade divina.

A Sra. Eddy emprega a palavra “solidão” somente uma vez no livro-texto da Ciência Cristã, quando dá a interpretação metafísica de “deserto”. Começa assim: “Solidão; dúvida; trevas.” Segue-se então o significado espiritualmente iluminado: “Espontaneidade de pensamento e de idéia; o vestíbulo onde o sentido material das coisas desaparece, e onde o sentido espiritual revela as grandes verdades da existência.” Ciência e Saúde, p. 597. A palavra “solitário” também ocorre apenas uma vez no livro-texto: “O recinto solitário do túmulo ofereceu a Jesus um refúgio contra seus inimigos, um lugar para resolver o grande problema do ser.” Ibid., p. 44. A Sra. Eddy via a ambos, ao deserto e ao túmulo, como locais de partida de um sentido material para um sentido espiritual, mais elevado, de vida.

Quando não havia água para beber, os filhos de Israel duvidaram que Deus tivesse capacidade de cuidar deles no deserto. Recriminaram Moisés por havê-los tirado da escravidão no Egito. Moisés, porém, orou e Deus disse-lhe para ferir a rocha a fim de obter água. Obedeceu, e a água jorrou. Ver Números 20:1–11.

Também nós podemos encontrar o amor, o apoio e a solicitude de Deus. A oração na Ciência Cristã não é apenas petição; da oração devem constar também declarações da Verdade. Podemos afirmar que o homem nunca está separado de Deus. Embora os sentidos materiais estejam a atestar alguma perda ou carência, o conceito material da vida não constitui a verdade do ser e não tem o poder de ocultar o bem eterno e sempre presente. O homem reflete a Mente divina, o bem consciente, e é sustentado pelo sentido espiritual. A oração imbuída de compreensão reconhece esse ponto e anula a solidão.

A Bíblia freqüentemente canta, por meio de poesia, parábolas e narrativas, o poder que tem o Espírito de sobrepujar ou inundar a aridez do sentido material. Jacó estava só quando orou e lutou com sua crença na vida corpórea. Essa luta, porém, foi o prelúdio de sua mudança de nome, quando recebeu o novo nome, Israel, como sinal de sua vitória espiritual. Moisés, Elias e Cristo Jesus estiveram a sós em momentos decisivos de suas vidas; provaram, mediante a oração e a conduta, a superioridade do sentido espiritual sobre o sentido material. Quando chegamos à encruzilhada da solidão em nossa vida, também podemos reconhecê-la como o vestíbulo de uma compreensão mais profunda de nossa união com Deus. O entendimento mais claro dos fatos espirituais da existência nos habilitará a ver “as trevas inundadas/ pelas marés do dia eternal” Christian Science Hymnal, n° 229..

Como, porém, lidaremos com nossa crença nas trevas? Como feriremos a rocha? O primeiro requisito é a disposição de trabalhar a sós com Deus. Precisamos afastar o pensamento de seu hábito de volver-se para a personalidade humana e para as condições materiais. O pensamento mortal anseia pelas suas próprias imagens corpóreas ou é repelido por elas, e essas imagens dão origem às trevas quando se fecham à luz de Deus, o Amor incorpóreo. Na medida em que refletimos humildemente mais da natureza divina, o pensamento se alça acima da corporalidade. Como o Salmista, podemos orar: “Fiz calar e sossegar a minha alma; como a criança desmamada se aquieta nos braços de sua mãe, como essa criança é a minha alma para comigo.” Salmos 131:2.

Referindo-se a uma época de grande tristeza, Jesus advertiu: “Quem estiver sobre o eirado não desça a tirar de casa alguma cousa.” Mateus 24:17. Não nos exortava ele a buscar a altitude do Cristo, a Verdade, que ele ensinou e demonstrou, e nela permanecer? É em Cristo que encontramos nossa verdadeira identidade. Não devemos descer para tirar algo da casa das recordações mortais.

Parece isso impossível ao coração em luta com lembranças — boas ou más? Em última instância, não provamos a renovação da vida por nossos próprios esforços. Jesus disse: “Eu nada posso fazer de mim mesmo.” João 5:30. Contudo, ele desempenhou um papel humano decisivo em dar a água da Verdade à humanidade. Duas de suas grandes características foram a confiança em Deus, o Pai, e a obediência a Deus. Jesus fez sua obra a sós com Deus. Essa disciplina inspirada transformou-se no bastão, a força espiritual, que separa a aparentemente impenetrável dureza da mortalidade e revela o frescor do Espírito.

Todo o céu está dentro da consciência que Deus concede e o homem possui essa consciência sem limites. A vida eterna é o desdobrar da consciência divina. Isaías diz: “O deserto e a terra se alegrarão; o ermo exultará e florescerá como o narciso.” Isaías 35:1. Afastar o pensamento, em espírito de oração, de suas imagens materiais e dispor-se a trabalhar a sós com Deus, a pesquisar os tesouros da comunhão com Ele, transformam a solidão numa consciência da presença do Amor. Então sabemos que estamos a sós com Deus, unidos a Deus.

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