Certo dia, ao meditar sobre a “Oração Diária” de autoria da Sra. Eddy, pedi a Deus que qualquer hipocrisia ou engano que houvesse em meu pensamento me fossem revelados. A resposta foi instantânea. Havia uma reunião de líderes mundiais naquele dia e fiquei chocado ao perceber que minha atitude com relação à maior parte das notícias mundiais era, com muita freqüência, de desdém, cinismo e escárnio.
Sentia quase que ódio pelos líderes de determinado grupo de pessoas e desprezava o curso de ação proposto pelos líderes de meu próprio país. Reconheci, de imediato, que esse modo de pensar não-cristão e hermético tinha de ser eliminado. Como é que eu deixara acumularem-se tais pensamentos enervantes e desgastantes?
Na “Oração Diária” a Sra. Eddy, que descobriu e fundou a Ciência Cristã, nos instrui a orar assim: “ ‘Venha o Teu reino’; estabeleça-se em mim o reino da Verdade, da Vida e do Amor divinos, eliminando de mim todo pecado; e que a Tua Palavra enriqueça as afeições de toda a humanidade, e a governe!” Manual de A Igreja Mãe, § 4° do art. 8°.
Aqui estava eu, orando para que se estabelecesse o reino de Deus e que Sua Palavra enriquecesse “as afeições de toda a humanidade”; no entanto, sempre que me sentava na frente da televisão, à noite, para assistir ao noticiário, enchia-me de uma tríade ímpia: desdém, cinismo e escárnio. Sem dúvida, minhas próprias afeições precisavam ser enriquecidas!
Comecei pelo desdém. Posso discordar de algumas das medidas tomadas para resolver os múltiplos problemas do mundo, mas simplesmente desdenhar as pessoas que com sinceridade estavam procurando soluções, certamente não ajudava a trazer a mudança necessária. Tampouco o cinismo com que eu encarava os esforços de outros contribuía para qualquer coisa, exceto para trazer desilusão e reduzir a esperança. Quando cheguei ao escárnio, percebi que estivera assentado “na roda dos escarnecedores” Salmos 1:1. e senti-me constrangido.
Como, porém, sairia eu dessa estagnação mental? Em primeiro lugar, precisava superar o choque causado pelo que estivera aceitando como o meu pensamento. Após, podia começar a inverter cada uma das atitudes refratárias que me haviam sido tão rapidamente apontadas, quando orei por autoconhecimento.
Aprendemos na Ciência Cristã que há apenas uma Mente única, Deus; que o homem, na Ciência, é a expressão da Mente; que o homem não possui mente separada de Deus. Nem há, na realidade, nenhuma mente que se lhe oponha. Percebi que precisava volver-me, com sinceridade e com o pensamento pronto para ouvir, à Mente que tudo sabe.
A falta de respeito, sem dúvida, não é expressão de Deus. Nem é o cinismo uma qualidade divina. Deus, que fez tudo, não pode ser cínico com relação à Sua própria e perfeita criação, nem o pode o Seu reflexo, o homem. Cinismo é uma espécie de fuga mental, uma saída fácil. Comecei a ponderar sobre a onisciência de Deus, Sua presença que tudo permeia e Seu poder incontestável.
Quando os discípulos pediram a Cristo Jesus que lhes ensinasse a orar, Jesus incluiu em sua resposta esta frase: “Faça-se a tua vontade, assim na terra como no céu.” Mateus 6:10. Não há aí cinismo, nem a atitude negligente de deixar o mundo se virar. Há apenas profunda humildade e a convicção de que Deus exerce sobre Seu universo governo infinito.
Escárnio vem a ser palavra feia e atitude horrível. É, muitas vezes, a conduta daqueles que têm a letra e não o espírito. O escárnio é farisaico e orgulhoso, característica atribuída, na Bíblia, àqueles apropriadamente descritos como os “que aprendem sempre e jamais podem chegar ao conhecimento da verdade” 2 Tim. 3:7..
Ao pensar no meu próprio estado mental, tive a impressão de ter quebrado quase todos os mandamentos do Decálogo. Se assim era, certamente minha resposta estaria em aceitar o duplo sumário que fez Cristo Jesus da lei divina dada por Moisés: amar Deus de todo o meu coração, de toda a minha alma, de todo o meu entendimento e de toda a minha força e amar o meu próximo como a mim mesmo. Ver Marcos 12:30, 31. Daí em diante, resolvi substituir o desdém por apoio em oração, o cinismo por compaixão e o escárnio pela valorização de todo o bem que eu pudesse vislumbrar.
Quando, no começo do século, a Rússia e o Japão estavam em guerra, a Sra. Eddy pediu aos Cientistas Cristãos que orassem diariamente por um acordo amigável. Antes, ela havia escrito numa mensagem ao jornal The Boston Globe: “O primeiro Mandamento do Decálogo hebraico — ‘Não terás outros deuses diante de mim’ — obedecido, é suficiente para fazer calar toda rivalidade. Deus é a Mente divina. Daí a conseqüência: Se todos os povos tivessem uma Mente só, a paz reinaria.” The First Church of Christ, Scientist, and Miscellany, p. 279.
Curar os males das nações e do mundo, requer empregar-se o mesmo método científico e cristão que o Cientista Cristão emprega para curar um homem doente ou pecador. Ele não encara o paciente com desrespeito, mas com compaixão e amor, vendo-o como de fato é, criado e governado por Deus, a única força criadora e a Mente do universo. Com a irrefutável conseqüência: ver a total nulidade de um poder oposto.
Ao orar pelo mundo, se formos sinceros ao dizer: “Venha o Teu reino”, amaremos então a Deus supremamente e a nosso próximo como a nós mesmos; poderemos afirmar com honestidade: “O Teu reino já veio; Tu estás sempre presente.” Ciência e Saúde, p. 16.
É esse conhecimento devoto o que virá a anular a ameaça da guerra nuclear, diminuir o medo e estabilizar um mundo caótico. É esse, portanto, o nosso ponto de vista cristão e científico a adotar quando assistimos ao noticiário.
