A insatisfação com a vida, mesmo em pequenas coisas, é um tipo de fardo, pois tenta impedir-nos de reconhecer o terno e contínuo cuidado de Deus. Estratagemas iguais a esse são apenas conceitos humanos errados que se originam numa mente mortal errônea. Em realidade, a insatisfação não pode existir, porque a única consciência verdadeira é a Mente divina, que alimenta e nutre constantemente sua idéia pura e perfeita — o homem. Essa Mente é Deus — que ama todos, cuida de todos e sabe tudo. O homem é a imagem dessa Mente, e, por isso, ele não pode ter pensamentos separados de Deus.
Tendo freqüentado uma Escola Dominical da Ciência CristãChristian Science (kris´tiann saï´ennss), eu conhecia essas verdades espirituais que auxiliaram a formar um alicerce sólido na minha vida, ajudando-me particularmente durante épocas de supostas dificuldades. Desde então, toda vez que essa existência material deixou-me abalado, procurei por maior compreensão a respeito da vida, tal como ela realmente é. Toda vez que substituí um sentido errado e imperfeito acerca da vida pelo verdadeiro fato do ser — que Deus é Vida — cresci espiritualmente.
Em dezembro último, eu me encontrava muito agitado; insatisfeito com quase tudo o que eu fazia. Financeiramente também me achava mal, com fundos limitados tanto para a época de Natal como para as férias que se avizinhavam. Essa sugestão mental agressiva de insatisfação cresceu, mas nada fiz para modificá-la. Ao invés disso, eu me arrastava na mesma insípida rotina diária, aparentemente incapaz de ser receptivo ao cuidado do Amor e à sua correção.
Por essa época, caí de um barranco alto contra uma tora de madeira que eu estava carregando para usar como lenha. Um lado do corpo ficou bastante machucado. Eu só pensava na dor e nos ferimentos internos e mal e mal conseguia respirar. Rápido declarei, silenciosamente mas com firmeza, esta linha de um poema de Mary Baker Eddy, intitulado “Hino de Comunhão” (Hinário, n° 298): “Vida divina do ser.” Imediatamente recuperei o fôlego. Essa única afirmação encheu-me da compreensão de que Deus é Vida, e de que essa Vida é Tudo. Porque o homem expressa a Vida, eu sabia que nenhum mal podia vir à minha consciência para tirar-me a respiração ou a vida. Isso foi o máximo que consegui raciocinar, pois a dor e o medo de ter sofrido danos eram tão fortes que meus pensamentos estavam muito toldados. Mal e mal consegui chegar até em casa e, uma vez nela, li em voz alta trechos do livro Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras de autoria da Sra. Eddy, a fim de elevar o pensamento acima do medo.
Um pouco mais tarde, o medo começou a ceder. Li silenciosamente até à noite, mas ainda haviam de passar horas antes que eu pudesse me deitar. Cuidadosamente apoiado em almofadas, li noite a dentro e, então, adormeci. De manhã, a dor era ainda mais forte, por isso consenti que minha esposa (novata em Ciência Cristã) me levasse de carro ao hospital. Ela estava com muito medo e não podia compreender por que eu me obstinava tanto em confiar apenas em Deus. Como eu não tinha certeza do que fazer a essa altura, sentamo-nos do lado de fora da sala de emergência, durante trinta minutos, enquanto eu pensava. Durante toda a minha vida eu me havia voltado à Ciência Cristã para fins de cura. Agora, embora esse problema parecesse mais intenso do que qualquer outro anteriormente resolvido, ainda assim, não era aquele o momento de eu dizer: “Deus não é capaz de resolver este caso.” Decisão final: sem hospital.
Mais tarde, em casa, minha mulher pediu que eu telefonasse a um praticista da Ciência Cristã em busca de ajuda. Eu queria atender-lhe o pedido, mas algo dentro de mim dizia: “Continue, seja paciente. Seja persistente nesta batalha contra o mal.” Orei para saber se isso era vontade humana manifestando-se como teimosia, ou se era orientação divina. Senti que estava certo em continuar sozinho. Mas o passo seguinte foi de retrocesso. Pela primeira vez desde que caíra, toquei o meu lado. A evidência material de séria lesão estava muito evidente. Mas isto me fez voltar para Deus mais depressa e com maior firmeza. Durante os dois dias seguintes trabalhei mentalmente — trocando pensamentos baseados num ponto de vista material, mortal, pelo conhecimento de que o homem é a imagem perfeita de Deus; a criação perfeita da Mente infinita. Comecei não apenas a ler, e a nelas crer, mas a compreender estas declarações feitas pela Sra. Eddy em Ciência e Saúde (p. 475): “O homem não é matéria; não é constituído de cérebro, sangue, ossos e de outros elementos materiais.” “O homem é idéia, a imagem, do Amor; não é físico.”
O anterior sentido de insatisfação também começou a parecer-me irreal. Vi que eu tinha deixado a porta do pensamento aberta aos ditames da mente mortal, que, no caso presente, me havia levado de sentimentos de infelicidade à queda física. Foi, então, fácil inverter essa pretensão, afirmando que o Amor divino supre toda alegria e que a Mente guia; portanto, não existem acidentes na consciência infinita. O Princípio estrutura o ser do homem; sua forma é aquela que lhe dá a lei divina, não um arranjo material de ossos. Por isso, compreendi que eu apenas podia expressar a Verdade, o Amor, a Vida e todo o bem que procede de Deus — a fonte do bem que tudo inclui. Agora eu sabia com certeza absoluta que eu não dependia dos ossos para minha saúde e inteireza, mas que dependia de Deus, o Princípio, para o meu ser.
No final do quarto dia, enquanto estava em profundo estudo, senti uns poucos estalos no lado. Compreendi que algo havia se corrigido por si mesmo. Contudo, a dor ainda era intensa. Na manhã seguinte, eu tinha de preparar uma reunião de negócios que costumava ser realizada de seis em seis meses. Apesar da dor, eu sabia que precisava ir ao trabalho. No outro dia, enquanto trabalhava, depois da viagem de automóvel, eu estava num estado ainda mais lastimável. No entanto, recusei-me a deixar ir-se a Verdade. Depois de todo o meu estudo e oração, eu sabia que agora era o momento da demonstração, sem levar em conta o tempo que parecesse exigir.
Na parte final da manhã, meu sócio foi descontar um cheque-bonificação a nosso favor, o que geralmente representava um acontecimento feliz. Desta vez, porém, eu não tinha interesse real nele. Com isso, dei-me conta de que um sentido de prazer material me havia abandonado. Então, por que não as dores materiais também? pensei. De repente, senti-me fraco e perdi quase por completo a consciência de onde me encontrava. Os pensamentos voaram céleres em minha mente — partes da resposta da Sra. Eddy à pergunta “O que é o homem” às páginas 475 a 477 de Ciência e Saúde, bem como versículos dos salmos vinte e três e noventa e um. Eu estava ciente de ser inseparável da consciência infinita do Amor; eu sabia que era a imagem do Amor. Na medida em que essas declarações e esses trechos vinham-me à mente eu os repetia, sentindo o calor e o aconchego do Amor. Então, bem devagar, levantou-se a neblina mental e, depois de algum tempo, voltei ao normal. De repente, dei-me conta de que não sentia mais dor. Estava curado! Quão grato me senti! Durante o espaço de quarenta e cinco minutos eu não estivera consciente de tempo, dor ou mesmo do corpo. Como disse Paulo (2 Cor. 5:8): “Estamos em plena confiança, preferindo deixar o corpo e habitar com o Senhor.” Que transformação fantástica! A mudança que se dera em meu pensamento manifestarase no corpo. No dia seguinte, tive alguns espasmos musculares agudos, mas quando neguei outra vez a validade da lei material, esses também desapareceram gradualmente na sua nulidade.
Depois de tão bela cura, pensei que tudo haveria de voltar ao que fora antes. Mas não foi assim. Os desafios continuaram. Cerca de uma semana mais tarde, passei por um caso grave de constipação. A dor de estômago era tão forte que eu não conseguia pensar com clareza. Para o meu sentido nublado das coisas, a frustração e a confusão eram tão reais que percebi ser necessário chamar um praticista da Ciência Cristã em busca de ajuda. A primeira declaração que ela me fez foi a de que eu precisava descartar-me da mente mortal e certificarme de que minha gratidão e o crédito eram devidos a Deus. Compreendi assim que não bastava receber bênçãos, mas que era preciso dar todo crédito e agradecimento a Deus, tal como Cristo Jesus fazia (Mateus 6:9): “Pai nosso que estás nos céus, santificado seja o teu nome.” Ela também disse-me que, quando eu lesse, toda vez que encontrasse algo com significado especial para mim eu o devia “acolher e simplesmente amar”. Isso foi muito alentador e inspirador. Encontrei duas dessas declarações em Ciência e Saúde: “Espera tu pacientemente que o Amor divino paire sobre as águas da mente mortal e forme o conceito perfeito. É preciso que a paciência realize ‘sua obra perfeita’ ” (p. 454); e: “A Mente é a fonte de todo movimento, e não há inércia que lhe retarde ou tolha a ação perpétua e harmoniosa” (p. 283).
Compreender essas declarações realmente empurrou para fora do meu pensamento o conceito mortal imperfeito de ação. A prova disso veio durante uma conversa telefônica com um amigo. Devido ao tom perturbado de minha voz, ele pensou que eu estivesse resfriado e passou a descrever os sintomas e efeitos dessa crença. Enquanto ele falava, eu orava profundamente. Senti-me grato, sabendo que meu estado pessoal e minha situação comercial estavam no caminho certo, prova da harmonia total da Vida. Então, pensei: “Qual é exatamente o problema?” Obviamente, em realidade, não era nada. Tivesse ele o nome de constipação, resfriado, ou o que quer que fosse, não existe, em verdade, contágio mental errôneo capaz de ditar estados mortais ao homem; não existe verdade na teoria da dor. Dentro de pouco tempo, o problema me deixou por completo. O erro no pensamento havia sido substituído por idéias espirituais puras e perfeitas oriundas da Mente divina. Novamente, eu havia sentido, mediante a oração, o poder do Amor supremo, infinito, e estava curado. Era véspera de Natal.
Durante anos eu desejara alcançar um sentido mais puro de Natal. Essas duas curas, naquele mês de dezembro, abriram-me os olhos para algo da verdade e do amor que constituem esse conceito. Que mudança! Da insatisfação para o pensamento espiritualizado e a paz real! Sou tão grato pelas verdades científicas ensinadas e demonstradas por Cristo Jesus e pela inspiração expressada por sua seguidora, a Sra. Eddy, dando assim a esta era as ferramentas necessárias para demonstrar que toda causa e todo efeito pertencem a Deus. Mediante o estudo da Bíblia e de Ciência e Saúde podemos demonstrar o que realmente somos — o homem de Deus, a imagem do Amor.
Wilton, New Hampshire, E.U.A.
