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Revivendo a arte de ouvir

Da edição de dezembro de 1982 dO Arauto da Ciência Cristã


Ouvir com compreensão espiritual é o resultado de um anseio humilde, de vigilância e inteligência investigadora. Esse tipo de escuta necessita cultivo diário. Não há nada de misterioso a seu respeito. Todos podem aprendê-lo e praticá-lo.

Certa vez, num de meus primeiros empregos, fui chamado por um dos funcionários superiores. Lembro-me de ter estado tão ansioso para provar que eu estava atento que, quando ele parou para pensar, declarei bruscamente: “Entendi!”

“Não você não entendeu,” disse ele, “porque ainda não terminei!”

Percebi minha necessidade de escutar mais atentamente, a fim de captar conceitos mais claros sobre o assunto em questão. Precisava perguntar-me: “Ouvi tanto quanto necessário para compreender?” Algum tempo depois, percebi que a compreensão e o discernimento verdadeiros têm sua origem em Deus, e não no cérebro.

O Mestre, Cristo Jesus, não só praticou o ouvir espiritual e interior ao ponto da perfeição, mas também o ensinou. A pedido dos discípulos, explicou a parábola do semeador, dando a entender, assim, que ouvir e não compreender era insuficiente para o discípulo. “Atentai no que ouvis” Marcos 4:24., disse-lhes mais tarde.

Enquanto era membro de uma igreja ortodoxa, devo ter começado a ouvir espiritualmente em certo grau, pois obedeci à intuição de parar em frente às Salas de Leitura da Ciência Cristã e de, finalmente, entrar e pedir informações. Logo descobri que era a sagrada verdade o que estivera procurando. Em conseqüência, também percebi que a verdadeira arte de ouvir é atividade espiritualmente impelida. Lembrei-me da sabedoria do Salmista: “De que maneira poderá o jovem guardar puro o seu caminho? observando-o segundo a tua palavra.” Salmos 119:9. E da Palavra do Senhor, conforme diz Isaías: “Inclinai os ouvidos, e ouvi a minha voz; atendei bem, e ouvi o meu discurso.” Isaías 28:23. Vim a compreender que a voz de Deus era a orientação inspirada espiritualmente, não audível materialmente mas discernida de forma clara por meio do uso redivivo do sentido espiritual — algo que todos temos.

A Ciência Cristã tem algo específico a dizer sobre o ouvir. Não há limites à disponibilidade de idéias corretas para nos guiar. São mais abundantes do que ondas de rádio e televisão que transportam uma infinidade de sons e imagens. Quer nos demos conta disso, quer não, o fato é que o cultivo da audição espiritual começa com o anseio humilde e fervoroso de ouvir aquilo que é o mais vital para cada um de nós. Esse anseio pode apresentar-se como o discernimento da beleza e do significado de boa música, ou como o respeito pelo esplendor da natureza e do universo visível. Qualquer que seja o objeto de nossa atenção, ouvir começa com o despertar da consciência de que há grandes e úteis significações para serem ouvidas. Mas a arte de escutar precisa ser elevada ao seu mais alto sentido, que é o reconhecimento, de fato, do bem espiritual.

Consideremos dois pontos vitais na arte de ouvir: silenciar o erro e substituir o erro pela verdade.

O esforço para silenciar o sentido egoísta eleva-nos à tão necessária vitória da Verdade em todas as nossas atividades. Em uma palestra realizada em Chicago, a Sra. Eddy disse: “A Ciência fala quando os sentidos estão calados e, então, a Verdade eterna triunfa.” Miscellaneous Writings, p. 100.

Até mesmo a mera audição humana fica frustrada com a crescente onda de sons confusos e redundâncias hipnóticas, em nossas cidades. Mas a distração física é insignificante comparada à perturbação sutil e mais traiçoeira das sugestões sedutoras que pretenderiam afastar-nos das idéias curativas da Alma.

O mundo, com seu torvelinho de irrelevâncias, pretenderia distrairnos, para sempre, da relevância e do valor de pensamentos e idéias imortais. O mundo não está interessado em conceitos divinos. Sua apatia os ignora. A Ciência Cristã, porém, nos habilita a ouvi-los, a fim de silenciarmos sugestões e tentações falsas. Assim, estamos equipados de forma excepcional para enfrentar os desafios sutis de um cerco de mentiras e meias-verdades — todas a reclamarem nossa atenção. Portanto, para ouvir o Espírito Santo falar, precisamos recuperar a calma interior que nos é dada por Deus, exatamente como João deve ter feito, quando exilado na ilha de Patmos.

Jesus ilustrou e demonstrou o valor inestimável das idéias espirituais. Essas tinham de ser discernidas ou ouvidas por meio do sentido espiritual. A Sra. Eddy escreve: “A metafísica reduz as coisas a pensamentos e substitui os objetos dos sentidos pelas idéias da Alma.” Ciência e Saúde, p. 269. Precisamos trocar o conceito humano ou mundano sobre nós pelo ideal espiritual. Desse modo, seguimos o Cristo, a Verdade, de forma consciente e total, mediante o nosso sentido da Alma, que é inseparável do verdadeiro ser.

Em nenhum instante precisamos ser ouvintes ignorantes, cedendo à crença de sermos incapazes de distinguir entre o refugo e aquilo que é valioso. Chegamos a perceber que a arte de ouvir espiritualmente envolve amar tanto o correto, que estamos constantemente à sua procura; bem como questionar e desmascarar o mal, a ponto de excluí-lo de nossa consciência. Em resumo, aprendemos a amar e aceitar o bem de forma tão completa, que se torna natural rejeitar tudo o que é odioso e está errado.

O processo oposto de procurar o que está errado e de silenciar os estímulos do bem é egotismo, que pode expressar-se como justificação própria, levando à ignomínia. Poucos, de fato, estão desejosos de seguir tal curso. A maioria quer ser salva dele. Ninguém precisa ser vítima da educação errada. É natural amar o certo e rejeitar seu oposto, o mal.

Jesus sabia que o perpétuo desejo de ouvir e obedecer à Verdade é sagrado. Em Hebreus, está dito a respeito dele: “Amaste a justiça e odiaste a iniqüidade; por isso Deus, o teu Deus, te ungiu com o óleo de alegria como a nenhum dos teus companheiros.” Hebreus 1:9.

Na proporção em que aprendermos a arte de ouvir espiritualmente, nós também seremos ungidos e abençoados. Passaremos a conhecernos melhor. Ao mesmo tempo, a verdadeira escuta provém de um maior conhecimento de si próprio, um melhor sentido de humildade e um conceito mais elevado de amor pelo ser real do homem.

Prezaremos nosso melhor uso do sentido espiritual. Desenvolveremos a nova arte e a habilidade de ouvir e perceber. Não mais seremos ouvintes ignorantes. Passaremos a ouvir nosso próprio e abafado pedido de ajuda, ainda que tenha estado soterrado sob uma avalanche de desejos errôneos.

Como podemos reavivar, da melhor maneira, a fome que tem o mundo de ouvir essas idéias que satisfazem, alegram e curam? Praticando melhor, nós mesmos, a arte de ouvir. Demonstrando que as múltiplas distrações de nosso ambiente não podem afastar-nos do “cicio tranqüilo e suave” do Cristo. Manteremos viva em nós a arte crística de ouvir, a fim de atender ao clamor inarticulado da necessidade humana.

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